O segundo álbum o do De Falla, apelidado pelo vocalista Edu K de It's Fuckin Boring to Death (controverso, pois o nome só é perceptível na lombada do vinil), é o último disco da banda pelo selo Plug da major BMG.
Cercados pela crítica, que aguardava novo sopro de criatividade, o DeFalla não frustrou as expectativas: do pós-punk do primogênito LP, partiram pro crossover maluco de rap, funk e heavy metal, em 1988 - o que prova que estavam ligados nas últimas tendências estrangeiras que, há vinte anos, recém saíam do berço.
São perceptíveis as influências de Run-DMC, Beastie Boys e Red Hot Chili Peppers, sem que a banda perdesse de vista microfonias, vinhetas absurdas e letras fundindo português e inglês (como em "I Have to Sing a Song"). O De Falla também não fez concessões à peculiar obssessão pelos temas sexo & violência. O disco é um dos pioneiros do uso do sampler no Brasil. Entre outras colagens, quem prestar atenção pode sacar uma fala de Denis Hopper no filme Veludo Azul, de David Lynch.
Logo na abertura, a versão upgrade de "Como Vovó Já Dizia", de Raul Seixas, numa versão rap com muitos escratch e batidona arrasa quarteirão. Na opinião do guitarristra Mini, dos Walverdes, esse disco sintetiza parte importante do espírito do rock gaúcho - que é estar extremamente conectado no que está rolando mas, ao mesmo tempo, cultivar certa atitude de "não tô nem aí para nada": "Nesse álbum, a mistura de pop, hip-hop, rock, pós-punk e funk soa incrivelmente chinela e sofisticada ao mesmo tempo".
A insanidade prossegue faixa após faixa, como na versão desconstruída de "Revolution" (que era pra ser uma versão dos Beatles e, como não ficou nada semelhante à original, virou música do De Falla mesmo) e no hit "Repelente". O "lado B" começa com "It´s Fuckin Borin to Death" - cuja letra cita o filme Nascido para Matar, de Stanley Kubrick - e prossegue com o groove demoníaco de "Satã (é coisa do diabo)". Tonho Croco, da Ultramen, confirma a diversão: "Gastei o vinil e a fita cassete de tanto ouvir!".