Guitarrista do T-Rex, Bolan morreu tragicamente num acidente de automóvel aos 29, em 1977.
Editada em março de 1973, no formato 7' single, foi registrada apenas para ser b-side de “Free Angel” - que não foi hit...
Erro feio de cálculo.
Produzida por Tony Visconti, “20th Century Boy” sucedeu nas paradas o single “Solid Gold Easy Action”, de 1972. Um ano depois, Bolan lançava “The Groover”.
As três canções não deixam dúvida do quanto, naqueles dias, Bolan apostava no estilo criado por ele: o “avant-garde metal”.
"20th Century Boy"
No Reino Unido, a música foi chart #3 e inclusa, também, como bônus-track no maravilhoso álbum Tanx. De inegável rítmica/compressão/balanço, seus trovejantes riffs tomam de assalto os ouvidos mais incautos.
Pega de surpresa até quem ouviu "20th Century Boy" dezenas de vezes.
Para a soundtrack do (exagerado) filme Velvet Goldmine - que joga mais purpurina que devia sobre o glitter rock -, o Placebo releu a canção numa versão anoréxica.
Fac-simile sem nada de manha e sensualidade transbordantes do astro pop Marc Bolan.
Confira o 'suíngue maroto' de Bolan no televisivo holandês Muzik Laden (play it very loud!).
"20th Century Boy" ganhou versões de bandas como The Replacements e Siouxsie and The Banshees. Siouxsie, aliás, quase é uma versão feminina de Marc Bolan - da qual era fã desde meninota.
Em 1991, “20th Century Boy” voltou às paradas britânicas. Após ser usada num comercial da Levi's, entrou pro Top 20 inglês.
Estrelado pelo jovem, e totalmente desconhecido, à época, ator Brad Pitt (veja-o), o comercial deu-lhe fama.
Há quem diga: as locações são as mesmas do filme Thelma & Louise...
E os riffs de "20th Century Boy"?
São riffs tão simples (e poderosos!), que estão aí para dedilhar de aficionados nos milionários games Guitar Hero 5 e Rock Band Friends.
Para mim, facinho, facinho estrelariam um "3 mais" de todos os tempos.
Misteriosa, a letra é umas das melhores do cancioneiro rock-and-rol. Mas eu sou suspeito para falar. Ou melhor, para cantar:
Friend say it's fine, friends say it’s good
Everybody says: it's just like Robin Hood
I move like a rat, talk like a cat, sting like a bee
Babe i'm gonna be your man
And it's plain to see you were meant for me, yeah!
Na Terra do Sol Nascente, (Marc Bolan é tão amado quanto Pelé no Japão), "20th Century Boy" se grafa com estes ideogramas:
"Needles and Pins", cativantelovesong escrita originalmente por Jack Nitzsche e Sonny Bono (ex-Cheer), foi registrada pela primeira vez na loura voz da cantora Jackie DeShannon, para a qual especialmente fora composta.
Ano: 1963.
"Needles and Pins" é a típica canção de amor que as todas bandas "legais" um dia sonharam gravar.
Seduzidos pela sensual Jackie, The Searchers, Ramones e Turtles em estúdio materializaram suas próprias versões.
Versões ou poluções?
Na intimidade, quantos deles não sonharam com a petit blonde? Eu sonhei.
Deprimido, o guitar-hero do Led Zepellin, Jimi Page, para ela escreveu a doce-amarga "Tangerine". Está no disco Led II. Das mais lindas canções.
"Tangerine" é para Jackie, criada no amargor do coração partido de Page.
Curiosíssimo fato da "história do rock" (confirmado pela Sociedade Apreciadora de Jackie, nos EUA) aconteceu no Brasil:
O primeiro show de rock-n-roll feito no Brasil (Teatro Record de São Paulo, 1957) - Rock-n-roll Fantasy - contou com a púbere participação de Jackie Dee: uma lourinha de voz rouca de seus 17 aninhos...
No espetáculo, DeShannon imitava Elvis Presley com "energia atômica!", exclamava a divulgação do show.
O destino, porém, reservava para a ninfeta outro futuro: como talentosa (e respeitada) cantora e letrista. Jackie chegou compor para os The Byrds.
Inevitavelmente, ele sempre é comparado ao personagem criado pelo escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo, O Analista de Bagé, conhecido por seus métodos psicanalíticos pouco ortodoxos, como a terapia do "joelhaço".
