PAR CRISTIANO BASTOS
Le double album Paêbirú - Caminho da Montanha do Sol(1974), enregistré par le duo Lula Côrtes & Zé Ramalho à Recife, Pernambuco, est un petit joyau onirique perdu dans un vieux bouquin psychédélique.
Selon Nemo Bidstrup, le directeur du label américain Time-Lag qui a réalisé la première édition originale de l'album en dehors du Brésil, ce disque est très lié au psychédélisme américain, anglais et européen.
Cependant, la teneur de la musicalité est bien «verte et jaune». «C’est une sonorité vraiment très brésilienne» observe-t-il. Il faut souligner que, depuis son lancement, il y a 35 ans Paêbirú semble avoir été touché par une malédiction.
Tout commence avec les aléas qui ont marqué son enregistrement et la perte de la plus grande partie du pressage original, emporté par les pluies diluviennes qui se sont abattues sur la capitale de l’état de Pernambouco en 1975.
En effet, 1000 des 1300 copies initiales ont été immergées, et le master a lui aussi disparu. Quelques exemplaires seulement ont survécu au désastre. Un original est maintenant évalué à plus de 4 milles reais (1200 euros).
C'est l'album le plus cher de toute la musique brésilienne. Tout comme le meilleur art lysergique de la planète, celui de Paêbirú est calqué sur le tellurisme.
Ce regard porté sur le traditionalisme indigène et le mythe de Sumé - une entité des Indiens Tupiniquins - est présent dans des titres comme Trilha de Sumé et Pedra Templo Animal. Mais l'album possède aussi son côté rocker que l'on retrouve dans des chansons comme Nas Paredes da Pedra Encantada et Raga dos Raios.
Guitare à 12 cordes, flûtes, rebecs, pianos, ukulélé, chocalhos et voix, créent un climat autour de ces chansons, réparties sur les 4 faces des deux vinyles:
«Terra», «Água», «Fogo» et «Ar» (terre, eau, feu et air).
Pour l'éditeur des disques du magazine Rolling Stone brésilien, Paulo Cavalcanti, Paêbirú prouve qu’il se passait des choses très étranges dans le nordeste brésilien, dans les années 70:
«L'acidité semblait démodée dans le reste du monde, mais elle a encore des échos dans la musique de làbas».
Paêbirú, um marco da psicodelia
O álbum duplo Paêbirú - Caminho da Montanha do Sol (1974), gravado pela dupla Lula Côrtes & Zé Ramalho em Recife, Pernambuco, é dessas jóias oníricas perdidas nos alfarrábios da psicodelia mundial.
Segundo o dono do selo norte-americano Time-Lag (que fez a primeira edição digital do álbum fora do Brasil), Nemo Bidstrup, o álbum guarda fortes conexões com a psicodelia norte-americana, inglesa e europeia.
Porém, o teor da musicalidade é "verde-amarelo"."É uma sonoridade decididamente brasileira", observa.
Todavia, Paêbirú segue maldito 35 anos após seu lançamento. Muito por causa das histórias que marcaram sua concepção, gravação e, por fim, a perda da maior parte da prensagem original, levada pelo dilúvio que em 1975 varreu a capital pernambucana.
Das 1.300 cópias inciais, 1.000 foram literalmente por água abaixo. E a calamidade ainda levou junto a fita master. Bem conservado, um original está avaliado em mais de 4 mil reais (1.200 euros). É o mais caro álbum da música brasileira.
Como a melhor arte lisérgica planetária, a produzida em Paêbirú também é calcada no telurismo. No caso, na ótica sobre o tradicionalismo indígena. O mito de Sumé, entidade dos índios tupiniquins, faz-se presente em títulos como Trilha de Sumé e Pedra Templo Animal.
Mas o álbum também possui sua faceta roqueira, manifesta em músicas como Nas Paredes da Pedra Encantada e Raga dos Raios.
Violas de 12 cordas, flautas, rabecas, pianos, okulelê, chocalhos e vocais climatizam as demais canções, repartidas nos quatro lados dos dois vinis: Terra, Água, Fogo e Ar.
Para o editor de discos da Rolling Stone brasileira, Paulo Cavalcanti, Paêbirú prova que coisas muito estranhas aconteciam no nordeste brasileiro, no anos 70: "A lisergia parecia démodé no resto do mundo, mas ainda ecoava na música de lá".
*Cristiano Bastos est journaliste, il est en train de terminer Nas Paredes da Pedra Encantada, un documentaire sur l’album Paêbirú, réalisé en collaboration avec Leonardo Bomfim et dont la sortie est prévue en 2010.pp
Publicado no magazine Brazuca, editado mensalmente na França (leia no original). Leia, também, a matéria da Rolling Stone "Qual é a música, cineasta", sobre os documentários musicais previstos para 2010.
Veja o teaser do doc Nas Paredes da Pedra Encantada: