The Fevers fala de sua relação com a capital federal e lembra início de carreira, como banda de apoio de Roberto e Erasmo
POR CRISTIANO BASTOS
No distante ano de 1966, a caravana Hoje é Dia de Rock (na verdade, um show televisivo, outrora comandado pelo apresentador Jair de Taumaturgo, na TV Rio) aportou numa Brasília ainda bebê.
No bagageiro, vinha junto uma turma de ídolos da nova música brasileira: a Jovem Guarda. Entre os quais, os The Fevers, conjunto que apresenta amanhã, na capital federal, seu Show Baile Anos 60&70.
"Levei um susto ao chegarmos em Brasília. Os hotéis eram edificados em madeira", lembra o baixista e vocalista Liebert Ferreira, 44 anos de banda. "Ficamos impressionados com o descampado, a terra roxa, que dava cor ao solo".
Depois disso, Liebert perdeu as contas de quantas vezes retornou à cidade: "Muita gente, que era fã no Rio de Janeiro, migrou para Brasília. Os brasilienses nos curtem muito", reconhece.
Por volta de 1965, a banda, ainda instrumental – na onda surf de grupos como Ventures e dos Surfaris –, usava o "ilegal" nome The Fenders, o qual tomaram emprestado da famosa marca de instrumentos.
Com a popularidade, entretanto, alguém alertou que não poderiam usá-lo por mais tempo. Ouvindo The Fever, incendiária canção de Elvis Presley, resolveram mudar para o atual. O nome colou.
"Naqueles dias, para para fazer sucesso precisava uma nomenclatura em inglês." O ponto de ebulição da banda, aconteceu quando estrelaram o televisivo Hoje é Dia de Rock – da mesma franquia que trouxera os Fervers à Brasília.
O programa abocanhava incrível audiência aos domingos, entre todas as faixa-etárias. Terminado o teste que tiveram de prestar, ganharam uma apilha de discos, para que tirassem as bases das músicas:
"Gostaram e, daí para frente, acompanhamos grandes artistas, como Erasmo Carlos, Wandeléa e Roberto Carlos. Na época, a turma era dura de grana. Todo mundo estava apenas começando", retrata.
Carlos Imperial, lendário produtor musical, foi quem aconselhou os The Fevers a tentarem suas primeiras canções vocalizadas: "'Tem que cantar!' – o Imperial nos dizia sempre".
Como todos os garotos dos sixties, eles também adoravam Beatles e Rolling Stones. A sorte grande, contudo, veio quando a banda se mudou do Rio para São Paulo – momento culminante, no qual a Jovem Guarda invadia o território nacional.
Foi quando o trio de ouro Erasmo-Wanderléa-Roberto, fez o convite para que os companhassem. Na escada rolante do sucesso vieram Golden Boys, Wandeley Cardoso e Jerry Adriani.
Parodiando o hit Mar de Rosas, um dos mais ganchudos da banda, seguiu-se um verdadeiro "mar de sucessos": "Já Cansei", "Cândida", "Sou Feliz", "Nathalie", "Hey Girl", "Trem da Alegria". Sem falar nas trilhas sonoras de novelas globais campeãs de audiência, como "Elas Por Elas" e "Guerra dos Sexos". Ambas alcançaram popularidade internacional.
Importante capítulo dessa história – que é parte da gênese da música jovem brasileira –, os The Fevers vão contar tim-tim por tim-tim, do jeito que melhor sabem fazer: cantando.
THE FEVERS SOBRE...
Erasmo Carlos – "Gravamos dois LP's acompanhando o Tremendão. Erasmo nos ajudou muito em São Paulo, quando fomos pra lá. A gente ia na casa dele filar bóia. Das maiores pessoas que
cruzaram o caminho dos Fevers"
Roberto Carlos – "Também nos ajudou muito. Gravamos com ele, "Eu te Darei o Céu" e "Estou Apaixonado". Era muito exigente no estúdio. Perfeccionista"
Jorge Ben – "Jorge Ben morava com Erasmo, na época da Jovem Guarda. Ele, aliás, participou dela. Rejeitado pelos bossanovistas, foi acolhido pelos jovemguardistas. Juntos, estouramos a
canção Se Manda, no LP O Bidú"
Trio Esperança/Golden Boys – "Os dois grupos eram da mesma praia. Ambos foram muito importantes em nossa trajetória"
Chacrinha – "Integramos a Orquestra do Chacrinha. Tenho a felicidade de ter produzido todos os discos de Carnaval dele"
Carlos Imperial – "Profissionalmente, nos deu muitos conselhos no início da nossa carreira. Do Imperial, tocamos na composição 'A Praça'"
Rossini Pinto – "Rossini foi tudo para os The Fevers. Os grandes sucesso da jovem guarda passaram pela sua mão"
Wilson Simonal – " Acompanhamos toda a carreira dele. Acredito que seu grande sucesso, na verdade, foi o que lhe derrubou. Quando tocamos para o Simonal, em 'Mamãe Passou Açúcar ni Mim', éramos apenas garotos"
"Levei um susto ao chegarmos em Brasília. Os hotéis eram edificados em madeira", lembra o baixista e vocalista Liebert Ferreira, 44 anos de banda. "Ficamos impressionados com o descampado, a terra roxa, que dava cor ao solo".
