sábado, 29 de março de 2008

lEVITAR & sUBVERTER*

O jugalmento dos "Sete de Chicago" encerrou o paz-e-amor hippie em tom de revolta, política & raiva artística

POR CRISTIANO BASTOS
A data de 11 de maio de 1972 deveria ingressar na história como "O dia em que a juventude derrotou o poder".
Nesse dia, no julgamento da Conspiração de Chicago, que se tornou um dos mais atribulados da história dos EUA, a Justiça inocentou os sete militantes políticos conhecidos como "Chicago Seven", acusados de transtornar a Convenção Nacional do Partido Democrata, em 1968.
Formado por membros da Students for a Democratic Society (SDS), o Chicago Seven tinha em suas fileiras os agitadores Abbe Hoffman e Jerry Rubin - cabeças do levante Youth International Party, os Yippies, dos quais o grupo de estudantes absorveu estratégias para suas ações.
Com seu "estilo freak de agitação política", os yippies foram caçados como inimigos públicos da segurança nacional.
Anarquistas psicodélicos egressos da subcultura flowerpower e xarás de outros bandos nervosos - Motherfuckers, Panteras Negras e Diggers -, eles exigiam mudanças sintonizadas com o modo de viver da juventude: rock, drogas, e política:
"Misturamos esquerda com vida psicodélica. O ácido e o rock - aí está a verdadeira revolução!", postulava Rubin.
Em 1968, os yippies criaram o Festival of Life", que ocorreu paralelamente à convenção democrata, no qual se apresentaram MC5, The Fugs e Country Joe & the Fish. Os protestos se inflamaram e, no show do MC5, tropas foram destacadas para reprimir as manifestações.
A "Levitação do Pentágano" - a maior jogada comandada pelo grupo - foi levado a cabo numa das mais ousadas operações de marketing que já se ouviu falar.
Combinando energia psíquica e orientalismos zen-budistas, os yippies juntaram 50 mil hippies que, por horas seguidas, entoaram a sílaba mágica "OM". A intenção dos freaks, infelizmente, não chegou a se concretizar.
*Bizz, maio de 2006