domingo, 11 de janeiro de 2009

a vOLTA dO bOÊMIO, dE aDELINO mOREIRA

Português de nascimento e criado no subúrbio carioca de Campo Grande, Adelino Moreira de Castro desde muito cedo se interessou pela música.

Nos anos 40, chegou a gravar vários discos de fado.

A partir de 1952, compondo sambas-canção conheceu o sucesso como o principal fornecedor de músicas para o repertório de Nelson Gonçalves.

O sucesso da sociedade chegou ao auge em 1957, quando "A Volta do Boêmio" (música que permanecera inédita por quatro anos!) impulsionou a venda de milhão de discos.

Sozinho, o fonograma já dobrou o número para dois milhões, desde que lançado há 50 anos.

O samba-canção "A volta do bôemio" - depois arremessada à vala comum do "brega-romântico" - narra a bancarrota do homem que abandonou a fé na boemia pelo amor d'uma mulher.

Abandonado por ela, agora ele pede sua "nova inscrição":

"Boemia / aqui me tens de regresso / e suplicante te peço / a minha nova inscrição / voltei pra rever os amigos que um dia / eu deixei a chorar de alegria / me acompanha o meu violão...".

Para a interpretação de Nelson a definição mais justa é "mediúnica". Sua potente voz de baixo-tenor não só canta como dá melancólica sobrevida pro drama da pobre criatura pintada pela imaginação rica de Adelino Moreira. Aliás, um gênio das letras.

O homem de coração maltrapilho anuncia à boemia que seu retorno, inclusive, tem aprovação da amada... A mulher resignada o encoraja na despedida:

"Vá embora! / pois me resta o consolo e alegria / de saber que depois da boemia / é de mim que você gosta mais".

Clássico da música sentimental popular. Perdição com elegância. Como nos velhos tempos.

A volta do boêmio (samba-canção)
Adelino Moreira




Boemia, aqui me tens de regresso
E suplicante te peço a minha nova inscrição

Voltei pra rever os amigos que um dia

Eu deixei a chorar de alegria
Me acompanha o meu violão


Boemia, sabendo que andei distante

Sei que essa gente falante vai agora ironizar

Ele voltou, o boêmio voltou novamente

Partiu daqui tão contente por que razão quer voltar
Acontece que a mulher que floriu meu caminho

De ternura, meiguice e carinho
Sendo a vida do meu coração

Compreendeu e abraçou-me dizendo a sorrir

Meu amor você pode partir, não esqueça o seu violão
Vá rever os teus rios, teus montes, cascatas
Vá sonhar em novas serenatas e abraçar seus amigos leais

Vá embora, pois me resta o consolo e alegria
De saber que depois da boemia
É de mim que você gosta mais