Depois disso, Liebert perdeu as contas de quantas vezes retornou à cidade: "Muita gente, que era fã no Rio de Janeiro, migrou para Brasília. Os brasilienses nos curtem muito", reconhece.
Por volta de 1965, a banda, ainda instrumental – na onda surf de grupos como Ventures e dos Surfaris –, usava o "ilegal" nome The Fenders, o qual tomaram emprestado da famosa marca de instrumentos.
Com a popularidade, entretanto, alguém alertou que não poderiam usá-lo por mais tempo. Ouvindo The Fever, incendiária canção de Elvis Presley, resolveram mudar para o atual. O nome colou.
"Naqueles dias, para para fazer sucesso precisava uma nomenclatura em inglês." O ponto de ebulição da banda, aconteceu quando estrelaram o televisivo Hoje é Dia de Rock – da mesma franquia que trouxera os Fervers à Brasília.
O programa abocanhava incrível audiência aos domingos, entre todas as faixa-etárias. Terminado o teste que tiveram de prestar, ganharam uma apilha de discos, para que tirassem as bases das músicas:
"Gostaram e, daí para frente, acompanhamos grandes artistas, como Erasmo Carlos, Wandeléa e Roberto Carlos. Na época, a turma era dura de grana. Todo mundo estava apenas começando", retrata.
Carlos Imperial, lendário produtor musical, foi quem aconselhou os The Fevers a tentarem suas primeiras canções vocalizadas: "'Tem que cantar!' – o Imperial nos dizia sempre".
Como todos os garotos dos sixties, eles também adoravam Beatles e Rolling Stones. A sorte grande, contudo, veio quando a banda se mudou do Rio para São Paulo – momento culminante, no qual a Jovem Guarda invadia o território nacional.
Foi quando o trio de ouro Erasmo-Wanderléa-Roberto, fez o convite para que os companhassem. Na escada rolante do sucesso vieram Golden Boys, Wandeley Cardoso e Jerry Adriani.
Parodiando o hit Mar de Rosas, um dos mais ganchudos da banda, seguiu-se um verdadeiro "mar de sucessos": "Já Cansei", "Cândida", "Sou Feliz", "Nathalie", "Hey Girl", "Trem da Alegria". Sem falar nas trilhas sonoras de novelas globais campeãs de audiência, como "Elas Por Elas" e "Guerra dos Sexos". Ambas alcançaram popularidade internacional.
Importante capítulo dessa história – que é parte da gênese da música jovem brasileira –, os The Fevers vão contar tim-tim por tim-tim, do jeito que melhor sabem fazer: cantando.
THE FEVERS SOBRE...
Erasmo Carlos – "Gravamos dois LP's acompanhando o Tremendão. Erasmo nos ajudou muito em São Paulo, quando fomos pra lá. A gente ia na casa dele filar bóia. Das maiores pessoas que
cruzaram o caminho dos Fevers"
Roberto Carlos – "Também nos ajudou muito. Gravamos com ele, "Eu te Darei o Céu" e "Estou Apaixonado". Era muito exigente no estúdio. Perfeccionista"
Jorge Ben – "Jorge Ben morava com Erasmo, na época da Jovem Guarda. Ele, aliás, participou dela. Rejeitado pelos bossanovistas, foi acolhido pelos jovemguardistas. Juntos, estouramos a
canção Se Manda, no LP O Bidú"
Trio Esperança/Golden Boys – "Os dois grupos eram da mesma praia. Ambos foram muito importantes em nossa trajetória"
Chacrinha – "Integramos a Orquestra do Chacrinha. Tenho a felicidade de ter produzido todos os discos de Carnaval dele"
Carlos Imperial – "Profissionalmente, nos deu muitos conselhos no início da nossa carreira. Do Imperial, tocamos na composição 'A Praça'"
Rossini Pinto – "Rossini foi tudo para os The Fevers. Os grandes sucesso da jovem guarda passaram pela sua mão"
Wilson Simonal – " Acompanhamos toda a carreira dele. Acredito que seu grande sucesso, na verdade, foi o que lhe derrubou. Quando tocamos para o Simonal, em 'Mamãe Passou Açúcar ni Mim', éramos apenas garotos"