PAR CRISTIANO BASTOS - MAGAZINE BRAZUCA
Il est drôle de penser que le rythme innovateur de la Bossa Nova doit sa paternité à João Gilberto, un compositeur dont les plus grands idoles sont les chanteurs (tant oubliés) de l’époque que l’on a appelée l’Ere de la Radio comme: Francisco Alves, Silvio Caldas et Carlos Galhardo et, plus spécialement en ce qui concerne João: Or- lando Silva, «le chanteur des foules».
Héros d’antan que la bossa a pratiquement balayé et envoyé vers les limbes de la mu- sique brésilienne.
Né à Juazeiro da Bahia, João a reçu sa première guitare à 14 ans et ne l’a plus jamais lâchée. Dans les années 40, il s’enivrait en écoutant Duke Ellington et Tommy Dor- sey. A 19 ans, il intégra le groupe Garotos da Lua, dont il participa, où plutôt fut expulsé – jusqu’à ce qu’il quitte Salvador pour Rio de Janeiro en 1950.
En juin 1958, il entra dans les studios de l’Odeon pour y concocter un 78 tours qui comportait, d’un côté Chega de Saudade, de Tom Jobim et Vinícius de Moraes, et de l’autre Bim Bom, une composition propre très rare.
João les enregistra en susurrant et en jouant de la guitare d’une manière que l’on avait encore jamais entendue. Et après cet enregis- trement, l’histoire de la musique brésilienne et du monde ne sera plus jamais la même.
Perfectionniste, dans ses concerts, João ne tolérait pas les chuchotements dans le public, les bruits de l’air condi- tionné et encore moins les amplis déréglés. Il faisait de très rares apparitions sur scène et en quitta plus d’une au milieu du concert à cause du bruit.
De telles excentrici- tés sont facilement acceptées car il est le musicien le plus respecté de la planète, qui a gagné quatre Grammys, dont l’un en compagnie du géant du jazz nord-américain Stan Getz (pour son album Getz/Gilberto).
Le père de Bebel Gilberto, chanteuse devenue célèbre en Europe a mainte- nant son nom dans l’encyclopédie «The Grove Dictionary of Jazz».
João Gilberto n’a pas révolutionné que la bossa nova. Dans les années 1970, il devint le parrain des Novos Baianos, un groupe qui, orienté par le maître, parvint à la parfaite dose de mélange de samba, de rock et de «brasilidades».
Parfois ils passaient des nuits dans d’in- terminables jam sessions. On raconte qu’à la fin de l’une de ces nuits, les deux générations de Bahianais sortaient flâner dans les rues de Rio. Alos que le jour se levait, João aperçut une mulâtresse qui descendait de la colline pour aller travailler.
Il s’écria «Regardez, c’est le Brésil qui des- cend de la colline!». Le chanteur-compositeur, Moraes Moreira capta le message et le transforma en l’un de leur plus grand succès qui commençait ainsi «Qui descend de la colline, n’habite pas sur l’asphalte / Voilà le Brésil qui descend de la colline».
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Chega a ser cômico que a inovadora batida da bossa nova tenha sua paternidade no cantor e compositor João Gilberto, cujos maiores ídolos são os (um tanto olvidados) cantores da distante Era do Rádio.
Entre os quais, Francisco Alves, Silvio Caldas e Carlos Galhardo e, no caso de João, especialmente, Orlando Silva – "O Cantor das Multidões".
Heróis de remotos tempos que a bossa praticamente varreu para o limbo da música brasileira.
Nascido na sertaneja cidade baiana de Juazeiro, João ganhou seu primeiro violão aos 14 anos. Desde então, jamais o largou. Nos anos 1940, embevecia-se escutando Duke Ellington e Tommy Dorsey. Aos 19 integrou o grupo Garotos da Lua, do qual participou – ou melhor, foi expulso – até mudar-se de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1950.
Entre os quais, Francisco Alves, Silvio Caldas e Carlos Galhardo e, no caso de João, especialmente, Orlando Silva – "O Cantor das Multidões".
