segunda-feira, 19 de outubro de 2009

100 mAIORAIS

São essas as 20 canções votadas por mim na lista da Rolling Stone (edição especial comemorativa de três anos, nas bancas), que elegeu as "100 Maiores Músicas Brasileiras". Nem dez listas, contudo, seriam suficientes para desfilar o milionário "the best of" do cancioneiro nacional.

Tais escolhas sempre são missões
árduas de cumprir.

Como, acima dos cânones, creio mais ainda é na subjetividade, não espero concordância; eu mesmo refaria a lista inúmeras vezes.

"Maria Bethânia" - (Capiba)
"Três apitos" - (Noel Rosa)
"Negue" - (Adelino Moreira)
"Eu quero é botar meu bloco na rua" - (Sérgio Sampaio)
"Será que eu vou virar bolor" - (Arnaldo Baptista)
"Barra Lúcifer" - (Novos Baianos)
"Abigail" - (Wilson Baptista e Orestes Barbosa)
"Você não serve pra mim" - (Roberto Carlos)
"Sentado à beira do caminho" - (Erasmo Carlos)
"Ouro de tolo" - (Raul Seixas)
"Manhãs de Sol" - (Francisco Alves)
"Georgia a carniceira" - (Ave Sangria)
"Canteiros" - (Fagner)
"Respeita Januário" - (Luiz Gonzaga)
"Felicidade" - (Lupícinio Rodrigues)
"Vou danado pra Catende" - (Alceu Valença)
"Primavera" - (Tim Maia)
"Good rocking tonight" - (Raulzito Seixas aos nove anos)
"Trilha de Sumé" - (Lula Côrtes/Zé Ramalho)
"O Futuro é Vórtex" - (Os Replicantes)

Leia e ouça as dez primeiras colocadas no site da Rolling Stone.

Também escrevi sobre cinco eleitas:

"Ouro de tolo", "Metamorfose ambulante", "A flor e o espinho", "Conversa de Botequim" e "Tico-tico no fubá".

"Ouro de Tolo" (Raul Seixas)

Acaso o destino tivesse barrado Raul Seixas, no panteão dos maiores compositores pátrios, bastaria, porém, apenas uma de suas canções para assegurar-lhe eternidade: "Ouro de Tolo". É a música-chave do álbum Krig-há, bandolo!, editado, em 1973, pela Phillips (gravadora dos conterrâneos Gil e Caetano).

Em uma semana, o compacto alcançou tamanha popularidade que se fez necessário prensá-lo duas vezes. Naqueles tempos de milagre econômico, a letra autobiográfica de Raulzito soou como sonoro tabefe desferido na cara da classe média.

"Ouro de Tolo", na Idade Média, era nome dado às promessas de falsos alquimistas. A canção também embalou audaciosa tacada de marketing, bolada por Paulo Coelho, para transmitir aos lares brasileiros preceitos da Sociedade Alternativa.

No dia 7 de junho de 73, no centro do Rio de Janeiro, Raul Seixas convocou a imprensa para registrar sua aparição entoando "Ouro de Tolo" em rede nacional. O "golpe" surtiu efeito. A cena foi exibida no Jornal Nacional e Raul ganhou o Brasil.