domingo, 19 de abril de 2009

cHOCANTE!

O disco tem toda uma temática de vida, boêmia e fossa, que é uma ligação minha com o Nelson Gonçalves, Lupicínio Rodrigues e Ataulfo Alves. Um dia ainda chamo o Nelson Gonçalves para cantar uma música com o Barão. Se isso chocar algum roqueiro, é sinal que ele precisa se libertar desse trauma.

*Cazuza sobre o álbum Maior Abandonado. Folha de São Paulo (08/09/84).

tOP 11: lOVE sONGS


Camisola do Dia

A Deusa da Minha Rua

Maria Bethânia

Fantoche

Castigo

Pensando Em Ti

Deixe Que Ela Se Vá

Três Apitos

Segredo

Destino

Dos Meus Braços Tu Não Sairá

fREE cLASSICS




sEM fRESCURAS

Fui produtor de discos durante muitos anos. Verifiquei que o produtor tem o dever de respeitar certas regras. Por exemplo: o cantor não deve gravar de manhã, porque a voz ainda não está limpa e as notas altas não são alcançadas com facilidade.

Vi também que cada cantor tem a sua mania no momento de gravação. Alguns pedem para apagar a luzes, outros tiram as roupas (a Simone, por exemplo, gravava nuinha em pelo).

Com Nelson Gonçalves, nada disso acontecia. Se o estúdio tivesse vago apenas às oito horas da manhã, ele cantava às oito. A única coisa que pedia era café. De resto, gravava vestido, com a luz acesa, sem problema nenhum.

Trazia apenas, para falar a verdade, um problema para o produtor: Nelson dava-me uma grande sensação de inutilidade. Eu, que adoro dirigir cantores, não tinha nada para dizer para Nelson Gonçalves.

Soltava a fita, ele colocava a voz e fim de papo. Tudo perfeito. Às vezes, somente para justificar o dinheiro que a gravadora me pagava, fazia uma observação desse tipo:

- Nelson, vamos gravar outra vez, porque você não botou sentimento em tal verso.

Ele voltava para o microfone, fazia a mesma coisa que fizera antes e eu, cinicamente, concluía:

- Agora, sim, a interpretação está correta.

Que cantor extraordinário é Nelson Gonçalves! E que figura humana maravilhosa! Se fosse norte-americano, já teria sido filme, show na Brodway, livro, o diabo. Nelson atravessou todos os acidentes que a vida e a carreira lhe proporcionaram com a voz incólume.

Aproveito, aliás, para revelar um dado da sua biografia que ele, certa vez, me confidenciou. O seu pai era um português malandro. Muito malandro, por sinal. Tão malandro que se fingia de cego, no Largo da Sé, em São paulo, para pedir dinheiro aos transeuntes.

Em cima de um caixote, um menino de cinco anos cantava para atrair a atenção do público, enquanto o pai passava o chapéu.

Aquele menino era Nelson Gonçalves.

Aliás, foi assim que inicou a sua carreira de cantor.

*Sérgio Cabral: jornalista e amigo de Nelson Gonçalves, no encarte do box set 50 Anos de Boemia.

o aMOR dOS fÃS*

"Nelson Gonçalves embalou minha adolescência. Como era nostálgico ouvir aquelas músicas românticas e sonhar e somente sonhar com o Amor deveras platônico. O sistema era rígido, namorar era sinônimo de casar. Loucura seria unir os trapos na adolescência. Nelson Gonçalves é o Rei da Voz. Ajudou muita gente a viver um pouco mais feliz ouvindo sua voz. Esteja com Deus". (Rosa)

"Nelson foi e sempre será o melhor cantor que o mundo já teve. Nós, brasileiros, temos que ter orgulho daquele que foi o melhor. Ele viverá em minha memória para sempre. Obrigado por ter feito multidões te aplaudir". (Rene Carezia)

"Aprendi a gostar de Nelson Gonçalves com minha mãe, que hoje tem 80 anos. Sem dúvida, dono da melhor voz que o Brasil já teve. Choro toda vez que escuto a música "Boêmia" (Nize).

"Realmente, este deixou muitas saudades...Era um grande cantor". (Alda)

"... em 1985 o Nelson fez um show em Itanhomi (MG) que tive a honra de assistir. Acabado o show, o cantor foi para um bar no centro da cidade e cantou com o povo - homem simples que era". (Mario Gibson)

"Recordo meus 18 anos curtindo o velho Nelson na casa do meu inesquecível amigo Juarez. Que Deus o tenha junto com o Nelson". (Joseldo Leopoldino Alagoas)

"Uma amiga minha falou que a mãe dela era fã de Nelson. Ele veio aqui ao Recife fazer uma apresentação. Ela, como fã, foi ao show e pediu gritando: "Nelson, canta 'Cabocla', canta 'Cabocla'! Nelson respondeu: 'No meu show eu canto o que eu quero!'. Ela ficou P da vida". (Carlos Santana)