O ex-baterista e um dos fundadores da popular banda Engenheiros do Hawaii (junto com Marcelo Pitz e Humberto Gessinger) agora atende em um confortável consultório em Brasília.
Sua especialidade? Astrologia e psicologia.
Maltz ficou na banda de 1985 a 1996, quando integrou a clássica formação conhecida pela sigla Gessinger/ Licks/Maltz. Farto do show business brasileiro, o judeu Carlos Maltz descobriu seu caminho ao se "converter" astrólogo, sua atual profissão de fé.
Em 1999, largou tudo e veio morar em Brasília com Ana Cláudia, sua atual mulher, com quem tem três filhas: Marianna, Rosana e Larissa. Em sua filosofia pop, Maltz, que também é psicólogo, afirma "beber em fontes junguianas, comer em mesas hollywoodianas e dormir em redes tropicalistas".
"Remixo R.E.M. com Jackson Pollock, Nietzsche com Zé Ramalho e sampleio as vanguardas artísticas, mas sem perder o trocadilho", diz.
Maltz, que nunca largou de vez as baquetas, diz que tudo ficou "alinhado" quando conheceu Brasília. Foi visitar um amigo que se mudara para a Capital Federal e aí... "Numa daquelas noites, sob o céu estrelado do Planalto Central, compreendi que mais uma etapa de minha vida havia chegado ao fim".
E do dia, ou melhor, da noite, ele se lembra bem: foi em 11 de agosto de 1999. "Dia do grande eclipse que marcou o início do período das transformações mais radicais a que nosso planeta assistiu".
Na cidade, abriu um consultório de astrologia e passou a dedicar-se exclusivamente ao novo ofício. No Centro-Oeste também montou sua nova banda, Irmandade Interplanetária, com a qual gravou dois álbuns que – francamente – não deram em nada.
Neste ano, Carlos Maltz lançou o primeiro livro: Abilolado Mundo Novo (editora Via Lettera). Sem papas na língua – até porque "o pop não poupa ninguém", conforme diz a música dos Engenheiros –, Carlos Maltz, um portoalegrense nascido às 18 horas de 24 de outubro de 1962, sob o signo de Escorpião, conversou com a revista ParkShopping em seu agradável consultório, no final da Asa Norte.
O eterno engenheiro do Hawaii, hoje "das estrelas", falou sobre a ex-banda, Brasília, Brasil, Era de Aquário, de "sincronicidade", palavra-chave que o levou, sem escalas, do The Police aos astros.
O destino traçou o futuro (de sucesso) dos Engenheiros muito cedo, você não acha?
Carlos Maltz – Os Engenheiros surgiram num tempo em que as coisas estavam acontecendo rápido na música brasileira. Para ter ideia, ganhamos Disco de Ouro com Longe Demais das Capitais, nosso primeiro álbum, de 1985. Na época, nem o Caetano Veloso tinha recebido um ainda. Por volta de 1990 éramos uma das maiores bandas do Brasil, ao lado de Legião Urbana, Titãs e Paralamas. Época em que os Titãs estavam inteiros e tocavam no rádio praticamente o tempo todo. Paralamas e Legião também. O rock nacional estava em alta, e nosso apogeu foi muito rápido. Começamos a banda em 1985 e um ano depois veio o Disco de Ouro. Tudo começou de forma “estranha”. Juntamos a banda apenas para fazer um show na faculdade de arquitetura, em Porto Alegre. Era janeiro de 1985. Estreamos no mesmo dia em que começou a primeira edição do Rock In Rio, no Rio de Janeiro. A gente não tinha a menor pretensão.
Coincidência "astrológica"?
Carlos Maltz – Exatamente. A Legião tinha acabado de estourar nas rádios brasileiras. Então, por volta de junho daquele ano de 1985, os caras das gravadoras estavam atrás de bandas fora do eixo Rio-São Paulo. Queriam encontrar bandas fora e, então, buscaram em Porto Alegre e Brasília. Na época teve o festival Rock Universitário, em Porto Alegre. Os Engenheiros do Hawaii tinham estourado na cidade com a música "Sopa de Letrinha". Nos deram, então, a décima vaga nesse festival, para o qual veio um olheiro da RCA, que lançou o antológico pau de sebo Rock Grande do Sul. Dessas dez bandas do festival, o olheiro escolheu cinco: nós, Garotos da Rua, TNT , DeFalla e Os Replicantes. Para nós deu certo. Estouramos as duas músicas, "Sopa de Letrinha" e "Segurança" no Rio Grande do Sul, embora a aposta da gravadora, na verdade, fosse em Os Replicantes.
