terça-feira, 25 de setembro de 2007

cHAPARRAL

Depoimento da crítica de música e cinema Ana Maria Bahiana - autora do livro Almanaque dos Anos 70 e ex-secretária de redação da Rolling Stone na sua versão pirata - para meu trabalho de final de curso, sobre as vanguardas e o Punk.
Luxuosa orientação do cineasta e ex-replicante Carlos Gerbase (Tolerância, Sal de Prata). Bahiana tece sábia metáfora com o chaparral, um tipo de vegetação rasteira típica dos estados da Califórnia, Nevada e Arizona, para explicar a tensão auto-comburente do Punk.

O chaparral é a vegetação típica das regiões de transição às margens do deserto e, provavelmente, a paisagem natural mais filmada do mundo, uma vez que está presente, inexoravelmente, em qualquer coisa que seja rodada num raio de 200 km de Los Angeles. O chaparral não é bonito nem feio, mas tem uma característica notável: pega fogo sozinho. O chaparral pega fogo até hoje, e até os hoje bombeiros da Califórnia entram em estado de ultra-alerta entre agosto e outubro.
O chaparral pega fogo porque tem uma combinação única de óleos vegetais altamente combustíveis sob o calor do sol. E o chaparral pega fogo porque essa é sua forma de se reproduzir: com o calor do fogo abrem-se os diminutos cones que contêm as sementes da próxima leva de chaparral. As sementes caem na terra calcinada, germinam durante o inverno e brotam no início da primavera num chaparral tão mais espesso e mais abundante quanto forem intensos os fogos de outono.
Por que a música seria diferente do chaparral, se ambos giram na mesma espiral que não tem começo e jamais terá fim, e que podemos chamar de vida? O novo nasce sempre, irresistivelmente, e nascer é tarefa dura, que exige sangue e dor entre os humanos. Destruir nem sempre é ruim: o que se destrói hoje alimenta o que vem depois, que por sua vez será destruído. O Punk destruiu e foi destruído, por isso vive sempre, tanto naquilo que destruiu quanto no que gerou. O preço da tábula rasa é aceitar que se construa sobre ela.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

yOUTH iNTERNATIONAL pARTY


Primeira parte de um artigo sobre a Youth International Party, os Yippies. No apogeu do flower power, eles tocaram o horror na sociedade norte-americana com táticas de guerrilha midiática. "Misturamos a política da nova esquerda com um estilo de vida psicodélico. Nossa maneira de viver, nossa própria existência, nosso ácido e nosso rock, aí está a verdadeira revolução!", pregava o profeta do grupo, Jerry Rubin. Perservere na leitura e descubra porque o levante punk (é...) tem tudo a ver com frekagem.

Nossa música é uma reação a toda essa babaquice de paz, amor e felicidade. Os hippies ficam tentando te convencer de que o mundo é uma maravilha, mas é só olhar ao redor para ver em que merda estamos" (Ozzy Ousborne)

CRISTIANO BASTOS

Sempre que por algum pretexto – saudosismo, moda, revisão histórica – os ideais propagados na década de 60, no auge da era “paz e amor”, regressam à sociedade pela implacável lei nietzschiana do eterno retorno, dois arquétipos fatalmente assaltam as interpretações. Na verdade, são estereótipos facilmente desvendáveis. Mas, caso você não tenha a mínima idéia de que modelos são esses, há um teste bastante simples para identificá-los. Siga as instruções: primeiro, pense num tipo riponga. Em seguida, deixe que a primeira e mais espontânea personificação se materialize na sua mente.

Cá entre nós, responda: involuntariamente veio-lhe à cabeça a estampa de um hippie pacifista (ou um bando deles) metido numa daquelas marchas a favor da paz que, no fim das contas, nunca levaram a nada - não foi? Agora repita o teste. Tente, dessa vez, imaginar ícones da época. Constate se a imagem formada, paradoxalmente, não tem a ver com beligerância. Pondere, no entanto, se essa beligerância não é a de rebeldes ídolos juvenis, cujas “mensagens de protesto” foram transcodificadas pelo sistema em um comércio rentável como poucos. Foi ou não foi?

Quem, submetendo-se a inutilidade desse exame, poderia supor que a maioria dos movimentos de constestação jovem que iniciaram a contracultura dos anos 60 são influências, na verdade, da revolta Provos (de provocador) holandesa, por exemplo? Não é do Provos de Amsterdam que falaremos aqui, mas é certo que, sem ele, possivelmente a esquerda hippie norte-americana e o Maio de 68 francês (cânones da contracultura) tivessem ficado sem antecedentes de muitas das táticas que adotaram para serem percebidos na esfera política.

Talvez também não aprendessem uma das palavras mágicas que lhes garantiu politização e que se tornou emblema desse tempo: consciência. Especialmente no caso da juventude norte-americana, que ao contrário da européia, responsável por levar o fardo de uma esquerda já institucionalizada, não possuía a experiência rebelde e contestatória da contracultura. Da mesma forma que as suas minorias éticas e culturais, que não encontravam respaldo político nas formas tradicionais de representação, como sindicatos e partidos.