"Sem dúvida o maior cantor que escutei e que recordo com muito carinho. Tenho muitos LP's seus. Acompanhei sua vida de sucesso, doença e recuperação. Senti muito sua partida. Mas sua obra é imortal. Obrigado, Nelson, por você ter feito parte integrante de minha vida. Saudades. (Armando)

"Por causa dos meus irmãos mais velhos, cresci ouvindo músicas do Nelson Gonçalves. Aos 14 anos, rompi minha timidez e pedi em namoro uma garota da minha rua, porque havia decorado trechos de uma música do Nelson. Que, infelizmente, não lembro o título da música nem o trecho. O certo mesmo é que a cantada vingou". (João Bezerra)

"Ufa!! Até que enfim alguém teve a feliz idéia de fazer uma matéria sobre aquele que, sem dúvida nenhuma, foi um dos maiores intérpretes da música popular brasileira. Quanto a falar que o brasileiro não tem memória, eu discordo: falo por mim e tenho a certeza que há milhares de brasileiros que não esqueceram o nosso grande Nelson Gonçalves! Parabéns pela matéria!!!" (Irani)

*Comentários deixados por emocionados fãs no site da Rolling Stone.

sábado, 18 de abril de 2009

tOP 11: 78 rPM


Brinquei com o amor

Estudante

Italiana

Telefonista

Odalisca

Valsa do Amor

Fume um cigarro (com Linda Batista)

Samba-canção

Se eu pudesse um dia

Entrevista no Rádio

Cinzas de Amor

oNZE aNOS sEM o cANTOR dO bRASIL


POR CRISTIANO BASTOS

Nelson Gonçalves tinha medo de ser esquecido, mas sobrevive na memória de velhos e jovens admiradores; confira galeria e trecho inédito do livro de Marilene Gonçalves, filha do músico

Nelson Gonçalves era um homem sem medo. Fazia questão de proclamar seu desassombro - mas tinha, claro, suas preocupações. E um pensamento que o afligia era o de cair no esquecimento. O gago boxeador que esmurrou o destino e se tornou um dos maiores cantores do Brasil transformou esta melancolia em uma dessas frases que entram para a história:

"O Brasil é um país sem memória", cuspiu Nelson. "Alguém se lembra de Francisco Alves?."

Neste 18 de abril, o Brasil completa 11 anos sem um de seus maiores artistas: Nelson Gonçalves. Até hoje, depois de Roberto Carlos, o cantor que mais vendeu discos: 78 milhões de cópias. Em sua trajetória fonográfica, gravou mais de duas mil canções.

Cantor e compositor, foi também jornaleiro, mecânico, polidor, tamanqueiro, engraxate, garçom e boxeador. Viveu a glória de ser coroado Rei do Rádio e o inferno do vício da cocaína. Apaixonado e lutador, tornou-se um dos personagens mais ricos da história do País. Porém, atualmente, anda um tanto relegado pela "inteligência nacional".

Não era sem motivo, portanto, a amargura antecipada que Nelson sentia quando anunciou sua vontade: "Quero ser cremado. Uma semana depois de morto, estarão fazendo xixi sobre a minha tumba". Onze anos se passaram desde que o destemido boêmio morreu, aos 78 anos de idade, vítima de um fulminante ataque cardíaco. Felizmente, contudo, a data não passará em branco.

Lançamentos à altura de Nelson vão presentear seus fãs, velhos e novos, com o talento daquela que, provavelmente, foi a maior voz que já cantou no Brasil. Em Eternamente Nelson - Especial e Registros Raros da Carreira de Nelson Gonçalves, show captado e exibido pela Rede Globo em 1981, a Sony/BMG reavivou som e imagem do espetáculo que marcou quatro décadas de carreira do valentão.

A major anunciou o lançamento do DVD para o início deste ano, mas até agora, nada.

Em Eternamente Nelson, o aveludado vozeirão emenda um pout-pourri de grandes clássicos: "Normalista", "Maria Bethânia", "A Volta do Boêmio" e "Saudade", de Lupicínio Rodrigues, samba-canção interpretado por ele com lirismo e entrega sentimental absoluta.

Beirando os 60 anos, Nelson ainda cantava de maneira soberba - a voz, no auge da força e do vigor. No show, com participações especiais do compositor Evaldo Gouvêa e do xará Nelson Cavaquinho, Nelson também canta a belísisma "Nem às Paredes Confesso" (numa versão fado), e as másculas "Carlos Gardel" e "Negue". Em ambas, sua admirável extensão vocálica se faz a toda prova.

A edição de Eternamente é histórica. Não apenas por se tratar de seu primeiro (e diga-se, muito atrasado) registro audiovisual lançado no mercado, mas por também juntar extras incríveis. Os mais reveladores são os que não escondem detalhes sobre sua "célebre" fase junkie:

"Em casa, eu tinha guardado um quilo de pó", Gonçalves revela de forma drástica. Musicalmente, o material recupera duetos gravados com artistas como Martinho da Vila, Alcione e Tim Maia, nos anos 1980, muitos no extinto programa televisivo Globo de Ouro.

