Idade Média, peste negra, cadáveres de duas cabeças, lobisomens, naves espaciais movidas por partículas psíquicas, planetas remotos, rock. A aparente algazarra de alusões é chave para entender a reputação que escritor italiano Valerio Evangelisti conquistou entre leitores europeus.
Em O Inquisidor, segundo romance dele traduzido pela Conrad Editora, Evangelisti (na foto) engendra uma trama sobre conspirações, heresias e mistérios investigados pelo padre dominicano Nicolau Eymerich.
Em sua obra, o ponto em comum é o claro pendor para gêneros brutais e velozes do rock. Volumes de energia punk e heavy metal pontuam o ritmo dos enredos fantásticos criados pelo autor, que também colabora com a edição italiana da Rolling Stone. (Cristiano Bastos)
Na trilogia O Ciclo do Metal há citações que vão do punk ao heavy metal. Como o rock afeta sua obra?
Alguns momentos fortes saem direto do rock. Às vezes, um trecho de uma música sugere uma visão: góotica, se estou ouvindo heavy metal, ou de ação, no caso do punk rock.
Porque a escolha de Chaos A.D., do Sepultura para estrear sua coluna na Rolling Stone italiana?
Por muito tempo as bandas de metal imitaram os modelos anglo-saxões, incluindo o Sepultura. Mas o álbum Chaos A.D. é muito diferente, com canções inspiradas em por danças tribais e pela realidade social do Brasil. Foi algo novo no metal. A obra-prima veio depois, com Roots, mas Chaos A.D foi o verdadeiro marco que influenciou o metal em todo o mundo.
O heavy metal ainda está vivo e atuante? Qual é seu futuro?
Se velho heavy metal está um pouco cansado, o gênero é grande o suficiente para se renovar. Existem muitas bandas experimentando novos estilos. Na Europa, a mais popular é o Rammstein, da Alemanha, com seu bizarro "dance metal". Mas, em todos os lugares, há músicos trabalhando. Não acho que o metal morrerá tão cedo!
*Entrevista publicada na Revista Bizz, edição de fevereiro de 2006.