terça-feira, 25 de março de 2008

pÚBLICA aPRESENTA: pORTO aLEGRE

Porto Alegre, cidade meio província & meio metrópole, onde opiniões se dividem pra tudo, hoje completa 236 anos de idade.
Nem parece - mais parece balzaca, de tão conservadona.
A lembrança do seu colo afável, sempre fere o coração de muitos confessos apaixonados como eu e outros desgarrados de seu amor.
Em Brasília, sou do tipo que me mato de saudades dessa minha ex-namorada (que não desaprendi a gostar), outra confissão.
Ela nasceu em 1772 e foi batizada com o nomezão - Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais. Depois mudou várias vezes:
Porto de Viamão (no século 18), depois Porto do Dorneles, em seguida Porto de São Francisco dos Casais e, finalmente, Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre. E just Porto Alegre.
Geograficamente, essa cidade de clima subtropical úmido tá localizada no místico paralelo 30º, e é circundada por 40 morros e orla fluvial de 72km.
Será que tem alguma influência no florido número de lindas gurias que se avista por lá em qualquer canto - nas ruas, nos bares, a caixa do supermercado, a balconista da farmácia, a Patrícia do Shopping Iguatemi, a moça no ônibus, a cadelinha underground?
Até a mais feiosa é bonita e é até melhor trocar o assunto, falando nisso.
Caminhar por Porto Alegre no inverno em um sábado de manhã ensolarado, acoplado em phones de ouvido e aquecido por sobretudo, blusão de lã, cachecol, luvas e escutando um som bem quentinho rende sensação próxima ao estágio que antecede calma lisergia: o Júpiter que deve ter sacado isso.
No inverno de Porto Alegre a luz é diferente - infiltra-se por tudo & brilha. De manhãzinha, quando o sol tá saindo, as partículas de foggy noturno ainda pairam sobre a sua cabeça. Foggy & sol dão cores muito loucas.
Porto Alegre é uma cidade de luz própria, mas que também fica gatinha no P&B da foto clássica de Mario Quintana no Hotel Majestic (no post de cima).
Mais legal é quando tu encontra um amigo(a), vocês sentam numa graminha pra conversar, tomar chimarrão e "lagartear" ao sol enquanto as bergamotas do saco vão sendo descascadas compulsivamente - o cítrico aroma das bergas impregnando o ar e os dedos.
À noite é melhor paramentar-se pra enfrentar o "frio de renguear cusco" e o Vento Minuano que assovia seu canto encanado pelas ruas. Se preparar pra encontrar queridos amigos bêbados nos bares antes das festas e dos shows de rock.
Nunca é preciso marcar: eles vão estar lá te esperando - és o que faltava à mesa lotada de cevas e, quando chegas, bridam copos no ar: "Mazzzzzzáááá!".
E todos fazem a festa juntos, embebedam-se juntos, vão aos shows juntos. Na virada da madruga, todos os "seqüelados" se encontram novamente, trôpegos & felizes entre as "alamedas de Porto Alegre" (não deu pra evitar) pra passar o resto do dia juntos - falando sobre música, ouvindo música e concentrando pra noite: vai rolar mais música pra curtirmos juntos.
Show de algum amigo seu. O som é legal e você vibra ainda mais porque todos na banda são grandes parcerias suas.
Foram tais sensações (e vivências) que a Pública conseguiu transmitir com o videoclipe de "Um Lugar Qualquer", que acabou de ser lançado pela banda. O clipe é um bonito presente pra essa cidade que pariu loucos geniais como Qorpo-Santo e foi berço de uma cantora eterna como Elis Regina.
O Mini, da Walverdes, disse no blog dele, Conector, que tem muita gente no Youtube fazendo a conexão Porto Alegre-Inglaterra com "Um Lugar Qualquer": "Inicialmente, parece excessivo entusiasmo-anglófilo-juvenil, mas, na real, não é relação tão esquisita assim, já que boa parte da nossa cultura urbana é muito influenciada pelo rock inglês", observa.
O vídeo da Pública, continua o guitarrista, apenas reflete uma forma de olhar bastante presente em Porto Alegre - goste-se ou não. "Escrevi em algum lugar que a Pública consegue soar como um encontro entre Nei Lisboa e Stone Roses. E isso é um elogio".
O walverde, que não esconde sua adoração pela cidade, elogia a canção da Pública: "O clima de camaradagem é amplificado pela linda canção, uma das minhas preferidas do álbum Polaris".
A gurizada que aparece no clipe, muitos deles amigos meus também (pros quais já mando um abraço!), a maioria toca em bandas ou tem atividades independentes na cidade. Curta o clipe de "Um Lugar Qualquer Lugar" no post abaixo.
O cantor e letrista da Pública, Pedro Metz, que admira os compositores de Porto Alegre [Júpiter, Gross, Prego, Edu (Planondas), Lucas & Andrio (Guidis), André (Cartolas), cita alguns], deu essa entrevista pra falar sobre "Um Lugar Qualquer", de poesia, do seu pai, dos seus discos favoritos e dos planos da banda.
E de Porto Porto Alegre - mas é óbvio: PARABÉNS PORTO ALEGRE!
[[DESORIENTAÇÃO]] - Como rolou a sacada de "Um Lugar Qualquer"?
Pedro Metz - No ano passado, por causa do VMB, a MTV pediu pra gente filmar uma vinheta mostrando a nossa cidade. Pensamos: "Porto Alegre tem partes muito bonitas, mas como fazer pra filmar?"