A gravadora também vai relançar o debut do cantor em LP (long-play), Nelson Interpreta Noel, de 1954 (confira galeria com a discografia essencial do cantor). A novidade principal, contudo, deve ser O Canto Que Me Embalou - Poemas para Meu Pai, Nelson Gonçalves, livro da filha Marilene Gonçalves, a primogênita, que deve atrair grande número de admiradores interessados na face humana do ídolo (clique aqui para ler um trecho).

O livro deve chegar ao mercado até o final deste semestre; Marilene também prepara uma peça de teatro baseada na obra, que pretende estrear no Rio de Janeiro.

Há cerca de um ano, a boemia de São Paulo ganhou uma casa noturna com o nome do cantor. A empresária Lilian Gonçalves criou o "Bar do Nelson - o Bar do Boêmio", todo ambientado em homenagem à vida do cantor.

A casa serve os drinks prediletos do Metralha, como "A Volta do Boêmio" (suco de abacaxi, vodka, curaçau blue e leite condensado).

Coisas de Nelson

Para Lobão, fiel amigo de Nelson, o Rei do Rádio deveria ter sido o "milionário da canção no Brasil", como Elvis e Sinatra: "Na (gravadora) RCA, ele escarrava no tapete talagões enormes, depois dizia: 'Posso cuspir nesta porra à vontade. Fui eu mesmo que paguei por isto'.

O roqueiro retrata uma história que ilustra bem a personalidade do cantor - afável com os amigos e punk quando achava que tinha de ser.

"Dia desses fui a São Paulo e, coincidentemente, peguei o mesmo chofer que conhecia Nelson Gonçalves e o tinha transportado algumas vezes. Ele me contou que, certa vez, já de saco cheio, a caminho de um show, o Metralha perguntou: 'Eu quero saber a quantos quilômetros fica o local do show'. O motorista respondeu: 'Fica a 200 km, Seu Nelson". E ele: 'Você jura que são 200 km mesmo?!'. O motorista: 'Sim, claro'."

Seguiram viagem batendo papo - Nelson no papel de copiloto. No meio da estrada, entre vales e montanhas, de repente ele disparou: "Pára, pára, pára!". No meio do nada, abismado, o cara só consegiu falar: "Mas por que, Seu Nelson?". Ele respondeu: "Eu estava contando o velocímetro. Aqui são 200 quilômetros. É aqui que vou cantar. Não vou mais a lugar nenhum". Abriu a porta e começou: "Boemia...".

*No site da Rolling Stone

fREE cLASSICS*





*Nelson Gonçalves de prosa com Chico Anísio. Anos 90. As demais fotos são na casa paulistana Bar do Nelson - o Bar do Boêmio. Apresentando: o drink "A Volta do Boêmio" (suco de abacaxi, vodka, curaçau blue e leite condensado). E os pratos: "Picadinho do Boêmio Tradicional" (cubos de filé mignon, arroz branco, milho sauté, couve, tutu de feijão, farofa, banana à milanesa e ovo pochê) e o "Fettuccine Vinil". A decoração do bar é toda dedicada à grandiosa fonografia do Metralha - o baluarte que cantou e gravou seis décadas a fio. O record permanece intacto.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

uDRIGRUDI




*Os desenhos "Ave Sangria sobre o Recife", "Cosmic Satwa" e "Marconi Notaro" levam assinatura de Lailson de Holanda, um dos personagens principais do chamado "udigrudi recifense".

E também doc Nas Paredes da Pedra Encantada, sobre o dsico Paêbirú.

Muito em breve, mais da arte de Lailson por aqui.



terça-feira, 14 de abril de 2009

oS cASCAVELLETES 1*

Alexandre Barea: "A idéia de sabotarmos o show da Graforréia foi a seguinte: eu e o Flavio Basso encarávamos o Cascavelletes como se fosse uma banda fechada, um negócio bem delinqüente, um grupo que aprontava todas o dia inteiro..."

Flavio Basso: "Eu era realmente doentio com essa coisa de beatlemania..."

Nei Van Soria: "Nós achávamos que ninguém da banda podia tocar com outras pessoas ou em outras bandas. Eu e o Flavio cumpriamos isso à risca, o Barea também. O Frank não."

Alexandre Barea: "Uma hora antes do começo do show no ocidente, eu e o Flavio compramos uma garrafa de Velho Barreiro e fizemos uma caipirinha gigante..."

Frank Jorge: "Aconteceu que eles chegaram bêbados, gritando algumas coisas. Só que estavam tão bêbados que não conseguiram tornar plena a sabotagem."

