Zé da Flauta é um dos "personagens" de Paêbirú. Em 1974, participou da gravação do LP gravado em quatro canais, na Rozemblit, pela dupla Zé Ramalho Lula Côrtes.
O disco ainda teve grandes participações de músicos como Geraldo Azevedo, Ivinho, Paulo Rafael e Dikê. É de Zé o sax de "Nas Paredes da Pedra Encantada", na realidade, sua primeira gravação profissional.
Iniciou sua carreira artística em 1970, na cidade de Recife, tocando com músicos como Don Tronxo (guitarrista da trovejante "Raga dos Raios"), Agrício Noia, Robertinho do Recife, Marconi Notaro, Flaviola. Ele nos conta um poucas de suas histórias daquele tempo - e de agora.
Depois, veja o Zé no videoclip de "Vou Danado pra Catende". O Zé é o "cara da bata".
Zé, tudo bom?!
Zé da Flauta - Tudo ótimo, como sempre!
Como era o ambiente das gravações e composição de Paêbirú, dá pra lembrar?
Zé da Flauta - Eu estava com 18 anos quando decidi ser músico profissional. Foi quando também conheci Lula Côrtes e Kátia Mesel, por intermédio de uma prima que era amiga deles. Logo em seguida, conheci Lailson no Conservatório Pernambucano de Música, onde me iniciei nos estudos. Vivíamos na repressão militar, religiosa e familiar e, a casa de Beberibe, onde Lula e Kátia moravam, era o verdadeiro templo da liberdade e da contra-cultura.
Um lugar onde aprendi muito sobre arte e liberdade de expressão. Lá se conversava e se fazia de tudo, inclusive se fumava muita maconha. Se falava muito sobre arte. Foi nesse ambiente que vi nascer Paêbirú e outros discos dos quais participei.
Ninguém sabia o mínimo de teoria musical: tocavamos por pura intuição e rebeldia. Eu mesmo estudava flauta e resolvi comprar um sax que fora de Felinho, um grande saxofonista da década de 50 em Recife. Felinho foi o criador da improvisação no frevo.
Me senti honrado por comprar tal instrumento. Mas, como não conhecia direito o saxofone, paguei por um objeto defeituoso que, na realidade, não servia nem como luneta. Era difícil tirar som naquele instrumento.
Eu não tinha uma boquilha boa e não encontrava a palheta certa. O que me lembro claramente é que cheguei na casa de Lula com ele debaixo do braço e, duas horas depois, estava no estúdio da Rozemblit gravando com ele e Zé Ramalho.
Nunca vou me esquecer disso, pois aquela foi a primeira vez que eu entrei num estúdio para gravar como músico.
Você toca com frequência na Europa. Já vieram lhe comentar sobre Paêbirú?
Zé da Flauta - Sim! Uma vez em Berlim, 2006. O pessoal de uma rádio, com uma intérprete brasileira. Perguntaram sobre Paêbirú e também sobre o grupo de heavy metal Hanagorick, daqui do interior de Pernambuco.
Esses caras fazem o maior sucesso por lá, são famosos. São de Surubim, a terra do Chacrinha.
Dá pra definir "udigrudi"?
Zé da Flauta - É apenas uma terminologia. Naquele caso, nos anos 70, não caracterizou um movimento musical. Era apenas um momento de excitação, perturbação, inquietação artística. Não foi uma idéia com manifesto, objetivo e consistência, como foi o mangue na década de 90.
Alguma história para nos contar de 33 anos atrás?
Zé da Flauta - Cara, são várias! O problema com a censura era grande, com a Polícia Federal, também. Para se fazer um show, tínhamos que fazer prévia para a polícia... Só então eles decidiam se tua banda podia ou não fazer o show, peça de teatro ou o que fosse.
Para se colocar um cartaz na rua, ou mesmo in dor, por exemplo, tinha que ter o carimbo da censura política e estética e, às vezes, isso só podia ser feito no dia do show.
O tricódio de Lula, que ele trouxe do Marrocos, virou um símbolo visual, sexual, sonoro da época. Todos os discos gravados por essa turma, inclusive o meu com Paulo Rafael, tiveram a participação de Côrtes.
Veja como ele dá um brilho especial em "Vou Danado Pra Catende", do Alceu Valença. Neste momento, estou escrevendo um livro de memórias que pretendo lançar no final de 2010.
E hoje?
Zé da Flauta - Ando tocando no meu estúdio, compondo trilhas para TV, filmes, peças de teatro, produzindo discos e artistas. Atualmente estou trabalhando com a SpokFrevo Orquestra, um grupo que ajudei a criar com o objetivo de mostrar o frevo apenas como linguagem musical, sem o folclore. Já tocamos na China, por toda Europa. Vamos para a Índia em outubro. Nós somos uma Big Band de frevo. Eu não toco na orquestra, apenas produzo. Nos assista.