Nos anos 60 - como ainda hoje -, espetacularizar a paz, a decadência e a celebração de sexo, drogas e rock era uma concessão menos arriscada que permitir a alas hippies coléricas que submergissem do underground. Renegá-las, provou que o sistema, no caso da cultura hippie, procurou ressaltar apenas as pretensas qualidades e as inúmeras vicissitudes dessa geração. Tolerá-las, significaria admiti-las como parte do show - liberdade que, enfim, não seria boa para o zelo do stablishment. Sabiamente o sistema soube ocultar os fatos realmente perigosos à sua sobrevivência, em detrimento de outros - de aparência igualmente perigosa, embora inofensivos na sua proposição.

Expor a face lasciva, decadente e estereotipada da juventude hippie revelou-se uma das formas de proteção mais eficientes contra a insurgência de levantes que não propunham apenas a dissipação, mas a (des)construção de uma realidade. Mas, ainda que com as rédeas ideológicas sob controle, o sistema não evitou a virulência de grupos hippies de extrema esquerda que invadiram a cena - o chamado “estilo freak de agitação política”. Grupos como os Yippies (Youth International Party), formados por hippies anarquistas, não chegaram a renegar totalmente o binômio paz e amor, mas agregaram a ele importantes fatores estratégicos.

Os yippies, liderados pelos agitadores Abbie Hofmann e Jerry Rubin, pertenciam a mesma linhagem de outros movimentos raivosos da época - como os Motherfuckers (de John Sinclair), os White Panthers (uma corruptela branquela dos Black Panthers), os Diggers (anarquistas psicodélicos) e os Black Panthers (o poder negro) - e eram, na sua maioria, estudantes egressos da subcultura flower power. A principal exigência Yippie foi por mudanças sintonizadas com o novo modo de viver da juventude: um peculiar estilo que exaltava o rock, as drogas e a política de esquerda. Segundo a definição expressa por Rubin, ex-líder estudantil da Students for a Democratic Society (SDS), “os yippies são os verdadeiros revolucionários da Era de Aquário”:

"Misturamos a política da nova esquerda com um estilo de vida psicodélico. Nossa maneira de viver, nossa própria existência, nosso ácido e nosso rock, aí está a verdadeira revolução!". Com declarações como essa Rubin garantiu aos yippies a notória fama de hábeis manipuladores da opinião pública. A agitação política do grupo, toda arquitetada em atos teatrais e simbólicos, tinha como alvo direto a mídia. Poucos, como eles, valeram-se tão bem da máxima contemporânea do “use a mídia” para o fim de seus propósitos.

Justamente por se apoderarem dos aparatos de mída - e, posteriormente, por se apropriarem de redes privadas de telecomunicações -, os yippies ganharam o status de primeira vanguarda de hackers modernos. É patente deles a subversão de sistemas telefônicos conhecida como phreaker (neologismo entre as palavras freak-phone-free). Motivados pelo valor exorbitante das chamadas de longa distância, praticado pelo monopólio da Bell Telephone, os phreakers criaram a Caixa Azul, um dispositivo que evita a cobrança de taxas telefônicas.

A ousadia só fez aumentar o caráter periculoso e subversivo do grupo, e os integrantes se tornaram foras-da-lei procurados em todos os Estados Unidos. Em 1971, Abbie Hoffman e Jerry Rubin fundaram a primeira revista hacker da história, a YIPL/TAP (Youth International Party Line - Technical Assistance Program), que ensinava passo-a-passo como montar um sistema phreaker. Havia, nessas ações, contudo, um forte apelo lúdico e a intenção de zombar com as situações: utilizando livremente as redes telefônicas, os yippies promoviam as famosas party lines. Nessas festas “em linha”, participavam pessoas dos mais diversos lugares do mundo e ninguém pagava nada.

Foi mesclando política esquerdista e as idéias da contracultura à parafernália dos meios de comunicação, que os ativistas yippies pediram o fim da guerra do Vietnã, reivindicaram a legalização da maconha, o direito de voto para maiores de 12 anos e a suspensão desse direito para cidadãos com mais de 50. Terroristas da mídia, eles também quiseram manipular a opinião pública por meio de algumas manifestações que, todavia, nunca ocorreram: colocar LSD num imenso reservatório de água, organizar uma marcha de 20 mil hippies nus e tomar de assalto o escritório da National Biscuit Company em Chicago, para exigir a distribuição gratuita de biscoitos entre a população pobre, foram ofensivas nunca concretizadas.

As especulações que estas pretensas tomadas de atitude tiveram na mídia, entretanto, as tornaram contundentes simbologias. Rubin, principal porta-voz da contestação midiática do movimento – autor da cartilha revolucionária Do It! –, anos mais tarde, admitiu que a mídia é uma arma sem precedentes. Tão poderosa para incitar pessoas quanto qualquer retórica política. Porém, da qual é praticamente impossível, uma vez tornando-se algoz dela, sobreviver incólume às suas manobras.

Em ações reais, de uma audácia que alterava a ordem – inclusive econômica – dos Estados Unidos, os yippies causaram rebuliço na bolsa de valores ao jogar centenas de notas de dólares de um mezanino na cabeça dos operadores de mercado. Estes, obviamente, deixaram imediatamente seus postos para esgoelarem-se atrás do dinheiro. Resultado: desequilíbrio instantâneo das cotações. Na Inglaterra - quando Rubin se reuniu a grupos revolucionários para formar uma seção britânica da Youth International Party –, vilipendiaram milhares de telespectadores ao invadir o programa líder de audiência David Frost Show. Imagens gravadas do programa, mostram 14 yippies ingleses liderados por Rubin munidos de pistolas d’agua e fumando maconha ao vivo no estúdio. Entre eles, a futura punk Caroline Coon. O mais célebre “recruta” yippie na inglaterra, no entanto, foi o beatle John Lennon - apesar de sua declaração de que “o sonho havia morrido”.

