domingo, 14 de setembro de 2008

lULA cÔRTES: "sOU uM fACTÓTUM"

Qual a importância de Paêbirú para a música brasileira?

Lula Côrtes - Na época em que foi feito, nenhuma. Mesmo após o lançamento, a recepção foi fria. As pessoas não estavam preparadas pro espírito do disco. Paêbirú é um disco de "hoje", na verdade.

Como foram criados os efeitos do disco ?

Lula Côrtes - Se costuma pensar que a maioria dos efeitos são eletrônicos, mas, na realidade, são panelas com água, pios de caça, vozes humanas, chocalhos de cabra. A introdução que antecede o saxofone de "Segredo de Sumé" é uma corneta de vender picolé. Louco, né?!

O que descobriram de mais legal fazendo Paêbirú?

Lula Côrtes - A amizade e, depois, harmonia pra continuarmos trabalhando em vários álbuns. Cada qual, após Paêbirú, seguiu seu caminho: Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Lailson, Zé da Flauta, Jarbas Maris.

Que bandas vocês ouviam?

Lula Côrtes - It's a Beatifull Day, Crosby, Stills and Nash, Tyranossaurus Rex, Neil Young, Captain Beefheart, Grand Funk Railroad, e mais uma penca de coisas…

Alguma obra foi modelo para as "loucuras" do grupo?

Lula Côrtes - Os discos que mais influenciaram foram os temáticos: Viagem ao Centro da Terra, Ozzy Bizza, Frank Zappa & Mothers of Invention. Dos brasileiros, basicamente Mutantes. Foi Duprat quem abriu nossas cabeças.

Qual é a energia da Pedra do Ingá?

Lula Côrtes - A energia do mistério, do lendário que ficou no inconsciente coletivo e gerou muitas lendas mal-assombradas... Ainda hoje procuro outras formas de energia no local.

O que há de mais revelador em toda essa história?

Lula Côrtes - Às vezes, estamos num lugar tão raro, em beleza e mística, que nem nos damos conta. No som, a fusão do folclore com a abordagem livre, vanguardista e psicodélica que tivemos.

Depois de Paêbirú, enveredou por qual trilha musical?

Lula Côrtes - O caminho do RPB: Rock Popular Brasileiro. Já trabalho com a banda Má Companhia, de Recife, há 17 anos.

E hoje?

Lula Côrtes - Hoje sou um eterno futucador de coisas, um factótum.