terça-feira, 11 de agosto de 2009

jERRY eNTREGA rAUL

"Uma vez, estávamos passeando em São Conrado, no Rio de Janeiro. De repente, Raulzito sentou-se na calçada e começou a bater papo com um mendigo que não falava coisa com coisa. O papo nunca terminava.

Eu dizia que tínhamos de ir embora, mas ele não queria sair dali. Continuou a conversar com o sujeito como se fosse a coisa mais séria do mundo. Eu me aproximei para tentar ouvir sobre o que eles conversavam, só que não dava para entender nada. Ficaram uns quarenta minutos nesse papo doido".

"Noutra época, Raul inventou um personagem chamado Queixada. Ao ficar nervoso, o Queixada trazia o queixo para a frente e falava baixinho. Aquele jeito de falar virou mania entre nós. Na época em que ele foi perseguido pelos militares, Raul passou, aproximadamente, uma semana em minha casa. Num belo dia, sumiu.

Saí procurando ele por tudo quanto é lado. Fiquei muito preocupado, pensando que Raul poderia ter sido preso. Quando já não sabia mais onde procurá-lo, sem querer, olhei para o lado e lá estava o Raul escondendo-se de mim, ao mesmo tempo em que fazia o Queixada. Perguntei: 'Que diabos é isso, Raul?' Ele respondeu: 'É que lá na sua casa tava muito tranquilo pra mim'".

"Para a cerimônia de meu casamento, convidei apenas os mais chegadas. Tinha uma lista de convidados na qual, por descuido, o nome de Raul acabou não entrando. Quando ele chegou, o porteiro quis empedir sua entrada.

Raul não marcou bobeira: disse ser o padre que celebraria a união do casal. Como estava todo vestido de preto, o porteiro acreditou. De repente, começou um tumulto. Era o padre de verdade reclamando. Ele dizia ser um absurdo contratar dois sacerdotes para uma mesma celebração.

Desfeito o equívoco, apresentei Raul ao sacerdote, o qual chamou -lhe para ser o coroinha da cerimônia. O padre deu um sino a Raul. O casamento rolando e o Raul tocando aquele sino sem parar.

O homem não aguentava mais, e começou a dizer que aquele menino precisava ser exorcizado. Para 'salvá-lo', começou a jogar água benta nele. Raulzitio não perdeu a pose e continuou a fazer graça no altar".

*Causos que estão reunidos no site Krig-há, bandolo!, mantido pelo guitarrista norte-americano - que tocou no homônimo disco, Jay Vaquer (um dia Gay Vaquer). A imagem é do segundo álbum de Jerry Adriani, produzido por Raulzito na CBS. Não tem letras suas. Em compensação, Raul editou a composição "Ainda gosto dela", de autoria dividida entre seu irmão, Plínio, e o amigo de infância Waldir "Big Ben" Serrão.