De volta à América do Norte, a Youth International Party organizou um Human Be-In* na Estação Central de Nova York na hora do rush. Meta: somente chamar a atenção das pessoas que tentavam retornar aos seus lares após um dia de trabalho. Também lançaram Pigasus, um suíno, como candidato à presidência dos Estados Unidos em 1968. Para difundir as tensões políticas da época em diversões inerentemente juvenis e como alternativa aos grupos de esquerda formais, Jerry Rubin e Abbie Hoffman tiveram a idéia de criar um militante festival de música, o Festival of Life, que ocorreria durante a Convenção Nacional do Partido Democrata, no Lincoln Park, em Chicago (durante a convenção, os yippies designaram Pigasus para representá-los entre a classe política). O conceito do festival era a fusão de categorias artísticas multidisciplinares, interligadas pela participação conjunta de escritores, atores, músicos e cientistas.

Os head liners Allen Ginsberg e Timothy Leary, acompanhados dos músicos Arlo Guthrie e Phil Ochs, das bandas The Fugs, MC5 e Country Joe and The Fish e do grupo teatral The Bread and the Puppet Theatre, conduziram o evento, que se destacou pelo cunho político-dramaturgo-literário-musical-psicodélico. A celebração, entretanto, acabou ficando somente com a conotação da repressão dirigida pelas autoridades e a proposição de "celebrar a vida" tornou-se apenas uma efêmera idéia na cabeça dos yippies. O ápice do incidente aconteceu durante o show da banda MC5 (banda empresariada pelo ativista John Sinclair), quando tropas da polícia chegaram para reprimir os calorosos protestos.

A brutalidade da polícia, sem saber como agir contra os arroubos de espírito típicos dos yippies e demais agitadores presentes, transformou o nonsense desse teatro de guerrilha em explosões de violência. Na ocasião, agindo sob a bandeira do grupo paralelo Chicago 7, Abbie Hoffman, Jerry Rubin, Tom Hayden, Dave Dellinger, Bobby Seale, Renni Davis, John Froines e Lee Weiner foram indiciados por conspiração. Assim como os Black Panthers, que foram dizimados pelos golpes sujos de Edgard Hoover, chefão do F.B.I – que permitiu a introdução da heroína nos guetos negros –, os yippies foram caçados como inimigos públicos da segurança nacional.

O caso, conhecido pelo Julgamento da Conspiração de Chicago, tornou-se um dos mais famigrados, senão um dos mais atribulados da história dos tribunais norte-americanos. Até mesmo durante a defesa os yippies procuraram enfatizar sua tendência sarcástica, o que os levou a uma acirrada discussão com o juiz Julius Hoffman. Terminaram condenados à prisão por desrespeito à corte e o incidente colaborou para a desintegração do grupo. Abbie Hoffman, preso por porte de cocaína em 1973, terminou nos anos 80 por adotar o estilo de vida yuppie (ganhando fortunas palestrando em universidades), que viria a ser toda a antítese dos ideais yippies. Em 1989, Hoffman morre em decorrência de uma overdose de drogas.

O articulista Richard Neville, escrevendo para o periódico engajado Play Power, em 1970, explica como certas atitudes subversivas podem ser aceitas para que outras não se sobressaiam. Neville coloca que a criação de uma contracultura - na sua opinião um acontecimento que não se pode prever, fenômeno que surge independentemente -, mais do que qualquer efeito, tem profundas implicações políticas. Ele questiona: "Porque, enquanto o sistema, com seu talento para a sobrevivência, pode absorver políticas, não interessando o quanto radicais ou anarquistas elas sejam (abolição da censura, a saída do Vietnã, maconha legalizada, etc.), por quanto tempo pode agüentar o impacto de uma cultura alienígena? – uma cultura que é destinada a criar um novo tipo de homem?”.

* Os Human Be-In reuniam milhares de adeptos da cultura flower power que se juntavam para celebrar os temas que difundiam: música, liberação sexual, literatura, política de esquerda e estilo de vida alternativo. As bandas Merry Pranksters e Greatful Dead foram as mais engajadas, organizando eventos grátis ao ar livre que conectavam música e catarse psicodélica. O First Human Be-In, em janeiro de 1967, realizado no Golden Gate Park, em San Francisco, serviu de modelo e motivou empresários da indústria fonográfica a patrocinar o Monterey Pop Festival – encontro que antecedeu o grandioso - em termos de marketing, público e atrações - festival de Woodstock, em 1969.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

o sÉCULO rEBELDE

Em 2001, finalizei uma grande reportagem sobre o legado das vanguardas históricas na arte do século 20. Por cima: como Dadaísmo, Surrelismo, Cubismo e outros ismos influenciaram (essa é a palavra) manifestações contemporâneas da arte - do CoBrA ao Critical Art Ensemble. E extemporâneas, como o modernismo brasileiro e a Poesia Concreta. A longa análise, que não foi publicada na época por razões comerciais da revista APLAUSO, será capa da edição de dezembro. Com enfoque adaptado aos cinco ou seis anos que se passaram - obviamente. Alguns depoimentos que colhi com fontes respeitáveis:
Décio Pignatari (poeta concreto)