Alexandre Ograndi: "Tinha muita gente: do lado de fora, pendurada nas árvores. A gente não sabia que os dois tinham ido no show para nos sabotar."

Flavio Basso: "Moral da historia: depois que chegamos, o Barea, no segundo ou terceiro número, se retirou porque estava passando muito mal. Antes tivesse acontecido comigo! Caí sobre as coisas, as pessoas também caindo. Uma coisa inclusive um tanto arriscada para a saúde. Mas tudo acabou bem..."

*O recorte da época (final dos anos 80), nos depoimentos dos músicos que passaram por bandas como TNT e Graforréia Xilarmônica - entre outras -, ilustra a 'rivalidade' entre as bandas.

Numa de suas formações, os "desmilingüidos" Cascavelletes. Da esquerda para direita: Flavio Basso, Ney Van Soria, Frank Jorge e Alexandre Barea.

Já esses fonogramas, são de uma gravação que também rolou no Bar Ocidente, em Porto Alegre. Não no mesmo dia, mas no mesmo "estado alcóolico"...

Ugagogobabagô


Morte por Tesão



Estou amando uma mulher

segunda-feira, 13 de abril de 2009

é tARANATIRIÇA!


Marcelo Birck: Uma das coisas com mais atitude que vi o Miranda fazer num show, foi comer bolacha e devolvê-las pro público cuspindo! Aquilo me chocou de verdade. E era, no mínimo, engraçado. Outra coisa importante foi ter usado, pela primeira vez em Porto Alegre, um teclado programado - num show do Taranatiriça.

*Depoimento do músico e compositor Marcelo Birck - membro honorário da Graforréia Xilarmônica - retirado de Gauleses Irredutíveis (Editora Sagra Luzzatto, 2001, 253 págs) - livro que escrevi em parceria com os colegas Alisson Avila e Eduardo Müller.

Gauleses foi um grande trabalho de apuração jornalística. Resultado de entrevistas com 167 músicos, jornalistas e produtores culturais. Nos moldes de um "Please Kill Me gaudério, enfoca 40 anos de história da música jóvem no Rio Grande do Sul.

A obra traz mais de 84 registros fotográficos reveladores. Como este daí do post.

Na foto, Birck (com o pirulito no pescoço) numa das formações da Aristóteles de Ananias Jr. Está ao lado de Luciano Zanatta, Diego Silveira e Pedro Porto (ex-Ultramen).

Sua mais nova empreitada é o Coletivo Concerto Grosso, que tem o internacional Tony da Gatorra como um dos enfileirados.

A foto foi recapturada pelo amigo Cristiano Bacellar, que no seu PC ainda guarda parte do arquivo de imagens
- cujo paradeiro andava perdido - que alegram a parte final do volume.

Por MSN, o Birck em pessoa comentou o velho retrato:

"Essa foto foi feita em uma sessão para a coletânea Segunda Sem Ley. O visual desta época adiantou muita coisa (inclusive os Mamonas Assassinas, por mais paradoxal que possa parecer). Na verdade, era uma estratégia que facilitava consideravelmente o contato do público com a estética musical que praticávamos".

Fica de olho, que vou postar novas fotos e causos extraídos direto do Gauleses. Se possível, acompanhados de comentários dos personagens.

No final do post, banquetei-se no "Canibalismo Odara" da Aristoteles de Ananis Jr.

E já que o Birck falou do "Tara"...


Roquinho


Fazê um Bolo


Taranatiriça


sábado, 11 de abril de 2009

a fELIPETAGEM dOS wALVERDES

Os Walverdes juntaram no Flickr, flyers (chamados também "felipetas") de shows realizados em 15 anos de fundação do power trio. Muitas apresentações no velho, sujo e saudoso Garagem Hermética da Barros Cassal, em Porto Alegre.

E também bibocas, como o Curupira Rock Clube, em Guaramirim (SC) e outros picos.

O guitarrista/publicitário Gustavo "Mini" Bittencourt bateu um papo sobre a arte dos flyers, a inspiração na hora de fazê-los e deu pistas do que virá por aí no disco novo.

No site da Trama Virtual dá pra baixar todas as demo tapes da banda. Depois assista eles tocando a ótima "Spray", ao lado do guitarrista e produtor Julio Porto - que atende também pela alcunha de "O nego branco".

Relembre uma das velhas antes: "Claudia Liz".



Walverdes é uma banda com vários anos de existência. Dá pra explicar uma evolução através desses flyers? Eles contam uma história?

Mini - Acho que dá pra contar uma história interessante, porque nós nascemos na era analógica, com fitas cassete, fanzines e cartazes de xerox, e passamos depois pra era digital, com mp3, myspace, blog e fotolog. Tem material das duas épocas ali e nos dois formatos tem coisas bastante interessantes. A idéia não era contar história, mas simplesmente expôr o que achássemos mais legal pra não ficar empoeirado em caixas e pastas em casa.

Qual a inspiração na hora de fazê-los? Punk?

