Munha do Satanique Samba Trio fala sobre a nova peça diabólica de morte da MPB
POR CRISTIANO BASTOS/URBANAQUE
Obscurantistas, sacrílegos, subversores, SATANISTAS! O Satanique Samba Trio, ou (SS3), carrega essa avalanche de alcunhas agourentas nas costas e no nome da banda com o mesmo prazer libertador que Jesus teve ao carregar a cruz.
E durante este tortuoso percalço o trio teve que se deparar com a fúria de fiéis fanáticos do HOMEM, produtores musicais inescrupulosos que pregam a palavra do "faça-você -mesmo" em favor próprio e mesmo assim chegaram firmes ao terceiro ato do périplo, intitulado Bad Trip Simulator #2.
O destemido Cristiano Bastos encontrou Munha, representante destes pobres diabos, em uma encruzilhada do nosso Distrito Federal e incitou-o a propalar algumas palavras sobre a nova peça diabólica de desconstrução e morte da MPB cometida pelas bestaferas.
[Faça o sinal da cruz antes de ler]
Antes de mais nada, fale sobre o disco que o Satanique Samba Trio está lançando. Se chama Bad Trip Simulator #2, certo?
Munha - Sim. É a primeira peça de uma trilogia (em 2011 lançaremos o Bad Trip Simulator #1 e depois, sabe-se la quando, o #3) e está a venda no nosso site (www.sataniquesambatrio.net). Como sei que comprar discos em lojas virtuais pode ser trabalhoso demais para a maioria dos maconheiros lendo essa entrevista, aviso que também vendemos nossas tralhas pelo e-mail.
A propósito, por que estão lançando o volume 2 antes do 1?
Munha - Ordenar números naturais é uma prática cristã.
Ok… E é verdade que a banda vem sendo perseguida por grupos evangélicos?
Munha - Não chega a ser perseguição, mas definitivamente estamos sendo assediados por cristãos fanáticos (de católicos e evangélicos a espíritas) via internet. É comum que cheguem mensagens de intolerância, ameaças de boicote e sermões religiosos (a maioria repleta de erros ortográficos vergonhosos, diga-se de passagem) na nossa conta oficial de email.
Não negarei que acho divertido, mas volta e meia fico deprimido com a frequência dos ataques.
E o que esse "cristãos fanáticos" costumam alegar durante os ataques?
Munha - Ah, nos acusam de heresia, infantilidade e até de envolvimento com o Candomblé…o que, por sinal, é muito preconceituoso da parte deles. Primeiro por que assumem – sem o mínimo conhecimento de causa sobre qualquer culto afro-brasileiro – que o Candomblé representa uma prática de idolatria demoníaca.
Segundo por que deduziram que nós estaríamos automaticamente envolvidos com o Candomblé só por que escolhemos ostentar uma referência a Satã no nome do projeto. É muita ignorância, convenhamos.
Então o Satanique Samba Trio não é uma banda de macumba-jazz?
Munha - Certamente que não! Seria desrespeitoso com o Candomblé e outros cultos afro-brasileiros associá-los a crenças monoteístas. Acredito que desavisados enxerguem essa conexão por causa da matéria-prima que usamos em nossa estética, que é predominantemente calcada em ritmos afro-brasileiros.
Claro que estampar uma galinha morta no primeiro disco da banda não ajuda muito nessa dissociação que você parece exigir…
Munha - Não é uma galinha, é uma pomba. Aliás, antes que você pergunte, já adianto que as pombas mortas nas capas dos nossos discos representam o sacrifício ritualístico do bom-mocismo na MPB. Nada a ver com candomblé.
Essa última resposta soou meio Black Metal. Vocês se interessam por essa estética?
Munha - Nem um pouco.
O mercado do rock undergound não os apraz, então?
Munha - Existem alguns obstáculos no trânsito do Satanique Samba Trio por esse universo. Como somos músicos profissionais e precisamos ganhar dinheiro com nossas apresentações, fica difícil nos atirarmos em projetos e festivais que partam do pressuposto que o artista convidado está devendo um favor ao subir em seus palcos.
Não me leve a mal: o público do rock sempre nos recebeu muito bem e com certeza ainda apareceremos neste ambiente ocasionalmente, mas quem sustenta nossos vícios são os eventos de jazz e MPB.
Desenvolva o tema…
Munha - Obviamente, existe um resquício da tradição do faça-você-mesmo no inconsciente coletivo do rock brasileiro. Parece haver um acordo invisível de não-pagamento entre os produtores e os artistas. Muitas vezes o produtor organiza os eventos da maneira mais econômica possível e oferece o palco para que o artista se apresente.
