Nelson fez um show e recebeu o cachê em dinheiro, uma grana preta. No carro, a caminho do hotel ele pediu pro chofer acender a luz e começou a contar o "tutu". O motorista observava pelo retrovisor e, quando Nelson parou de contar, fechou o envelope e inventou de falar:"Poxa, seu Nelson, o senhor recebeu tudo isso pra cantar uma 1 hora apenas. Eu trabalho 12 horas por dia, 30 dias do mês e levo 30 segundos pra contar a miséria de salário que ganho no final!".
Não houve dúvida: o Metralha mandou parar o carro, desceu, chamou o motorista e, pondo uma caneta na mão, como microfone, desafiou: "Cante 'A Volta do Boêmio" pra mim e te dou todo o cachê que ganhei". O cara petrificou.
Nelson: "Canta porra!".
Timidamente, o sujeito disse: "Eu não sei cantar". Nelson não deixou barato: "Não tenha inveja de mim, nem fique olhando o quanto eu ganho. Eu trabalho todos os dias 20 horas, para vir fazer um show de 1 hora. Você ganha o justo pelo seu trabalho. E, eu, o justo pelo meu. Eu sei dirigir carros. Se der um treco em você, o levo para o hospital. Mas, se der um treco em mim, você não canta. É ou não é?".
*Contado por Paulo Rodrigues, atualmente, crooner na casa Bar do Nelson, em São Paulo. Este foi o homem que testemunhou o encontro de Nelson e Frank Sinatra no palco do Radio City Music Hall, em Nova York. Maiores detalhes na reportagem O Cantor do Brasil, na edição de dezembro da Rolling Stone