Mini - Os primeiros cartazes éramos nós ou nossos amigos que fazíamos, então era algo bem punk e rudimentar. Tem uns flyers ali do Diego Medina, começando ainda como designer e ilustrador, tudo feito direto na mão. Hoje, a maior parte dos cartezes é feito por designers ou gente com boas noção de design e ilustração. É outro nível. A inspiração vai de quem está fazendo o material.

O que a banda tá armando de novo pro seu público?

Mini - Acabou de ser masterizado nosso disco novo, com nove músicas produzidas pelo Julio Porto (ex-Ultramen), que ajudou a fechar o som do disco e tem tocado com a gente na maior parte dos shows. Já que colocou umas guitarras massa que eu não sei fazer!

tOSQUERAGEM iMPRESSA






sexta-feira, 10 de abril de 2009

mAR aBERTO*

Alceu Valença, o bardo de São Bento do Una, se define nos seu 35 anos de carreira: "Sou um artista plural". De fato, timbres plurais - desta vez litorâneos - marcam Ciranda Mourisca, seu novo álbum, o primeiro do pernambucano que sai pela Biscoito Fino.

Os "sons marítimos", contudo, já se ouviam desde o primeiro disco, especialmente em canções como "Planetário", em parceria com Geraldo Azevedo: "A diferença é que agora, porém, neste disco tudo foi elaborado conscientemente", ele explica.

A idéia de Ciranda Mourisca, na verdade, nasceu de "Ciranda da Rosa Vermelha", composição de Alceu que Elba Ramalho transformou em hit. A canção seguia, até então, inédita na intepretação do criador.

No disco, ela ganhou nova versão junto com outras pinçadas na discografia. No repertório, Alceu optou escolher entre aquelas que "não foram parar em rádios ou coletâneas".

"As flores voam e voltam noutra estação", ele canta em "Pétalas", cuja a original é de Maracatu, Batuques e Ladeiras, disco de 1994. Durante a pesquisa de Ciranda Mourisca, Alceu conta que descobriu uma porção de músicas que, à época do lançamento, haviam passado despercebidas.

Caso de "Dia Branco", "Molhado de suor", "Mensageira dos anjos" e "Dente de Oriente". Todas de Molhado de suor – até hoje, uma de suas melhores criações. Aliás, ele compara o novo rebento exatamente com o disco de 35 anos atrás: "Como Molhado de Suor, Ciranda Mourisca é um disco de timbres".

Não por acaso, foi junto ao mar que Alceu foi eternamente fisgado pela música: "Em mim, ela já estava presente na figura de Luiz Gonzaga, que tocava nos auto-falantes de São Bento. Lá eu escutava os cantadores. Entretanto, quando visitei Olinda pela primeira vez ouvi, por exemplo, os cantos mediterrâneos e medievais dos mosteiros. Fiquei deslumbradíssimo ao ver o mar! Neste momento, tive um 'debruçar poético sobre o mundo'", confessa.

No século 16, quando portugueses e espanhóis desembarcaram em Olinda, as nações colonizadoras ainda absorviam efeitos da Invasão Moura, que se perpetuou por três séculos e fundiu a cultura árabe com a Ibérica. Por via marítima, a herança veio estabelecer-se no nordeste.

Sobretudo no sertão: "São os sons característicos das rabecas, das violas e dos aboios", pontua o pernambucano. Já no litoral, se estabeleceram os chamados cirandeiros. Nos anos 60, conta Alceu, ele frequentava a Ilha de Itamaracá, onde conheceu os grandes mestres cirandeiros.

E, para quem não sabe, Alceu Valença também é ator (em 1974 estrelou A noite do Espantalho, filme de Sérgio Ricardo). Agora ele se prepara para estrear como diretor, no longa-metragem Cordel Virtual ou O Mistério da Luneta do Tempo.

Segundo o plural Alceu, será uma "ópera popular": "Quando não estiver sendo cantado, o filme estará sendo narrado em versos", abre o jogo.

Molhado de Suor


*Leia essa matéria na última edição da Rolling Stone, nas bancas.

iMPERIALISMO








quinta-feira, 9 de abril de 2009

iMPÉRIO dA là aPRESENTA: zIGGY sTARDUST*

Após iniciar os trabalhos de 2009 abrindo as portas do Reino Unido, o projeto "Império da Lã apresenta: Classic Albums" prestigia o único súdito da Rainha que convenceu todo mundo de que não era desse planeta.

Estamos falando do início dos anos 70; do glam rock; da corrida espacial; da boa e velha swingin' london; e naturalmente de David Bowie e sua mais famosa persona - o homem que caiu na Terra - Ziggy Stardust.

Resolvemos (depois de muita peleia) executar o álbum Ziggy Stardust – O Filme, por representar a ascensão do Sr. Jones, homenagear outras bandas definitivas da época como Rolling Stones e Velvet Underground.