Heróis de remotos tempos que a bossa praticamente varreu para o limbo da música brasileira.
Nascido na sertaneja cidade baiana de Juazeiro, João ganhou seu primeiro violão aos 14 anos. Desde então, jamais o largou. Nos anos 1940, embevecia-se escutando Duke Ellington e Tommy Dorsey. Aos 19 integrou o grupo Garotos da Lua, do qual participou – ou melhor, foi expulso – até mudar-se de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1950.
Em junho de 1958, João Gilberto entrou no estúdio da Odeon para registrar um 78 rpm que, de um lado, teria "Chega de Saudade", de Tom Jobim e Vinícius de Moraes e, do outro, "Bim Bom", uma de suas raríssimas composições próprias.
Lançado pela Odeon, em 1959, o LP Chega de Saudade, pode-se afirmar, alude às canções "dor-de-cotovelo" ou "dó-de-peito", tão em voga antes do advento bossanovístico. João Gilberto gravou-as com a voz em sussurro, o violão tocado de um jeito que jamais se ouvira.
Quando saiu do estúdio a história da música brasileira, e também mundial, nunca mais seria a mesma.
Perfeccionista, em seus shows João não tolera telefones celular, cochichos na platéia, ar-condicionado barulhento e, o mais desagradável para ele, caixas de som desreguladas. Faz raríssimas apresentações e abandonou muitas delas por falta do exigido silêncio.
Tanta "excentricidade" justifica-se pelo fato do homem ser um dos músicos mais reverenciados do Planeta. Ganhou quatro prêmios Grammy. Um deles foi por causa da parceria com o jazzista norte-americano Stan Getz.
João Gilberto, que foi casado com a cantora Miúcha e é pai de Bebel Gilberto, também é cantora (mais internacional do que nacional, diga-se), virou verbete na enciclopédia The Grove Dictionary of Jazz. Em 2009, uma fita-cassete gravada por Gilberto – encontrada por aficionados e disseminada na Internet –, espécie de working progreess de "Chega de Saudade", gerou enorme polêmica e, para o compositor, trouxe grande desconforto.
São 38 faixas. No registro ouve-se clássicos que viria a incluir em seus primeiros álbuns, assim como outras canções que nunca gravou. Entre elas, "Mágoa" (Tom Jobim/Marino Pinto), "Nos Braços de Isabel" (Silvio Caldas/José Júdice), "Chão de Estrelas" (Silvio Caldas/Orestes Barbosa), "O Bem do Amor" (Carlos Lyra) e "Beija-me" (Roberto Martins/Mário Rossi).
João Gilbeto não revolucionou apenas com a bossa nova. Nos anos 1970, apadrinhou o bando Novos Baianos, a qual, norteada pelo mestre, encontrou a infusão perfeita entre samba, rock e afins brasilidades. Houve um tempo em que eles passavam noites em intermináveis jam sessions.
Conta-se que, ao fim de uma dessas noitadas, as duas gerações de baianos saíram a flanar pelas ruas do Rio de Janeiro. Amanhecia quando João avistou uma mulata descendo o morro indo para o trabalho. E exclamou:
"Olha lá o Brasil descendo a ladeira!" Moraes Moreira captou o mote e transformou-o num de seus maiores sucessos: "Quem desce do morro, não morre no asfalto/ Lá vem o Brasil descendo a ladeira".
*Texto publicado na revista franco-brasileira Brazuca - O Brasil de A a Z (distribuída gratuitamente em Paris e Bruxelas), cuja capa do mês é o violonista Baden Powell. O magazine é editado pelo brasiliense Daniel Carriello.
Ao texto, eu ressalvaria o que disse o crítico Zuza Homem de Mello numa das Discotecas Básicas da BIZZ, a respeito da "monstruosa" interferência de Chet Baker para o 'turning-point' da bosssa.
Segundo Zuza, dificilmente em outro país - que não o Brasil - o álbum Chet Baker Sings atingiria consequências tão revolucionárias. Foram as "Revoluções Por Sussurros" (RPS).