Esse costume gera uma dificuldade para os artistas se manterem financeiramente a partir de sua música e o ciclo se fecha. Não à toa, a maioria dos músicos que tocam em bandas de rock o faça como um passatempo, antes de qualquer coisa.
Atente para o fato de que me referi à maioria, não a todo o mercado. É lógico que a Pitty vive de música, recebe cachê e paga bem toda sua equipe…
Opa, o que temos aqui? Um fã da Pitty?
Munha - Em nome de Satã, não!
E essa história de Satanique Samba Trio Elétrico? Que diabo é isso?
Munha - É exatamente isso. Subimos em um trio elétrico e circulamos pelas ruas de Brasília (DF) tocando nosso repertório. Foram 5 ou 6 edições patrocinadas pelo fundo de apoio a cultura, acredite ou não.
Apoio do governo? Interessante…
Munha - Sim, disso não podemos reclamar (o que certamente é uma pena), até por que o trio elétrico se tornou uma alternativa para palcos controlados por produtores que têm medinha de nosso furacão. A bem da verdade, a Secretaria de Cultura do DF tem nos ajudado bastante.
Mesmo sabendo que vocês usam drogas?
Munha - Ok, essa acusação foi pra lá de leviana. Não posso falar pelos outros membros do SS3, mas eu nunca usei drogas ilícitas.
E você não pode usar drogas por causa de seu envolvimento com artes marciais? Descobri essa faceta inusitada sobre sua pessoa recentemente e achei que deveria incluir nesta entrevista. Parece digno de nota. Pra esclarecer: o quão envolvido com isso você está ou esteve?
Munha - Ultimamente tenho me dedicado ao Vale-Tudo, mas treino jiu-jitsu desde 2008, Muay-Thai desde 99 e Sanshou desde 93. Afinal, o futuro é um soco na cara…
POR CRISTIANO BASTOS/URBANAQUE
Obscurantistas, sacrílegos, subversores, SATANISTAS! O Satanique Samba Trio, ou (SS3), carrega essa avalanche de alcunhas agourentas nas costas e no nome da banda com o mesmo prazer libertador que Jesus teve ao carregar a cruz.
E durante este tortuoso percalço o trio teve que se deparar com a fúria de fiéis fanáticos do HOMEM, produtores musicais inescrupulosos que pregam a palavra do "faça-você -mesmo" em favor próprio e mesmo assim chegaram firmes ao terceiro ato do périplo, intitulado Bad Trip Simulator #2.
O destemido Cristiano Bastos encontrou Munha, representante destes pobres diabos, em uma encruzilhada do nosso Distrito Federal e incitou-o a propalar algumas palavras sobre a nova peça diabólica de desconstrução e morte da MPB cometida pelas bestaferas.
[Faça o sinal da cruz antes de ler]
Antes de mais nada, fale sobre o disco que o Satanique Samba Trio está lançando. Se chama Bad Trip Simulator #2, certo?
Munha - Sim. É a primeira peça de uma trilogia (em 2011 lançaremos o Bad Trip Simulator #1 e depois, sabe-se la quando, o #3) e está a venda no nosso site (www.sataniquesambatrio.net). Como sei que comprar discos em lojas virtuais pode ser trabalhoso demais para a maioria dos maconheiros lendo essa entrevista, aviso que também vendemos nossas tralhas pelo e-mail.
A propósito, por que estão lançando o volume 2 antes do 1?
Munha - Ordenar números naturais é uma prática cristã.
Ok… E é verdade que a banda vem sendo perseguida por grupos evangélicos?
Munha - Não chega a ser perseguição, mas definitivamente estamos sendo assediados por cristãos fanáticos (de católicos e evangélicos a espíritas) via internet. É comum que cheguem mensagens de intolerância, ameaças de boicote e sermões religiosos (a maioria repleta de erros ortográficos vergonhosos, diga-se de passagem) na nossa conta oficial de email.
Não negarei que acho divertido, mas volta e meia fico deprimido com a frequência dos ataques.
E o que esse "cristãos fanáticos" costumam alegar durante os ataques?
Munha - Ah, nos acusam de heresia, infantilidade e até de envolvimento com o Candomblé…o que, por sinal, é muito preconceituoso da parte deles. Primeiro por que assumem – sem o mínimo conhecimento de causa sobre qualquer culto afro-brasileiro – que o Candomblé representa uma prática de idolatria demoníaca.