Inclusive tem rodado na TV um comercial de automóvel com “Segurança”. Você recebe direitos autorais?
Carlos Maltz – Eu, não! (risos) Mas o Humberto (Gessinger), que é autor da música, sim.
E como foi sua virada pessoal?
Carlos Maltz – Lá por 1993, comecei a ficar de saco cheio daquela história. Vira rotina. Os artistas do Rio Grande do Sul que até então tinham feito sucesso eram só Teixeirinha e Elis Regina. De uma hora para outra viramos pop stars. Ainda na banda, nessa época, comecei a estudar a obra de Carl Jung, por causa do disco do The Police, Sincronicity. Eu queria saber por que diabos, na capa do disco, Sting estava segurando um livro do Jung (Carl Gustav, analista)... Comecei a ler e me interessar pela teoria da sincronicidade, a obra de Jung, um livro fininho, que tem um estudo sobre “coincidências significativas e aleatórias em mapas astrológicos de casais”. Um pensamento muito além da psicologia de sua época. Foi assim que comecei: para entender o ser humano em sua complexidade não se pode ter preconceito. Jung aplicava o empírico a qualquer fenômeno que observava. Na realidade, sempre tive um histórico de ligação com astrologia. Mas antes eu negava. Brigava contra. Sou de família judia.
Judeu astrólogo...
Carlos Maltz – Em 1981 fui para Israel. Eu tinha uma namorada que foi para lá e fui atrás dela. Um dia fomos visitar a ruína de um templo. Chegando lá, imaginei que fosse encontrar apenas colunas, escombros. Do templo em ruínas sobrara apenas o piso. Um homem lavava o piso e, de repente, apareceu uma mandala astrológica ao lado de símbolos sagrados do judaísmo. Justamente o símbolo que saía impresso na coluna da astróloga Zora Yonara, que na época era publicada no jornal Zero Hora. Quando vi esse símbolo astrológico de quase 4.000 anos, fiquei “zureta”. Fiquei fora do ar um mês, atordoado. Nem imaginava que pudesse haver a ligação da astrologia com o sagrado. E me interessei muito, mas só depois comecei e estudar o assunto. Foi por meio da conexão com a sincronicidade, de Jung e o The Police.
Nesse caso, além dos astros, foi o pop que tramou para cima de você...
Carlos Maltz – Sim, me abriu a porta. Muita gente começou a estudar assuntos sérios por causa de certas situações. É bom lembrar que a música pop feita nos anos 1960, 70 e 80 não era igual à de hoje em dia. Existia algo extremamente metafísico. Até hoje a canção do Sting, "Sincronicity", me soa muito misteriosa. Desde George Harrison e a ponte que fez com a Índia, o pop inglês tem essa conexão “mística”. Esse misticismo foi o que sempre me atraiu no pop.
Mas também foi o pop que separou os Engenheiros?
Carlos Maltz – De certa forma, sim. Eu tinha escrito uma música que falava sobre sincronicidade, destinos cruzados. A briga entre mim e Gessinger, em 1995 – e pouca gente sabe –, aconteceu por causa disso. Fiz uma música chamada "Castelo dos Destinos Cruzados", que entre outros temas fala de reencarnação. O Humberto se recusou a gravar a música e a cantá-la. Foi o pomo da discórdia. Resolvi que, se fosse assim, eu não tocaria mais as canções dele. Nossa briga não foi por causa de dinheiro, mulher ou vaidade de egos. Os motivos foram ideológicos.
O que aconteceu depois?
Carlos Maltz – Por volta de 1997 eu estava duro. O casamento tinha acabado também. Não tinha vontade de tocar com outras pessoas. O que, de verdade, eu tinha era a astrologia, que usei para estudar a mim mesmo, meu "eu". Eu era um mistério para mim.
Foi sua iniciação.
Carlos Maltz – Isso me levou a conhecer os caras da Escola Inglesa de Astrologia Psicológica, todos junguianos. Fui aprendendo a fazer sozinho. Primeiro fazendo mapas astrológicos de amigos. Tive aulas com o grande Antonio Carlos Arres. Comecei a cobrar e a me profissionalizar. Em 1998 conheci a Ana, com quem estou casado até hoje, ambos saídos de um relacionamento que não havia dado certo. Nos conhecemos, fomos morar no Rio de Janeiro. Porém, estávamos em busca de alguma coisa nova que pudesse fazer sentido para os dois. Em 1999 viemos visitar uma pessoa aqui, em Brasília, numa chácara perto do Vale do Amanhecer. Era uma noite de maio, céu limpo e estrelado do Planalto Central. Naquela noite olhei para o céu e disse a mim mesmo: "Vou vir morar aqui". Falei: "Ana, vamos morar aqui?" E ela: "Vamos". Simples assim.
