"Vocês podem dizer: 'Ok, David Lynch é maluco. Então eu digo: porque não experimentar!?'". É assim que o realizador de Twin Peaks chama a atenção das pessoas sobre a sua militância pela meditação transcendental. Lynch define-se como engajado praticante há mais de três décadas.
Para o cineasta, a meditação conduz à felicidade universal: "Um oceano de consciência sem limites - eterno, profundo", comparou.
No último domingo, 18, o diretor norte-americano David Lynch esteve em Estoril (Portugal) para receber o Prêmio de Carreira do European Film Festival, onde foi saudado com uma completa retrospectiva da sua carreira cinematográfica. Lynch deu ensinamentos de meditação transcendental à imprensa e chegou mesmo a criar uma típica "atmosfera lynchiana". A começar pela sua masterclass de produção: A Arte, a Vida e a Meditação Transcendental.
Meditação transcendental não é religião, deixou bem claro: "É uma técnica meditativa que abre as portas que nos levam ao mais profundo dos estados da consciência", disse o cineasta. E lembrou a todos com a estranha sabedoria que lhe é peculiar: "Estamos na superfície da vida. Todos temos consciência, mas nem todos em um mesmo nível".
Lynch acredita que a prática da meditação transcedental (que ele descreveu como uma "claridade doce e elétrica que traz ondas de felicidade") leva à paz real. Aos atores, recomendou a meditação como ferramenta de busca de criatividade, felicidade e disponibilidade. E para afastar a negatividade – o pior dos venenos, expressou o cineasta.
Sobre os seus filmes, falou que as idéias sempre surgem em fragmentos e brincou que, depois de descobrir o paraíso das câmaras digitais, durante sua última produção, Inland Empire (2006), ficaria doente se fosse obrigado a rodar outro filme em celulóide. Lembrou que cinema não é só intelectualidade: "Boa parte deve ser intuição", defendeu.
Há dois anos, David Lynch organizou uma fundação para financiar pesquisas sobre os efeitos positivos da meditação transcendental (ouça aqui a entrevista que ele deu para a World Radio sobre o assunto). Um dos planos mais ambiciosos é a construção do complexo "Palácios da Paz", cujo projeto inclui a edificação de sete centros inteiramente voltados à disseminação de técnicas avançadas da disciplina. Antes de seguir ao aeroporto, Lynch hasteou civicamente uma "bandeira da invencibilidade da meditação trancendental" ao som do Hino Nacional de Portugal. Nada menos estranho e mais apropriado.