Sugeri o ônibus de turismo doble deck da prefeitura e todo aquele lance dos amigos entrando e se confraternizando. A gente tinha esse material e conclui que, dali, poderia se fazer um clipe. Editamos e o resultado ficou muito legal, despretensioso, verdadeiro. Acho justo homenagearmos a cidade que nos criou.
[[DESORIENTAÇÃO]] - Porto Alegre é uma cidade poética?
Pedro Metz - Pergunta difícil. Acho que sim. Tem sua beleza, tem mulheres lindíssimas (o que ajuda muito), tem o colorado, o Bambus (hahahaha). Acho que isso tudo ajuda na criação dessa atmosfera peculiar. E tem a irredutibilidade também, né?
[[DESORIENTAÇÃO]] - A Pública se importa bastante com a finalização dos seus vídeos. Como nascem as idéias e viabilizam a produções?
Pedro Metz - Nos dois primeiros, roteirizamos e chamamos amigos do cinema pra dirigir. Produzimos boa parte e contamos com a ajuda de muita gente. Em "Long Plays", resolvemos que era hora de nos arriscarmos na direção.
Chamamos outro amigo para co-dirigir. Produzimos em parceria com uma produtora, Capitão Araújo. O de "Lugar Qualquer" foi o mais fácil: conseguimos com a Secretaria de Turismo autorização pra gravar. Chamamos uns amigos, duas câmeras, play - era isso. Bem livre.
Editamos na Baixada Nacional Filmes. O fato é que gostamos muito dessa parte: adoro participar da edição, da produção, me envolver com os detalhes. E isso, de uma forma ou de outra, acaba contribuindo no resultado final, numa certa unidade entre música e imagem.
[[DESORIENTAÇÃO]] - Conta sobre o teu pai, o Jacaré, que era intelectual respeitado. Ele influencia tuas criações?
Pedro Metz - Acho que minhas composições são bem diferentes das coisas que ele fazia. Meu pai ia fundo no lance "poético". Eu tento ser um pouco mais coloquial, meus autores preferidos são caras como o Salinger, o Fante, o Capote, o Jack London.
Ele gostava do Erzra Pound, Mallarmé, lia muito Borges. Era fascinado pelo Dylan. Então nossas raízes são um pouco diferentes. Acho que ele tinha espirituosidade fora do comum - os amigos eram absolutamente apaixonados por ele. Era desapegado, viveu sempre duro, enfim, o cara era muito afudê.
Acho que isso foi o que mais me marcou. Essa coisa de ser simples. Mas claro que gosto bastante da obra dele. Uma pessoa muito inteligente e que faz falta pra caralho. Mas penso que se talvez ele não tivesse morrido eu não seria quem sou. A morte dele me motivou a produzir alguma coisa. E foi na música que encontrei um monte de respostas.
[DESORIENTAÇÃO]] - Qual sãos planos da banda? Tão gravando novo disco?
Pedro Metz - Vamos fazer as gravações do próximo álbum no sítio da minha mãe, em Três Coroas, como foi gravado o primeiro. Já tá tudo composto e vamos aproveitar pra registrar imagens pra um documentário. Tô numa ansiedade tremenda pra começar a gravar e esperamos lançar no segundo semestre.
[[DESORIENTAÇÃO]] - Diz aí o que tu quiser, meu!
Pedro Metz - Bom, valeu pela entrevista, foi ótima, ainda mais que tou fazendo 30 anos e as perguntas me fizeram pensar num monte de coisas legais sobre minha vida.
Um grande abraço e até breve!
CINCÃO!
Ok Computer – Radiohead
Hoje em dia o Radiohead não nos influencia tanto como nos primeiros anos de banda, mas Ok Computer, provavelmente, é um dos discos que mais escutamos em nossas vidas. É o Dark Side of the Moon dos anos 90, no sentido de se fazer um álbum "conceitual".
As músicas são belíssimas, os arranjos irretocáveis. Transmite a emoção de uma banda que sabia que estava fazendo algo maior.
In it for the Money – Supergrass
A forma como o Supergrass constrói as melodias é inusitado e peculiar. É uma banda versátil, conseguem atirar em todas as direções com qualidade. Este disco marcou demais minha saída da adolescência e ainda o tenho como um dos principais referenciais.
Definitely Maybe – Oasis
Tá lôco! Quando vi esses caras pensei como todos os garotos ingleses: "Quero ser eles!" Na real, queria muito ter sido jogador de futebol, mas rompi ligamentos com 19 anos e, durante a recuperação, só ouvia Oasis - banda que, se te pega, é um lance meio hipnótico, tu não consegue ouvir outra coisa.
Por isso que os fãs de Oasis são meio ignorantes musicalmente. Mas os dois primeiros álbuns têm uma importância muito grande pra mim.
Imagine – John Lennon
Pedi pra minha mãe comprar um disco que tivesse "Imagine". Só que ela me deu a fita cassete do Shaved Fish. Então, desde a infância, quanto à música, o Lennon já era o cara mais importante da minha vida.
E o álbum Imagine é foda demais. Tenho o dvd do making of e já assisti umas vintes mil vezes. Lennon é o maior de todos.
Álbum Branco – The Beatles
Minha porta de entrada nos Beatles. Não que não os tivesse ouvido antes, mas o Álbum Branco foi o que me fez ir atrás de todos os outros da segunda fase. Tinha um tempão que não escutava esse disco, mas recentemente voltei a ouví-lo - é inacreditável como os Beatles só faziam músicas boas!
MARCOS!
"Mary" – Supergrass"
"Marquee Moon" – Television
"Life on Mars" – David Bowie
"Jealous Guy" – Johnn Lennon
"Time Wait for no One" – Rolling Stones