Qual é a localização astrológica de Brasília?
Carlos Maltz – Brasília, localizada no Planalto Central, tem sua história ligada à chamada "Nova Era", a Era de Aquário. Por sinal, é o signo ascendente da cidade, que marca a data em que foi fundada. Brasília tem Sol em Touro e o ascendente em Aquário. Tudo aqui é voltado para o futuro. A própria arquitetura de Brasília é a "Acrópole do Futuro". É uma cidade que nasceu olhando para dentro, por intermédio do olhar futurista de Oscar Niemeyer. Antes, ainda, existia a "profecia de Dom Bosco", que a anunciava como cidade destinada a ser a capital desta nova era que está começando. Brasília tem essa aura mística. É só andar pelas avenidas L2s que se veem templos budistas, espiritismo, igreja católica. São embaixadas políticas e espirituais também. Brasília tem a vocação de ser a capital dessa nova era que ainda não chegou, mas traz o paradigma do amor e do perdão. Nessa Era de Aquário, que começa agora, o Brasil tem importância fundamental no mundo por causa de seu desenvolvimento espiritual, o maior do planeta, e também por causa da miscigenação racial. Começa a formar-se uma nova civilização com novos valores que nunca se vai encontrar em outra parte do planeta. Brasília é a capital dessa nova era.
E o Brasil?
Carlos Maltz – O Brasil é um país que tem 500 anos; não está consolidado ainda. Na Inglaterra, Alemanha ou França, aos 500 anos de idade, o "pau tava comendo". Numa nova civilização que está nascendo com ela, vem uma série de problemas de juventude. Ao mesmo tempo que existem coisas hiperdesenvolvidas no Brasil, como é o caso da espiritualidade, a exemplo de Chico Xavier, ainda se tem muita imaturidade política, por outro lado: essa coisa de se dar bem pessoalmente. Ainda reina a mentalidade extrativista. Para se dar bem é preciso sugar tudo quanto pode e, depois, ir morar em Paris. Essas pessoas não percebem, no entanto, que o eixo mudou para cá. Os velhos continentes deram o que tinham para dar.
Isso reflete na música.
Carlos Maltz – A capa do meu livro é justamente isso: a terra de cabeça para baixo e a América do Sul em cima. O "novo" sobre a Terra está em países como Índia, China e Brasil.
Na Era de Aquário tudo é lindo e maravilhoso, como supunham os hippies?
Carlos Maltz – Eu não acho. A gente não vai mudar da noite para o dia. Não é assim que acontece, na realidade. A humanidade, como diz a música do Lulu (Santos), "caminha em passos de formiga e sem vontade". Ainda é preciso muita transformação dentro das pessoas. Meu livro fala sobre isso. Os valores da era passada não valem mais. Hoje estamos vivendo um grande vazio de mitos, significados e sentidos. As pessoas fazem o que lhes dá na telha e acham que isso é liberdade. É libertinagem. As coisas não mudaram muito. "Nós ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais". Estamos mais perdidos que barata tonta. Não temos mais referências universais como existiam na Idade Média. A Organização Mundial da Saúde avisou que, segundo seus cálculos, daqui a dez anos, aproximadamente, 35% da população da Terra estará doente. Diagnóstico: depressão. O cara não sai da cama nem para trabalhar. Outros 15% sofrerão formas severas de adição, seja por compras, comida, sexo ou drogas. Isso é a metade da população da Terra. Na minha visão não se trata de um problema de saúde, mas da quebra de um grande paradigma. As pessoas querem tapar o buraco da alma com coisas que não saciam nunca. É a crise que estamos vivendo.
*No post debaixo, leia a segunda reportagem da edição desta edição da Revista do ParkShopping: 10 bandas (brasilienses) que você precisa conhecer.
A movimentação musical de Brasília vai bem, obrigado. A cidade deixou de ser apenas a "capital do rock" para tornar-se berço de todas as vertentes possíveis.
No começo dos anos 1980, como não existia mercado de música "jovem", a única opção que as bandas iniciantes tinham era fazer "seu próprio som" – sem se preocupar com as consequências.
