Perto de completar 40 anos, álbum ao vivo do The Who chega em terras brasileiras
Reino Unido. Madrugada do dia 29 de agosto de 1970 – duas e meia da manhã. O The Who sobe Ao palco do majestoso festival da Ilha de Wight (espécie de Woodstock britânico). Missão: saciar audiência de 600 mil fãs que, noite adentro, esperou para ver em ação uma das mais gigantescas bandas de rock desde sempre.
Sem aviso prévio, o Who solta a arrasa-quarteirão "Heaven and Hell" – mortífero petardo do vasto repertório do quarteto formado por Pete Townshend (guitarra), Roger Daltrey (vocais), John Entwistl (contrabaixo) e Keith Moon (bateria).
Heaven and Hell, porém, é só o número de abertura do portentoso concerto The Who: Live at Isle of Wight Festival 1970, que ganhou, no Brasil, sua primeira edição (dupla) em CD. Com potência e fulgor juvenil, o Who executa 30 de suas musculosas canções.
O lançamento, licenciado diretamente da marca The Who Group Ltd., é da gravadora brasileira ST2 Records – que vem se destacando, no mercado nacional, pela reedição de uma série de tesouros musicais nunca editados por estas bandas.
Live at Isle of Wight tem assento cativo (e perene) em qualquer listagem de "melhores do rock" que se preze. Sua importância é na mesma estante de robustos álbuns de registrados ao vivo – como o vermelho Slade Alive! (1972), do Slade e Band of Gypsys (1970), de Jimi Hendrix.
No "lado A", o Who ataca com canções, a maioria, até então, desconhecidas de seu público. A única excessão, nesse lado, aos velhos tempos (embora a platéia clame por hits como "My Generation") é Can’t Explain.
O restante são canções novíssimas, à época, como a semi-obscura "Water" – e seus dez minutos de compressão, peso e melodia – e "I Don't Ever Know Myself". A melhor definição para a exuberância sonora do The Who foi cunhada por Townshend: "Maximum R&B". Conceito que pode ser traduzido, livremente, como "Rhythm'n'blues no volume máximo".
Nesse álbum, a performance do Who não encaixa-se direito nas manjadas rotulagens "heavy metal" ou "hard rock". Após presenciar O Who ao vivo, impressionado, Rick Wakman, tecladista do Yes, disse que os quatro integrantes soavam como se fossem oito – tamanha a convição e habilidade com a qual tocavam.
No segundo volume de The Who: Live at Isle of Wight, o repertório faz, no final, concessão aos power hits. Estão lá "Substitute", "My Generation" e "Magic Bus," por exemplo. De novo, o Who ressalta porque era embatível nas apresentações ao vivo, com o medley "Shakin'All Over/Spoonful/Twist and Shout".
O crème de la crème, porém, é o set inicial, onde a ópera rock Tommy é interpretada na íntegra. Como diria-se na gíria: "Matam a pau!".