E, finalmente, pra podermos "tocar no volume máximo" Space Oddity, Changes, All the Young Dudes, além das clássicas do disco de estúdio Ziggy Stardust, Moonage Daydream e Rock and Roll Suicide.

Vai ser no Porão do Beco, na próxima Quinta-Feira, 09/04, a partir das 23h, com abertura da banda Sinuca de Bico.

Lembrando que essa noite sempre é de fã pra fã, o Império da Lã que subirá ao palco para homenagear e tocar na íntegra o Ziggy Stardust – The Motion Picture contará com:

Carlinhos Carneiro (Bidê ou Balde), Chico Bretanha (Groove James), Pedro Petracco (Cartolas), Jojô Lala (Volantes), Guri Assis Brasil e Guilherme Almeida (Pública), Gustavo Foppa (Valentinos), Yog Mars (London Calling), Daniel (The Polainas) e Dani Hyde (Róque Town) engordando o time vocal, Gilberto Ribeiro (Sinuca de Bico) nos teclados e Rodrigo Siervo (Camerata Brasileira) no sax.

Mais eventuais participações especiais e o público da festa, que não nos deixará errar as letras.






*Palavras de Dani Hyde (uma "amazona imperial" que recebe o selo de garantia de Carneiro - o "imperador da lã"). Tenho certeza que vai ser muito rock. Quando adolescente eu e uns velhos amigos mantínhamos um ritual periódico com Ziggy Stardust: encher a cara de conhaque (chinelo) e - completamente entortados frente ao televisor - derreter vendo esse filme. Uma viagem mística. Sem o papo de Clapton: Mick Ronson é que foi Deus.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

o hIPERESPETÁCULO*



"E sem dúvida o nosso tempo... prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser... O que é sagrado para ele, não é senão a ilusão, mas o que é profano é a verdade. Melhor, o sagrado cresce a seus olhos à medida que decresce a verdade e que a ilusão aumenta, de modo que para ele o cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado"

(Ludwig Feuerbach, prefácio da segunda edição de A Essência do Cristianismo)

Considerações como essa, que o filósofo alemão Ludwig Feuerbach (1804/1872) postulou em A Essência do Cristianismo, sua obra definitiva, custaram-lhe carreira acadêmica e o condenaram ao ostracismo pelo resto da vida.

A inteligência de Feuerbach amargou a vitória do ilusionismo, mas acabou provando quão perigosas podem ser as tentativas de desvendar noções coletivas consagradas pela sociedade.

Todavia, cerca de século e meio depois, as ponderações de Feuerbach ainda são lúcidas para explicar, no mínimo, a ilusão mágica exercida pelos reality-shows sobre rebanhos de milhões de telespectadores.

No Brasil, eles se acomodam frente ao televisor para "decidir" sobre o futuro dos participantes do programa Big Brother.

Como o catolicismo e o futebol, duas heranças estrangeiras, o Big Brother, cuja franquia pertence à empresa holandesa Endemol, só vingou mesmo - de verdade - no Brasil. Por essas plagas, alimentar a ilusão aparecer na Rede Globo em horário nobre é aspiração além de unânime.

Istoé, de acordo com postulação de Feuerbach, sagrada.

Se fosse organizada uma temporada de plebiscitos, mediados pela TV, tendo o objetivo determinar o destino do dinheiro público, por exemplo, aposto que o mesmo envolvimento dos telespectadores não haveria.

No entanto, quando o tema é um entretenimento em massa, como o final da telenovela, todo mundo tem a sua opinião. Detalhe: os telespectadores ligam (e pagam) para a emissora para participar dos "paredões" do programa.

Cidadania é o que não importa; alienação vouyerística, sim, é o que há.

Vivo, nem um pouco abismado o teórico Guy Debord teria presenciado, nos reality-shows, a materialização de suas previsões apontadas em A Sociedade do Espetáculo (Editora Contraponto, 1997), obra editada em 1967.

Segundo Debord, o espetáculo apresenta-se como algo grandioso, positivo, indiscutível e... inacessível. Debord chamou o espetáculo de "o sonho da sociedade", que nele encontra sua vontade de fugir da realidade e se entregar à ilusão:

"A alienação do espectador mediante o objeto de contemplação, resultado de sua atividade inconsciente, exprime-se assim: quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens, menos ele compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo. A exterioridade do espetáculo em relação ao homem que age aparece nisto, os seus próprios gestos já não são seus, mas de um outro que se apresenta".

Ironia maior é que a mídia, a qual por toda vida ignorou Debord, promoveu -lhe quando morreu: o "espetáculo na Sociedade do Espetáculo". A televisão exibiu o documentário Guy Debord, Sua Arte e Seu Tempo e o filme debordiano A Sociedade do Espetáculo.

Jornais deram primeira página ao óbito. Seu suicídio estampado na manchete:

"Morre um dos grandes pensadores do século 20".