Foi por conta disso que bandas como Plebe Rude, e a estreante Legião Urbana (em seu primeiro show) foram presos em Patos de Minas (MG), em 1982. Motivo: o "desacato" das letras.
"Era a urgência de nossa geração que nos movia. Todas as bandas da época, nem se quisessem, poderiam se vender. Não havia quem fosse pagar. Mas, depois do sucesso do Rock in Rio e da explosão da Blitz com 'Você Não Soube me Amar', o rock virou commodity. E o resto é história", diz o guitarrista da Plebe Rude, Philippe Seabra.
O músico Beto Só – cujo novo álbum (seu terceiro), produzido por Seabra e lançado pelo selo Senhor F Discos, é uma trilogia, que ele chama de "trilogia do otimismo" – acha a cena de Brasília mais "desencanada". Observa que muita gente da cidade tem a música como atividade paralela a outro trabalho.
"Li no Correio Braziliense que a Fernanda, da banda Lucy and the Popsonics, não pensa em se mudar daqui , que aqui estão o trabalho, os gatos e a casa dela. É isso".
Para Beto, eles foram lá, tocaram no país, no exterior e viram que não era a deles ficar na estrada de van, esperando um sucessão que, sejamos francos, dificilmente chegará.
Essa postura mais relax das bandas de Brasília, segundo Beto, poderá garantir artistas mais longevos, que vão lançar seus álbuns despretensiosamente – o que pode resultar em música boa, legal, criativa, que leve, inclusive, uma novo cenário.
Conheça 10 bandas brasilienses que têm potencial, talento e carisma para renovar a sonoridade pop do centro-oeste.
WATSON
Desde os tempos em que se chamava "Watson e o Progresso da Ciência", a atual Watson (foto) é velha conhecida da cena brasiliense. São oito anos de vida. O primeiro e homônimo disco foi editado em maio pelo Senhor F Discos. Gravado em Porto Alegre, a esmerada produção do álbum é dos irmãos Gustavo e Thomas Dreher (Cachorro Grande, Júpiter Maçã). "Emtivi Apresenta" - cuja letra dá bem a real - é refresco para ouvidos judiados pelo irritante emocore, mas saudosos por rock.
Reunidos há três anos, o Tiro Williams se juntou após o guitarrista Eduardo "Bola" Oliveira ter assistido um show dos gaúchos da Superguidis em Brasília. Eles, que se estipulam como "rock noventista", ficaram um ano se dedicando à busca de uma sonoridade própria. Em 2009, o que deveria ser apenas a sessão de gravação de um EP se transformou num álbum com dez músicas. O disco laçou a crítica e cavou brecha para shows do Tiro Williams fora da cidade.
Nos últimos dois anos, a The Pro tem atraído olhares e captado ouvidos com a sua batida dance rock. O começo da banda, em 2005, foi mais roqueiro. Mas a atual busca é pelas nuances eletrônicas. Em Brasília, abriram o show do Franz Ferdinand. A música "Alfama" é semi-hit nas emissoras de rádio locais. A The Pro lançou três Ep's: o último chama-se "Cowbell Edition". O primeiro álbum está programado para 2010.
A Super Stereo Surf apareceu momentos antes do estilo surf music "crawdear" a cena com dezenas de grupos instrumentais. Surfando nas ondas dropadas pelos californianos Beach Boys, em 2009 a banda gravou Antes do Baile, seu primeiro disco. Em Brasília abriram para CJ Ramone.
A grande novidade da Lucy and the Popsonics é que, em 2010, deixaram de ser duo para virar "power trio". Além de Fernanda e Pil Popsonic, a banda, que é uma das mais ativas da capital federal, agora tem um baterista, Beto Cavani. A função era antes desempenhada pela eletrônica "Lucy". Produzido por John Ullhôa (Pato Fu), o próximo álbum, adianta a vocalista Fernanda, vai se chamar "Irá se chamar Fred Astaire".
Lançado este ano, Ajuda Nós Aê! é o quarto disco da punk Galinha Preta. Propositalmente tosco, o som é inclinado para o grindcore com bases eletrônicas. O vocalista Ricardo Gonzales, o popular e inquieto "Frango" é, também, um dos técnicos de som mais requisitados da cidade. Os shows da Galinha Preta sempre são muito elogiados, porém, a impagável estampa de seu frontman muitas vezes rouba a cena e arranca gargalhadas do público.