O disco ainda teve grandes participações de músicos como Geraldo Azevedo, Ivinho, Paulo Rafael e Dikê. É de Zé o sax de "Nas Paredes da Pedra Encantada", na realidade, sua primeira gravação profissional.
Iniciou sua carreira artística em 1970, na cidade de Recife, tocando com músicos como Don Tronxo (guitarrista da trovejante "Raga dos Raios"), Agrício Noia, Robertinho do Recife, Marconi Notaro, Flaviola. Ele nos conta um poucas de suas histórias daquele tempo - e de agora.
Depois, veja o Zé no videoclip de "Vou Danado pra Catende". O Zé é o "cara da bata".
Zé, tudo bom?!
Zé da Flauta - Tudo ótimo, como sempre!
Como era o ambiente das gravações e composição de Paêbirú, dá pra lembrar?
Zé da Flauta - Eu estava com 18 anos quando decidi ser músico profissional. Foi quando também conheci Lula Côrtes e Kátia Mesel, por intermédio de uma prima que era amiga deles. Logo em seguida, conheci Lailson no Conservatório Pernambucano de Música, onde me iniciei nos estudos. Vivíamos na repressão militar, religiosa e familiar e, a casa de Beberibe, onde Lula e Kátia moravam, era o verdadeiro templo da liberdade e da contra-cultura.
Um lugar onde aprendi muito sobre arte e liberdade de expressão. Lá se conversava e se fazia de tudo, inclusive se fumava muita maconha. Se falava muito sobre arte. Foi nesse ambiente que vi nascer Paêbirú e outros discos dos quais participei.
Ninguém sabia o mínimo de teoria musical: tocavamos por pura intuição e rebeldia. Eu mesmo estudava flauta e resolvi comprar um sax que fora de Felinho, um grande saxofonista da década de 50 em Recife. Felinho foi o criador da improvisação no frevo.
Me senti honrado por comprar tal instrumento. Mas, como não conhecia direito o saxofone, paguei por um objeto defeituoso que, na realidade, não servia nem como luneta. Era difícil tirar som naquele instrumento.
Eu não tinha uma boquilha boa e não encontrava a palheta certa. O que me lembro claramente é que cheguei na casa de Lula com ele debaixo do braço e, duas horas depois, estava no estúdio da Rozemblit gravando com ele e Zé Ramalho.
Nunca vou me esquecer disso, pois aquela foi a primeira vez que eu entrei num estúdio para gravar como músico.
Você toca com frequência na Europa. Já vieram lhe comentar sobre Paêbirú?
Zé da Flauta - Sim! Uma vez em Berlim, 2006. O pessoal de uma rádio, com uma intérprete brasileira. Perguntaram sobre Paêbirú e também sobre o grupo de heavy metal Hanagorick, daqui do interior de Pernambuco.
Esses caras fazem o maior sucesso por lá, são famosos. São de Surubim, a terra do Chacrinha.
Dá pra definir "udigrudi"?
Zé da Flauta - É apenas uma terminologia. Naquele caso, nos anos 70, não caracterizou um movimento musical. Era apenas um momento de excitação, perturbação, inquietação artística. Não foi uma idéia com manifesto, objetivo e consistência, como foi o mangue na década de 90.
Alguma história para nos contar de 33 anos atrás?
Zé da Flauta - Cara, são várias! O problema com a censura era grande, com a Polícia Federal, também. Para se fazer um show, tínhamos que fazer prévia para a polícia... Só então eles decidiam se tua banda podia ou não fazer o show, peça de teatro ou o que fosse.
Para se colocar um cartaz na rua, ou mesmo in dor, por exemplo, tinha que ter o carimbo da censura política e estética e, às vezes, isso só podia ser feito no dia do show.
O tricódio de Lula, que ele trouxe do Marrocos, virou um símbolo visual, sexual, sonoro da época. Todos os discos gravados por essa turma, inclusive o meu com Paulo Rafael, tiveram a participação de Côrtes.
Veja como ele dá um brilho especial em "Vou Danado Pra Catende", do Alceu Valença. Neste momento, estou escrevendo um livro de memórias que pretendo lançar no final de 2010.
E hoje?
Zé da Flauta - Ando tocando no meu estúdio, compondo trilhas para TV, filmes, peças de teatro, produzindo discos e artistas. Atualmente estou trabalhando com a SpokFrevo Orquestra, um grupo que ajudei a criar com o objetivo de mostrar o frevo apenas como linguagem musical, sem o folclore. Já tocamos na China, por toda Europa. Vamos para a Índia em outubro. Nós somos uma Big Band de frevo. Eu não toco na orquestra, apenas produzo. Nos assista.