Hiperespetáculo − Na opinião do sociólogo e jornalista Juremir Machado da Silva, Debord é um homem do século passado. O espetáculo debordiano, para Juremir, é findado.

Já vivemos outra era − "O hiperespetáculo".

O espetáculo, elucida Juremir, no texto Depois do Espetáculo (Reflexões sobre a Tese 4 de Guy Debord), tratava-se de um fenômeno ligado à contemplação.

O hiperespetáculo é a "contemplação de si mesmo num outro":

"No espetáculo, cada indivíduo abdicava do seu papel de protagonista para tornar-se espectador. Mas era uma contemplação do outro, um outro idealizado, a estrela, a vedete, os 'olimpianos'. Um outro radicalmente diferente e inalcançável, cuja fama era ou deveria ser a expressão de uma realização extraordinária. No espetáculo, o contemplador aceitava viver por procuração. Delegava aos 'superiores' a vivência de emoções e de sentimentos que se julgava incapaz de atingir. No hiperespetáculo, a contemplação continua. Mas é uma contemplação de si mesmo num outro, em princípio, plenamente alcançável, semelhante ou igual ao contemplador. (...) O outro é 'eu' que deu certo graças às circunstâncias. O preço da fama parece estar ao alcance de qualquer um".

E o escritor George Orwell: que pensaria ao ver a expressão Big Brother furtada do livro 1984?

O que diria dos reality-shows?

Foi mais ou menos essa a pergunta feita ao apresentador Pedro Bial em entrevista à Revista Trip. O jornalista não deixa de tirar uma onda do povo que assiste o programa. A maior parte nunca ouviu falar de 1984 e, se o lesse, talvez saberia que o tal Grande Irmão é um vilão de primeira.

Bial pode se prestar ao papel de jornalista-animador de TV, mas não é nenhum idiota.

Tegiversou diplomaticamente:

"Acho que ele ia ficar meio possesso com a apropriação do título. Depois, inteligente como era, ia falar: 'Puxa, o danado do capitalismo conseguiu subverter até isso!'. Até o que era sinônimo de totalitarismo e controle absoluto do cidadão vira programa de entretenimento. No Brasil é mais engraçado ainda porque o povo não sabe a origem da expressão. Acham que o 'brother' é de irmão, amigo [risos]".

Sombrio é confundir 1984 com entretenimento, quando a obra é puramente sobre totalitarismo. De qualquer forma, a analogia do BBB com o mundo profetizado por Orwell, de fato, existe. A única liberdade no Big Brother é a liberdade vigiada e contratualmente monitorada. Que um dos participantes ouse falar mal do funcionamento do programa ou do governo que o rege (a Globo)...

A punição seria a pior imaginável para um participante: defenestração pública em rede nacional e a saída do programa transmitida para todos os lares. Com direito a lição de moral do Bial.

Nesse ponto, o Big Brother é muito semelhante ao livro que o inspira: o controle absoluto pelos olhos que tudo vêem, sabem e controlam. Medo, sentimentos de inquietação, castração sexual e liberdade − mas só até certo ponto.

Em outras palavras, uma forma de "escravidão" que pode ser muito bem remunerada. Ou não. A maioria esmagadora sai de lá com as mãos abanando...

E as analogias vão muito mais além. Tal qual a obra de Orwell, no programa Big Brother as classes são bem delineadas. Alguma punjança aos líderes e, para os demais, invariavelmente obediência, medo & solidão.

O público, olho tentacular do Big Brother, analisa as personalidade, faz os julgamentos e dá o seu veredito.

E não há chance para se redimir. Se o jogador causar má impressão ao sair da casa, assim será para toda a sociedade - a brasileira, essa que legitima muitos dos seus valores com um controle remoto em punho na TV aberta.

Do ponto de vista sociológico, o mais intrigante é que os "brotheres" mostram-se extremamente felizes na condição de confinados. Exultantes, lágrimas rolam lépidas e inconseqüentes.

Nem o "santo nome de Deus" tem descanso.

É dito em vão pelos participantes, agradecendo estarem ali engaiolados ou suplicando à sensibilidade superior para que se dêem bem no jogo. Logo Deus, que já tem o Big Brother Mundo pra vigiar...

Além de guerras, fome, violência e corrupção no Brasil.

Apesar de tudo, o fetiche é grande. Tanto por parte dos participantes quanto do público. Até as formas mais suaves de pornografia são beneficiadas pelo BBB.

É a lógica de funcionamento do programa, que prevê destino editorial certo às saradas e aos sarados do programa no observatório erótico das revistas.

Todos, sem sombra de dúvida, bombados e musculosos. Pedaços de carne bem cotados no mercado.

Autencidade premiada − O BBB é o território no qual a dissimulação vem fantasiada de "autenticidade", palavra-chave no glossário dos reality-shows.

Certa vez, uma pessoa que conheci me revelou que torcia por fulano de tal na edição passada do programa.

