Às vésperas dos 60 anos, Arnaldo Dias Baptista mantém o mesmo espírito inquieto e anárquico da juventude.
Depois de participar da festejada volta dos Mutantes aos palcos brasileiros e internacionais em 2006, despediu-se, mais uma vez, do irmão Sergio Dias. Foi cuidar de projetos pessoais.
Em 2008, uma nova surpresa: Arnaldo Baptista está lançando seu primeiro livro, Rebelde entre os Rebeldes (Rocco).
Apaixonado por ficção-científica desde a infância, Arnaldo estréia na literatura com as aventuras interplanetárias de um casal que foge da Terra e vaga pelo tempo e pelo espaço em busca de paz.
A mesma paz que o autor diz ter encontrado ao trocar sua cidade natal, São Paulo, por um sítio em Juiz de Fora, em Minas Gerais.
O livro inicia com a descoberta de um segredo guardado nos subterrâneos de uma antiga casa na Califórnia, Estados Unidos.
Especialista em engenharia nuclear, Maggie descobre acidentalmente em seu banheiro uma passagem para os laboratórios do Dr. James Harness, um genial cientista, morto há mais de cem anos.
Agora, arriscando-se na pele de escritor, Arnaldo Baptista nos oferece mais uma faceta de seu extraordinário talento.
[[DESORIENTAÇÃO]] - No Brasil e no exterior, você é um ícone da música. O que público e crítica podem esperar de seu primeiro romance?
Arnaldo Baptista - Rebeldia à direção tomada pela evolução. To burn or not to burn. What is the question?. Romance vem a ser a palavra, que sendo o primeiro, acende uma esperança; que nos ascende a algum Deus.
[[DESORIENTAÇÃO]] - O nome Mutantes foi inspirado no famoso livro de ficção científica do francês Stefan Wul. Você sempre foi um entusiasta do tema?
Arnaldo Baptista - Sim, pois escritores como Ray Bradbury encontraram essa acertada direção da evolução. Na minha juventude creio ter lido todos os livros da série Futurâmica...
[[DESORIENTAÇÃO]] - Como foi o processo de escrita de Rebelde entre os Rebeldes?
Arnaldo Baptista - Encontrei-me, após ler a Bíblia, perante um desafio de colocar-me num livro. O processo de criação tem a ver com quem sou. Através da escrita, consegui me expressar, explicar minha opinião.
[[DESORIENTAÇÃO]] - Escrever um livro é mais trabalhoso do que gravar um disco?
Arnaldo Baptista - Um livro é mais fácil, pois você só precisa de uma caneta e papel para mostrar sua mente. E quanto ela mente. Ficção pode ser mentira, Científica, nunca. Um músico depende de outras pessoas. A música e a poesia existem para explicar o inexplicável.
[[DESORIENTAÇÃO]] - No livro, um computador superinteligente chamado Horácio é programado para ajudar a humanidade. Você acha que um robô pode ser o melhor amigo do homem?
Arnaldo Baptista - Pode ser, pois sua memória é algo bem importante. Além da filosofia, da Inteligência Artificial (Vida). Quanto a isso, enveredo-me pelos caminhos de Cristo, nos quais a amizade é assexuada (Filosofia).
[[DESORIENTAÇÃO]] - Em Rebelde entre os Rebeldes, a música de Beethoven ainda é capaz de fazer diferença em um universo dominado pela alta tecnologia. Na sua opinião, qual o papel do artista no século 21?
Arnaldo Baptista - O papel do artista no século 21 é alcançar uma hiperconsciência dos governos. O artista deve conseguir definir, entretendo e sendo agradável, a diferença entre certo e errado.
[[DESORIENTAÇÃO]] - Você sempre foi um símbolo de irreverência na música brasileira. O que significa para você hoje a palavra rebeldia?
Arnaldo Baptista - Para ultrapassar a velocidade do som (1200 km/h) houve dificuldade. Para ultrapassar a luz também. Minha rebeldia alcança a fórmula criada por mim da viagem no Tempo, que é: T = M > C (T = tempo; > = maior, acima; C = velocidade da luz).
[[DESORIENTAÇÃO]] - Às vésperas dos 60 anos, longe dos Mutantes, quais seus planos para o futuro?
Arnaldo Baptista - Pesquisas na Tecnologia-Definitiva. Provar meus pontos de vista; fictícios ainda. E, também, expor minhas obras de arte como artista plástico que sou.