O século 20, na abordagem do poeta paulista Décio Pignatari, foi o "século dos séculos". Na década de 50, ao lado dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos, Pignatari foi responsável pelo lançamento mundial da poesia concreta (vanguarda com bases no Brasil), que decretou a morte do verso como recurso poético. Experimentação, termo-chave para entender a arte produzida nessa época, diz Pignatari, é conseqüência do principal fator operante naquele momento, a industrialização. Revolução que desencadeou todas as demais: "Na arte, foi a era do experimento. Na imagem, a fotografia e o cinema; primeiro, em preto e branco, depois, em cores. Na música, a concreta, de ruídos, serial, dodecafonista. O cubismo, na pintura. Depois de Flaubert, na literatura, apenas novidades: de Joyce a Proust, a reforma no romance. Em poesia, então, nem se fale: Apollinaire, Pound, Eliot", pontua.

Claudio Willer (poeta de filiação surrealista)

Em meio ao estrondoso alarido que foram as vanguardas históricas é improvável uma opinião unânime – favorável ou não – quanto ao legado que deixaram. Herança que, positiva ou negativa, incontestavelmente manifesta-se nas inúmeras encarnações contemporâneas da arte. Na opinião do poeta surrealista Claudio Willer, o "poder subversivo da imaginação", que as vanguardas trouxeram à arte, é uma postura que ainda está valendo. No caso do Surrealismo, diz Willer, tem de ser pensado como um movimento de idéias, voltado à relação entre poesia e vida: "Em meados do século 19, Baudelaire, na sua crítica ao realismo submisso ao mundo, já chamava a imaginação de a rainha das faculdades. Essa postura crítica ainda continua valendo", atesta Willer.

Augusto de Campos (poeta concreto)
Para outro poeta de filiação concreta, Augusto de Campos, a contenda – se as vanguardas vingaram ou malograram no intento de rejuvenescer uma arte já senil e discursiva – está superada. Campos afirma que elas agiram positivamente e, mesmo que ao renegar o discurso, terminaram por ditar outros (como na miríade de manifestos escritos), ainda que libertários quando surgiram: "A sublevação das primeiras vanguardas operou transformações fundantes na linguagem artística, colocando-a em sintonia com o seu tempo", coloca. O concretista ainda reforça: "É claro que elas deram certo, pois não há artista posterior significativo que não tenha sido tocado de algum modo pelas suas propostas. É uma evidência histórica que nem cabe mais discutir", diz Campos.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

cOISA dE lOUCO II (1994)

Continuação dos melhores discos do rock gaúcho eleitos pela votação da revista Aplauso, em ordem aleatória....
Vanguarda, regionalismo, rock, pop, dodecafonia, atonalismo, multiplicidade temática, jovem-guarda. Todas essas vertentes sonoras - e muitas outras - definem o álbum Coisa de Louco II, o debut em CD da Graforréia Xilarmônica que teve como base a famosa demo tape Com Amor Muito Carinho, lançada pelo selo Vórtex em 1988.
Produzido por Carlos Eduardo Miranda, o Gordo Miranda, e gravado em Porto Alegre, o primeiro disco da Graforréia foi uma aposta da finada Banguela Records, selo distribuído pela Warner de propriedade dos Titãs. Na época, Miranda mostrou o disco para o produtor grunge Jack Andino (Nirvana, Titãs), que se mostrou encantado com as peripécias musicais da banda gaúcha.
"Eu" e "Nunca Diga", dois hits do disco, foram gravados pelo Pato Fu e alcançaram algum sucesso radiofônico nacional e ajudou a difundir a banda. A milonga-rock "Amigo Punk" rompeu as fronteiras sulistas e, hoje, é cantada em coro nos mais longínquos redutos alternativos do Brasil, graças à movimentação do rock independente e da participação da Graforréia nos pŕincipais festivais de rock independente do país.
Mas é com o nonsense irresistível das letras que a banda arrebanha, a cada temporada, novos fãs. A Graforréia, pontua o músico Marcelo Birck (que fez parte da primeira formação e divide com Frank Jorge maior parte das composições do álbum), sempre abusou das letras como recurso para se fugir do conteúdo semântico.
Criar letras era uma dificuldade geral e uma discussões da época era sobre o português ser um idioma complicado para cantar rock: "Como não tínhamos a intenção de compor em inglês, a solução foi partir para espontaneidade, letras sem a menor pretensão de fazer sentido e, na maioria das vezes, criadas de improvisos. O critério de seleção era sempre o primeiro impacto causado por uma idéia lançada durante as sessões de composição, que geralmente aconteciam nos ensaios", conta Frank.

tUNE iN

Technicolor Web of Sound - Sixties Psychedelic Radio é um grande encontro pra quem gosta de vagar pelo espaçoso Planeta Anos 60. Playlist interminável com o mais fino peyote do período. Bom pra ligar, esquecer e - pra quem curte - perfeito pra ouvir trabalhando. Legal que o site dá informações sobre cada uma das bandas.

Aí vai uma lista das bandas que estavam tocando logo após essa postagem. Fora as conhecidas The Amboy Dukes e Mamas & the Papas, alguém já ouviu obscuridades como The Koobas e The Cadaver? Talvez o Plato Dvorak, esse com certeza...

