quinta-feira, 12 de julho de 2007

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Máquina do tempo: Junho de 1970

Sexo, drogas e peitos à revelia

Marco do soft-porn-kitsh, Beyond the Valley of the Dolls
está anos-luz da monotonia da indústria pornográfica

Rever o cult-movie Beyond the Valley of the Dolls (Além do Vale das Bonecas) é bom para sacar que, em tempos de liberação geral, o gênero erótico deu uma constrangedora brochada. Dirigido pelo lascivo Russ Meyer – que tem na filmografia clássicos under como Faster Pussycat!, Kill! Kill! e Mudhoney (Mark Arm não nega a fonte das suas poluções noturnas...) – Beyond... ostenta a insígnea camp que fascinou roqueiros delinqüentes como os New York Dolls, cujo pendor à estética depravada louva a produção de junho de 1970. O filme conta as libertinas aventuras da banda de rock The Carrie Nations, um protótipo riot grrrl teleguiado por garotas gostosas e safadas em colisão rumo ao estrelato.
Bem trashona em algumas ocasiões e deliciosa, em outras, a trilha sonora foi hit na época: o tema "In the Long Run" escalou o topo da parada norte-americana; e a banda Strawberry Alarm Clock (que participa do filme cantando a pop-psicodélica "Incense & Peppermints" numa festinha de embalo) chegou à primeira colocação nos EUA. Na verdade, Beyond the Valley of the Dolls é um pastiche satírico do romance O Vale das Bonecas, de Jacqueline Suzan – um libelo sobre modernização feminina, decepções amorosas e ingestão desumana de barbitúricos. Meyer, que lançou a categoria sexplotation, verteu o best-seller de Suzan num extravagante enredo sobre rock, drogas, orgias psicodélicas e mamilos em profusão.
Em 2001, o jornal Village Voice colocou Beyond the Valley of the Dolls na 87º posição de uma lista que elegeu as grandes filmagens do século. Sem noção? No ano passado, o filme saiu pela primeira vez em DVD, com extras e entrevistas. Veja com seus próprios olhos.

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