Após três anos de "barulho", o Club Silêncio, hoje em dia, está à caça de um novo som e de uma nova imagem. Calcada em teclados e sintetizadores, a sonoridade etérea da banda foi registrada em dois álbuns: Laissez-faire e Baladas Modernas. Ainda sem nome, mas previsto para este ano, agora o Club Silêncio encontra-se em estúdio gravando seu terceiro disco.
2002 marcou o aparecimento de muitas bandas em Brasília. A Superquadra, que aposta no temário urbano e nos dissabores do amor, surgiu nessa leva. Embora o rock eletrônico da banda ainda não tenha conquistado muito espaço, mantém público cativo na cidade. O álbum de estreia da Superquadra, Minimalismo Tropicalista, foi lançado em 2006.
Em 2004, a Suíte Super Luxo lançou seu primogênito e elogiado disco, El Toro!. Ainda em 2010, a banda pretende editar um single do novo álbum, o qual será lançado numa parceria entre os selos Rolla Pedra, Senhor F e Estúdio Orbis. "Será apenas um aperitivo do que está por vir", revela o guitarrista Lucq Albano. Com somente um disco, a Suíte Super Luxo é uma das bandas mais aclamadas de Brasília.
Beto Só pode não ser o artista brasiliense mais popular, porém, com certeza é o mais respeitado. Em 2005, o cantor e compositor debutou com o álbum Lançando Sinais, que foi sucedido por Dias Mais Tranquilos - ambos produzidos por Philippe Seabra (Superguidis). O terceiro disco, que deve sair em outubro, tem nome: Ferro-Velho de Boas Intenções.
*Registros fotográficos das gravações do "road doc" Na Paredes da Pedra Encantada, que ilustrarão a arte gráfica do filme, atualmente em fase de finalização e montagem em Porto Alegre.
Na primeira foto, Leonardo Bomfim e eu enquadramos Lula Côrtes, o qual divaga a cerca dos mistérios da fascinante Pedra do Ingá, ou Pedra Lavrada.
As belíssimas fotos, de autoria do recifense Ricardo Moura, foram tiradas para a grande reportagem Agreste Psicodélico - A trilha em busca das origens de Paêbirú, o disco maldito de Lula Côrtes e Zé Ramalho, hoje o vinil mais caro do Brasil, publicada na edição 24 da Rolling Stone, em 2008.
Veja mais registros na galeria do Ricardo no Flickr. No post abaixo, assista o teaser do filme (no link) e veja, também, a entrevista que dei ao Bom Dia Paraíba à época das filmagens.
*Nas Paredes da Pedra Encantada é um road movie que viaja pelas lendas do mítico Paêbirú - Caminho da Montanha do Sol, álbum lançando em 1975 por Lula Côrtes e Zé Ramalho. Os diretores Cristiano Bastos e Leonardo Bomfim arrumaram uma Kombi para levar Lula Côrtes de volta a Ingá, recanto do agreste paraibano envolto no misticismo de uma pedra talhada com signos pré-milenares. Entre as lembranças de Lula e as histórias de figuras diversas da cena udigrudi nordestina, como Lailson, Alceu Valença e Kátia Mezel, o filme investiga, não só a riqueza musical de Paêbirú, mas também, o imaginário particular do interior da Paraíba e o momento psicodélico dos anos 70 na ponte entre Recife e João Pessoa. Visite o blog oficial do filme e assista o teaser.
A opção em se lançar biografias em HQ é uma injeção de força nesse batido ofício literário. A novela gráfica sobre a vida de Elvis Presley acerta em cheio ao escalar nove desenhistas alemães de estilos diferentes para, em vivas cores, recriar marcantes passagens da conturbada vida do superstar.
Com o poder de síntese dos quadrinhos, estão nas páginas do livro momentos cruciais da carreira de Elvis, como a iniciação gospel do artista, o primeiro registro na Sun Records e o mítico show Aloha from Hawaii, em 1973.
Também figuram na obra a esposa, Priscilla, a amada mãe, Grace, e o excêntrico Coronel Parker, seu empresário.
Uma das mais reveladoras passagens está logo no começo: Elvis possuía um irmão gêmeo, que morreu minutos antes do parto. Segundo os autores, o Rei viveu sua vida inteira amargando o peso da perda de seu "duplo".
As excruciantes obrigações do showbusiness, uma das razões cruciais da melancolia que abateu o Rei, porém, jamais abalaram a mais agraciada voz do rock and roll.
Autor:Organizado por Reinhard Kleiste Titus Ackerman Editora:8inverso Graphics