The Amboy Dukes - The Jorney to the Center of the Mind
The Mystery Trend - Johnny Was A Good Boy
Acid Talk - Psychedelic Circus
101 Strings - Flameout
Jefferson Airplane - Share A Little Joke
Pepper & The Shakers - Semi-Psychedelic (It Is)
The Cadaver - Haven't Got The Time
The Mamas & The Papas - Monday, Monday
Condello - The Other Side Of You
Majority One - Charlotte Rose
Apple - Photograph
The Koobas - Face

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

mEDO!

Entre pra Maçonaria e descubra que diabos aqueles caras fazem por lá. Se alguém voltar com vida, conta pra gente depois?

Auto-definição da Ordem Rosacruz:
A presente Ordem Rosacruciana é a beneficiária espiritual das antigas Escolas de Mistério que floresceram no Egito, Babilônia, Grécia e Roma há muito tempo atrás
Ramificações maçônicas: Lions Club, Rotary Club, The Daughters of the Nile (As Filhas do Nilo), Amaranth, Grotto, Cavaleiros Templários, Rito de York, Illuminati, Skull and Bones (Caveira e Ossos), Ordem do Dragão.

wU-mING



Por um membro do alto escalão de Vive Le Flesh Nouveau!:
Descubra porque todo mundo (e ninguém) é um artista.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

rIO cURVILÍNEO

A cédula de identidade não mente: o cara se chama Flavio Basso. Com esse nome de ascendência italiana, ele foi frontman dos Cascavelletes, uma das bandas que inventou o rock no Rio Grande do Sul e cuja (má) fama está registrada em artefatos como "Menstruada", "O Dotadão" (gravada pelos Ratos de Porão) e "Minissaia sem Calcinha".
Nos vetustos 1989, Basso protagonizou um dos grandes momentos de picardia do rock brasileiro quando o semi-hit "Nega-Bom-Bom" (do refrão bubblegum "Bom-bom-bom faz aquela nega do outro lado daquela rua/Baby/Punhetinha de verão") entrou na trilha sonora da novela Top Model.

Flavio Basso, então, saiu de cena. Voltou realinhado, anos mais tarde, folk e dylanesco, como Woody Apple - mas também foi fogo de palha. Transformou-se em Júpiter Maçã, alcunha com a qual lançou o clássico A Sétima Efervescência, com devidos créditos a Timothy Leary, Albert Hofman e aos laboratórios Sandoz. Mas não durou. Num ataque semântico-artístico, renomeou-se outra vez como Jupiter Apple e adotou o inglês para embarcar de vez no desbunde do álbum Plastic Soda (1999). Em Hisscivilization (2003), a criatura seguinte, deu um passo a frente ao testar sonoridades que - é preciso perseverança, às vezes - não se decidem entre o indigesto e o incompreendido.

Recém-chegado da Inglaterra e ainda tentando achar a chave para voltar para "dentro da casinha", em Porto Alegre, Júpiter Maçã deu essa entrevista exclusiva para o site da Bizz. Aproveite para ouvir a inédita "Open Letter", gravada em 2000. Se você tem alguma idéia a respeito do universo e dos códigos jupiterianos, já sabe: não espere dele respostas convencionais para perguntas "mais ou menos convencionais". Ou você acha que é todo o mundo que fica um mês sem tomar banho, que se diz um "encantador de um rio curvilíneo" e que, um belo dia, acorda e pensa que é o John Lennon em pessoa?

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

sALVE o tUTTI-fRUTTI!


Vive Le Flesh Nouveau! quer reviver os dias dourados do grupo escocês Bay City Rollers, dos hits "Bye Bye Baby" e "Shang-a-Lang". VLFN! fez contato com a editora da banda, a Remember, para negociar shows no Brasil. A tour dos Bay City percorrerá as cidades de Santo André (SP), Rondônia (RO), Cubatão (SP) e Gravataí (RS). Aguardem confirmação das datas. As entrevistas para a imprensa serão dadas pelo baterista Derek Longmuir - no poster, o terceiro da direita para a esquerda.




cINEMINHA

Dica de dois filmes que marcaram os anos 70: o perturbado Performance, de 1970 (recém-lançado no Brasil), e a fábula cult The Man Who Fell to Earth, de 1976. Mick Jagger e David Bowie, respectivamente, protagonizam as produções - ambas do mesmo diretor, o britânico Nicolas Roeg, o mestre do cut-up.

Performance (1970)
Performance, da dupla Donald Cammell e Nicolas Roeg, se transformou na produção maldita da Warner britânica. Era pra ser o A Hard Days Night dos Rolling Stones – o resultado, longe disso, é um pesadelo doentio em plena swinging london. Quase queimado, o filme sobreviveu graças ao brilho de Mick Jagger (no papel de uma estrela do rock decadente) e da exuberante Anita Pallemberg, ex-senhora Brian Jones. A edição brasileira adverte: conteúdo altamente violento, coquetel de drogas e perversão sexual.

The Man Who Fell to Earth (1976)

O Homem Que Caiu na Terra (The Man Who Fell to Earth), baseia-se na história de um humanóide que fica rico entre os humanos ao vender sua tecnologia avançada. David Bowie como astro da adaptação do romance de Walter Tevis. No elenco - além de Bowie na pele de um mezzo Ziggy Stardust e mezzo Thin White Duke -, os atores Rip Torn, Bernie Casey e Candy Clark.

vIVE lE fLESH nOUVEAU! aINDA vIVE



Seita inclinada à direita prega trepanação, exaltação à carne, trapaça punk, fornicação interplanetária e hostilidade estética como preceitos religiosos


Mas a questão é: você toparia converter-se a uma crença que se diz a mando de entidades espaciais, que preconiza uma nova carne e cuja proposta de elevação espiritual é um buraco no crânio? Se, por diabos, sua resposta foi “sim, eu me converteria”, então é certo que há um lugarzinho garantido pra você na seita jovem Vive Le Flesh Nouveau! (VLFN!). Se, entretanto, você achou isso tudo apenas mais uma sandice desses tempos de demência generalizada, saiba que, ao menos, um grupo de lunáticos aposta todos os seus níqueis nisso.

Como ocorre na maioria das seitas, VLFN! começou com o velho clichê: um chamado. Segundo Marcel B-Venão, ministro iconoclastra da religião, precisamente com a perturbadora fita Videodrome – A Síndrome do Vídeo, do diretor canadense David Cronenberg. Uma força sobrenatural apoderou-se do filme: “Sabe aquela cena em que a barriga de Max Ren (James Woods) vira uma espécie de vagina esgaçada, depois um videocassete e a sua mão direita se transforma numa arma de fogo? Houve um "pause" - foi quando Ren tomou a minha mente de assalto.
O sujeito me vídeo-abduziu”, garante B-Venão. Com o indicador em riste, o ser encarnado na imagem de Ren ordenou: “Foste escolhido para criar Vive Le Flesh Nouveau! – a simbiose entre a carne e os raios catódicos. Conduza o homem ao próximo estágio evolutivo”, instruiu a imperativa voz. “Nos comunicamos por meio de vídeo-tapes gravados”, confidencia o pastor.

VLFN!, explica o líder religioso, é obra de entes extraterrenos conhecidos como zeta-reticulianos. Ele diz contatá-los de quando em quando. Descreve-os como cinzas, baixos, altura entre 1,20 a 1,40m, crânio grande e pelado e olhos rasgados - tipo japa. “Eles têm grande domínio da telepatia e integram uma mente grupal sui generis. O propósito dos reticulianos, e portanto de VLFN!, é o domínio da humanidade”, afirma.

Embora frequentemente confundidos com grupos de arte contemporânea (foram capa do mais cultuado suplemento de cultura do país numa reportagem sobre a(r)tivismo), eles negam a pecha e cagam pro lance: “A única verdade nisso tudo”, confidencia B-Venão, “é que também nos indentificamos como um levante contra o sistema cultural e contra aquilo que denominamos de ‘arrrte’’”. Por isso, eles também são adeptos do que intitularam “marketing vilipendioso”.
Uma das formas utilizadas por VLFN! pra difundir suas mensagens niilistas, são t-shirts francamente plagiadas da estilista britânica Vivienne Westwood (esposa do sujieto que forjou os Sex Pistols, Malcom MacLaren). As camisetas vêm estampadas com frases imperativas, sempre seguidas de uma exclamação: “Trepe nas ruas!”, Não há limites para nossa total ausência de leis!”, “Pleonasme-se ou morra!.VLFN! também é a favor da bebedeira desenfreada, dos atos gratuitos e do sexo pelo sexo.
No texto “Chute o traseiro dos indies”, declaram sua aversão aos alternas, esportistas cosmopolitas, publicitários, cineastas, clubbers, onanistas da arte e a arte em si e conclamam a “todos aqueles que partilham desse sentimento para que, ao topar com um desses blasé passeando pela rua de mãos dadas com a sua namoradinha escrava da moda, que os encurrale, chute o traseiro de ambos e os sujeite a cruéis brincadeiras vis”. No final, o mea culpa: “Flesh Nouveau! parte do pressuposto de que é possível – e bom –ser facista quando isso for pragmático para você. Vamos desconstruir tudo que a humanidade já edificou. A arte é o próximo alvo”, postulam.
B-Venão entrega que os reticulianos possuem uma quedinha pelas libertinagens humanas: “É, os caras são chegados, sim, à famosa fubangagem terráquea. Às vezes – somente às vezes –, ele admite que satisfaz alguns desejos de Ren chicoteando sua TV 16 polegadas, que se contorce e soluça de prazer. O sinal vem de longe, da estrela Zeta-Retículi. Uma trepada, portanto, a cerca de um bilhão de anos-luz.