Para confesso telespectador do Big Brother, que era, nada de anormal se identificar com algum participante do jogo. Mas, ao me dizer isso fiquei curioso em saber porque torcia por aquele ser huamo:

"Porque ele é autêntico", respondeu. Como se tivesse aprendido a palavra "autêntico" vendo televisão.

A grande questão, era saber se ela torcia pelo candidato porque o Brasil inteiro fazia o mesmo − e, então, este é um jogo de cartas marcadas em que o ganhador é definido antes do final.

Ou, simplesmente, porque o jogador seria realmente "autêntico". Autêntico até o ponto permitido pela liberdade do programa.

Pelo que sei, autenticidade tem a ver exclusivamente com liberdade. Sobretudo, liberdade de expressão e de pensamento.

Porém, como se pode ter autencidade ao participar de um programa que limita a liberdade de seus jogadores num código de conduta que nem de longe pode ameaçar interesses da empresa que o produz?

Autenticidade só seria possível se houvesse a mínima chance de crítica contra o stablishment do programa. Como não há, qualquer tentativa de ser autêntico, portanto, é meramente simulada.

É como achar que existe "liberdade" escrevendo num jornal.

A liberdade só vai até onde... Aquele papo.

A noção de autenticidade também dilui-se edição-pós-edição do BBB. Confinamento-pós- confinamento, fica visível que os jogadores partilham da mesma linguagem padrão.

Por já terem sido espectadores dos números anteriores, eles estão cada vez mais profissionais na construção de uma autenticidade auto-elaborada e na criação, com a palavra final da edição, de "kits-de-perfis-padão" identitários.

Edição após edição, "espie": a ritualização é sempre a mesma − dos gestuais ensaiados aos modelitos de banho, do exibicionismo fashion aos cortes de cabelo "da hora", do sentimentalismo que se apodera de todos as "amizades verdadeiras", da troca generosa de elogios à sinceridade fingida.

Até a franqueza é fingida. Na casa do Big Brother todo mundo age segundo a mesma cartilha dissimulatória e, nos lares, os telespectadores dizem "Amém".

No Brasil, a usina do entretrenimento barato avança a todo o vapor. O número de pessoas que aspira a um posto de popstar, para gozar de um minutos de fama televisiva, é muito maior do que se imaginava.

Mérito dos reality-shows, que retroalimentam o sonho daqueles que não possuem talento para estrelar no restritivo universo artístico. A oitava edição do Big Brother Brasil foi um record, superando os 200 mil inscritos.

Nos Estados Unidos, a lógica dos reality shows com "pessoas comuns" foi por água abaixo e não chama mais atenção do grande público. Por lá, o lance é explorar aspectos ainda mais bizarros da condição humana.

A nova aposta da televisão norte-americana é manter sob vigilância celebridades decadentes em uma clínica de reabilitação para drogados e alcóolatras. É o Celebrity Rehab With Dr. Drew, que estreou nos EUA essa semana.

O desafio é largar o vício e ficar sóbrio em rede nacional. O programa começa mostrando os participantes no pleno exercício de seu vício, antes de ir para clínica. Um deles é a atriz Brigitte Nielsen (ex-senhora Silvester Stalone), que mamou uma garrafa de vodca no gut-gut antes de entrar na casa.

Outro é o ator Jeff Conaway (da sitcom Taxi, dos anos 70), que está tão emboletado por ter ingerido uma mistura de álcool e comprimidos que sua fala precisa ser traduzida com legendas ao telespectador.

Só estão esperando Amy Winehouse parar de vender discos pra mandá-la ao Celebrity Rehab.

Ratos de laboratório − Sabe como nasceu a idéia do Big Brother? Tudo começou quando o empresário John Demol, lendo um artigo na revista Biosphère, teve a idéia de filmar dia e noite cobaias humanas em condições similares a dos ratos de laboratório.

Batizado de Big Brother, o conceito virou show televisivo em setembro de 1999, atraindo 55 % da audiência. Após sua explosão na Holanda, o televisivo foi transmitido a 27 países. Hoje, Demol produz em sua empresa, a Endemol, cerca de 300 programas para o mundo inteiro.

Relendo o velho Guy Debord, o esperto John descobriu o grande trunfo teórico que viabilizou a criação de sua espetacular jogada:

"Quem fica sempre olhando, para saber o que vem depois, nunca age: assim deve ser o bom espectador".

Os objetivos comerciais do empresário, também espelharam-se em outra justificativa refletida em Debord:

"O espetáculo é o capital elevado a um tal grau de acumulação que se torna imagem".

No caso do Big Brother Brasil, botar sua imagem à venda vale concorrer a R$ 1 milhão.

Mas não é garantido que você vai ganhar.

Mesmo assim: vai encarar?



Big Bother - David Bowie


*Escrito na edição passada do Big Brother. Mas a pergunta é a mesma: "Porque eu ainda me presto?!"

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