Segundo por que deduziram que nós estaríamos automaticamente envolvidos com o Candomblé só por que escolhemos ostentar uma referência a Satã no nome do projeto. É muita ignorância, convenhamos.
Então o Satanique Samba Trio não é uma banda de macumba-jazz?
Munha - Certamente que não! Seria desrespeitoso com o Candomblé e outros cultos afro-brasileiros associá-los a crenças monoteístas. Acredito que desavisados enxerguem essa conexão por causa da matéria-prima que usamos em nossa estética, que é predominantemente calcada em ritmos afro-brasileiros.
Claro que estampar uma galinha morta no primeiro disco da banda não ajuda muito nessa dissociação que você parece exigir…
Munha - Não é uma galinha, é uma pomba. Aliás, antes que você pergunte, já adianto que as pombas mortas nas capas dos nossos discos representam o sacrifício ritualístico do bom-mocismo na MPB. Nada a ver com candomblé.
Essa última resposta soou meio Black Metal. Vocês se interessam por essa estética?
Munha - Nem um pouco.
O mercado do rock undergound não os apraz, então?
Munha - Existem alguns obstáculos no trânsito do Satanique Samba Trio por esse universo. Como somos músicos profissionais e precisamos ganhar dinheiro com nossas apresentações, fica difícil nos atirarmos em projetos e festivais que partam do pressuposto que o artista convidado está devendo um favor ao subir em seus palcos.
Não me leve a mal: o público do rock sempre nos recebeu muito bem e com certeza ainda apareceremos neste ambiente ocasionalmente, mas quem sustenta nossos vícios são os eventos de jazz e MPB.
Desenvolva o tema…
Munha - Obviamente, existe um resquício da tradição do faça-você-mesmo no inconsciente coletivo do rock brasileiro. Parece haver um acordo invisível de não-pagamento entre os produtores e os artistas. Muitas vezes o produtor organiza os eventos da maneira mais econômica possível e oferece o palco para que o artista se apresente.
Esse costume gera uma dificuldade para os artistas se manterem financeiramente a partir de sua música e o ciclo se fecha. Não à toa, a maioria dos músicos que tocam em bandas de rock o faça como um passatempo, antes de qualquer coisa.
Atente para o fato de que me referi à maioria, não a todo o mercado. É lógico que a Pitty vive de música, recebe cachê e paga bem toda sua equipe…
Opa, o que temos aqui? Um fã da Pitty?
Munha - Em nome de Satã, não!
E essa história de Satanique Samba Trio Elétrico? Que diabo é isso?
Munha - É exatamente isso. Subimos em um trio elétrico e circulamos pelas ruas de Brasília (DF) tocando nosso repertório. Foram 5 ou 6 edições patrocinadas pelo fundo de apoio a cultura, acredite ou não.
Apoio do governo? Interessante…
Munha - Sim, disso não podemos reclamar (o que certamente é uma pena), até por que o trio elétrico se tornou uma alternativa para palcos controlados por produtores que têm medinha de nosso furacão. A bem da verdade, a Secretaria de Cultura do DF tem nos ajudado bastante.
Mesmo sabendo que vocês usam drogas?
Munha - Ok, essa acusação foi pra lá de leviana. Não posso falar pelos outros membros do SS3, mas eu nunca usei drogas ilícitas.
E você não pode usar drogas por causa de seu envolvimento com artes marciais? Descobri essa faceta inusitada sobre sua pessoa recentemente e achei que deveria incluir nesta entrevista. Parece digno de nota. Pra esclarecer: o quão envolvido com isso você está ou esteve?
Munha - Ultimamente tenho me dedicado ao Vale-Tudo, mas treino jiu-jitsu desde 2008, Muay-Thai desde 99 e Sanshou desde 93. Afinal, o futuro é um soco na cara…
CANCIONEIRO INFERNAL
1. Lambada post mortem
2. Cabra da peste negra
3. Ana Lídia resurrection
4. Self-destructing samba-reggae
5. Tagua York City molestus ostinato
6. DF death trap
7. Luciferi turn turn
8. Cancro Molly
9. Deprelicius
10. Badtriptronics #14
11. Herpes soul & samba zoster
12. Estilo Ricky Ramirez (original mix)
13. Pentagramarama
14. Kit de amputação asasulista
*Baixe Bad Trip Simulator #2 que não dá nada. Satã ainda dá uma força...