O ministro B-Venão esclarece o papel do levante: “O trabalho de VLFN! é monitorar dispositivos (chips) implantados pelos reticulianos nas mentes de certos humanos escolhidos ainda na infância. De tempos em tempos os revisamos, sem que se deêm conta de que estão inteiramente envolvidos e submissos. Graças ao congraçamento com os reticulianos, em pouco tempo o pessoal do VLFN! acredita que poderá clonar a si mesmo, em úteros. E assim como os reticulianos, serão capazes de fabricar andróidesde aparência humana em massa para povoar o planeta terra.
A pré-estréia da seita foi celebrada com o culto Denúncia a Deus, em que VLFN! fez um “acerto de contas” com o Criador, o qual não estaria atendendo as "necessidades históricas de satisfação hedonísticas dos seres humanos”. A novidade é que o protesto não foi feito em uma igreja de arquitetura ortodoxa, mas numa moderníssima igreja inflável (o novo hype religioso da Europa entre católicos descolados) onde, espremidos, cabem cerca de 60 fiéis.
O templo de látex já vem de fábrica com arcos góticos e janelas e afrescos góticos e pode ser comprado pela bagatela de U$ 35 mil: “É uma verdadeira pechincha”, diz o ministro, que subiu ao púlpito de pvc da igreja vestido numa batina feita inteiramente de pele humana tatuada que arranjaram com a máfia japonesa de São Paulo. “Quem nos passou a pele foi um tipo chamado Wilson Amura, se não me engano. Apesar do jeito afetado, ele tinha os melhores preços do mercado”.
Agora, a seita está programando uma nova ação, a III Trepanação Pública Flesh Nouveau!. A trepanação, um rombo feito no crânio, é considerada a mais antiga prática cirúrgica da humanidade. Em tribos da África do Norte (rifkabyla e hausa), o procedimento ainda é usado para aliviar feridas de guerra infligidas à cabeça e também para libertar demônios obsediadores. Nos anos 60, o médico, hipster e louco de pedra, Barth Hughs, descobriu que a trepanação também poderia agir como eficiente expansora da consciência.
Em 1965, Hughs concluiu que a iluminação não estava, coisa alguma, em nenhuma religião e, sim, num rombo bem no meio da testa. Hughs defendia que, eliminada a pressão craniana, podia-se aumentar o fluxo de sangue pro cérebro e deste modo conseguir um efeito lisérgico.Pra que tudo corra como planejado, Flesh Nouveau! anda distribuindo instruções aos seus fiéis, que no total já somam uns 29 indivíduos: “Recomenda-se que os trepanados (iniciantes ou não) venham munidos de sua própria instrumentação cirúrgica: perfuradora elétrica, escapelo e agulha hipodérmica, para administrar a anestesia local”.

B-Venão exorta a todos: “Iluminem-se! Voltem a se sentir com 19
anos! Tenha a experiência mais mística da sua vida, depois da morte! Nós garantiremos a sua vida! Atestaremos a sua felicidade!”. VLFN! aceita contribuições em grana. Contate-nos que te passamos o número da conta.

VLFN! alinha seus textos somente pela direita!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

pLATO & oS eXCITERS

Plato Dvorak, o destemido compositor por trás de bandas como Père Lachaise, Lovecraft e Momento 68, andava sem paradeiro fixo, mas ressurgiu transbordante de idéias e com um novo experimento: a Plato & Os Exciters. O autor de gemas pop-psicodélicas como “Amônia”, “Turbilhão de Emoções” e “Caminhando sobre Paralelepípedos” situa a nova fase entre as profundezas do rock e as canções tempestuosamente pop: “The Who, Patti Smith, Television, Love e Syd Barrett são os meus mentores. Estética já foi uma crença - hoje acredito na essência”, revela Plato.

Nessa entrevista exclusiva, Plato Dvorak (na foto, dando um duro danado) e Leonardo Bonfim (seu novo escudeiro na banda Plato & Os Exciters) falaram sobre filmes, fórmulas psicodélicas e o imaginário ao redor dessa lenda maldita do rock de Porto Alegre.

Uma palinha:

Qual o artista psicodélico mais subestimado da história do acid rock?
Plato Dvorak - Alexander Spence, do Moby Grape, que lançou o disco solo OAR em 1969. Ele chafurdou nas drogas sem saber aonde elas o levariam. Atualmente estou lendo um livro sobre isso: The Acid Archives, que fala dos artistas psicodélicos e outras loucuras do gênero - de 1964 a 1982. É fascinante. Tentem encontrar no google e saber mais da história do under do underground.

rENEGADOS

The Renegades poderia ser a última das bandas beat perdidas dos anos 60 - só que, hoje em dia, nada que era do passado fica perdido por muito tempo.
Os renegados não estão no clássico box set Nuggets, que junta artefatos originais da primeira era psicodélica (dos anos 65 a 68, na linha do tempo rrrock) e deliciosas bandas one hit wonder. E não sei se eles estão na envenenada caixa Peebles, com os b-sides bizarros do período.
The Renegades são de Birmingham, na Inglaterra. Na década de sessenta tentaram a sorte em países como Itália e Holanda. Se deram bem na Finlândia, onde foram muito populares. Em 1966, apareceram no filme Top Rally, dirigido pelo islandês Yrjo Tahtela. O disco Story tá disponível lá no Rapidshare.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

bORN tO bOOGIE


Com o fim da era beatle, no início da década de 70, um novo fenômeno apoderou-se da juventude britânica - a trextasy, cuja banda T.Rex, do legendário Marc Bolan (na foto, cercado por Elton John e Ringo Starr), era o grande frisson. O delírio em torno da banda era tão grande que, com a dissolução dos Beatles, Paul McCartney chegou a afirmar: "somente T.Rex e Slade têm condições de substituir, em público, o feito alcançado pelos Beatles". E de fato, foi isso mesmo o que ocorreu.

Slade e T.Rex predominaram nas paradas européias pelo menos por três anos, de 1972 a 1975, período em que o gênero glitter - ou glam rock - reinou absoluto por todo o velho continente. O extraordinário sucesso do T.Rex, responsável por emplacar vários hits no número 1 do Top of the Pops britânico ("Bang a Gong {Get it On}", "Hot Love", "Metal Guru", "Telegram Sam"), chamou a atenção do baterista Ringo Starr, que resolveu encabeçar o projeto de um filme sobre o T.Rex bancado pela produtora Apple, de propriedade dos Beatles. Em 1974, o próprio Bolan anunciava: "o glitter está morto".

O filme Born to Boogie, de 1972, ao lado de Ziggy Stardust, de David Bowie, é o principal documento histórico que retrata o que foi o gênero glitter na história do rock. Rodado em 16 milímetros e dirigido pelo próprio Ringo Starr, o filme foi lançado no ano passado nos formatos DVD e CD pela gravadora Sanctuary. Ambos são duplos e vêm repletos de extras que, até pouco tempo, permaneciam inéditos. O áudio foi remasterizado pelo produtor de longa data do T. Rex, Tony Visconti, que também produziu os principais discos da etapa glam de David Bowie.

Dá uma passadinha lá na página oficial do filme Born to Boogie, que tem uma série de materiais inéditos, fotos de Marc Bolan, estórias e curiosidades sobre o filme. Para ler todo esse artigo, clica aqui, ó.



terça-feira, 4 de setembro de 2007

eSPECTO sITUACIONISMO

[[ Talvez o vocábulo que melhor defina uma paternidade musical para o Punk seja "inextricável". Um timbre com essas qualidades, ainda que o Sex Pistols não tivesse sido forjado e lucrado as maiores condecorações do levante, em 1977, inevitavelmente teria se imposto com o legado sônico de grupos seminais como New York Dolls, The Kinks, The Stooges, The Who, Velvet Underground.
No plano da contestação de cânones artísticos e da retórica política, contudo, a genealogia do Punk tem outra ascendência. Uma análise que remonta as primeiras vanguardas de revolta contra a arte no século XX, os chamados "Ismos": Futurismo, Dadaísmo e o obscuro - mas de significação estética decisiva - Situacionismo]]
O trecho acima foi extraído do artigo "Destruição: o Punk Edificado em Guy Debord", que publiquei na revista portuguesa Mondo Bizarre e no ótimo site brasileiro Rizoma. As íntegras podem ser lidas nos dois links. Do mesmo texto, o trecho abaixo:
[[ (...) Da King Mob, Malcom Mclaren deu prosseguimento à farsa ao encampar frases de efeito da cartilha situacionista e aplicá-las aos Sex Pistols, dando-lhes semântica e alvos novos. "Fique Puto, Destrua!" (Get Pissed, Destroy!), de "Anarchy In the UK" (Anarquia no Reino Unido) - banida das rádios - e "Sem Futuro!" (No Future!), da música homônima, epistemologicamente, muito traduzem o apocalipse situacionista da arte, a qual, para ser realizada, deve ser destruída. Debord e seu séquito, contudo, não estavam nem um pouco interessados quanto à representação da King Mob em solo britânico. Um comentário realizado na Internacional Situacionista 12 evidenciava a aversão dos debordistas à fração britânica: "uma trupe chamada King Mob...passa-se, de maneira bastante errônea, por ligeiramente pró-situacionista"]]

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

lA cHATARRA dEL rOCK

Recebi dos caras da banda argentina Los Peyotes essa esplêndida fotinha. É só dar uma checada no visual desses tipinhos pra sacar o DNA dos Peyotes. Isso mesmo: primitive latin trash garage surf punk psichedelic sixties. The Standells, MC5, Count Five e The Sonics com aquele sotaque portenho. Saca só o “nombre” do cara que toca o órgão Farfisa: Víctor "La Pantera". Demais!
Os Los Peyotes são chegados num ultraje. Embora platinos, se dizem peruanos. A L.S.D, preferem a psicodelia telúrica movida à Ayahuasca. No som, apropriações perturbadas de liturgias religiosas germânicas e de missa crioula (!). Todas as influências peyotianas vêm sorvidas (e sugadas) dos b-sides sessentistas. A lógica deles é a seguinte: Los Shakers é melhor do que Beatles e The Mockers, mais legais do que os Stones. Por agora, afirma La Pantera, "vivemos num enclave dos anos 1962 a 1969".

The Cramps, Los Iracundos, Los Angeles Negros, Los Golpes, Los Destellos e Music Machine completam o mosaico da sujeira: "Somos muito inquietos e temos uma queda por toda a escória do rock. Somos parte dessa escória", confessa La Pantera.

rANKING é rANKING

Com inspiração declarada na edição 83 de APLAUSO, que elegeu os melhores e os piores discos do rock gaúcho, a revista TupanZine, de Brasília, resolveu fazer o mesmo na capital federal. Convocou jornalistas, músicos e pesquisadores para uma eleição que teve exatamente as mesmas regras e critérios do ranking de APLAUSO. O resultado deve sair na edição 52 do zine. O jornalista Fernando Rosa, gaúcho radicado em Brasília e editor do site SenhorF, que foi jurado nas duas votações. A comparação entre os rankings, em termos de qualidade, relevância e permanência de cada um dos álbuns, é mais do que válida. Segue aí.

Os 5 melhores do rock brasiliense para Fernando Rosa:

1 - Legião Urbana – Legião Urbana
2 - Plebe Rude – O Concreto já Rachou
3 - Raimuntos – Raimundos
4 - Proto(o) – Prot(o)
5 - Os Primitivos – Os Primitivos no Iê-iê-iê


Who's Next?