sábado, 7 de agosto de 2010

pASSA a bOLA!

*Filho do poeta Vinicius de Moraes (1913-1980), o fotógrafo autodidata Pedro de Moraes iniciou na finada revista Manchete. Sua missão: flagrar ambientes artístico-popularescos do Rio de Janeiro.

Durante a ditadura, Pedro alistou-se nas fileiras do Cinema Novo: foi diretor de fotografia de grandes cineastas, como Joaquim de Andrade (Guerra Conjugal, 1975), Glauber Rocha (Idade da Terra, 1979) e Gustavo Dahl (Em Busca do Ouro, 1965).


Em 1967 e 1968, suas câmeras Laica/Rolleyflex serviram aos levantes da esquerda.

O fotógrafo diz-se confesso admirador do lendário correspondente de guerra, o húngaro Robert Capa. Que postulava:

"Se as fotografias não são suficientemente boas, é porque não se está suficientemente perto".


Pedro de Moraes também foi "amigo de loucuras" dos Novos Baianos. A amizade rendeu o curta-metragem Gente é Isso (mais informações na Rolling Stone), um dos mais importantes documentos sobre a banda em pleno auge.

Nesse exclusivo relato, Moraes divide conosco um "maconheirístico" causo, dentre os tantos que viveu ao lado do alegre bando.

"Meu primeiro contato com o Novos Baianos foi num concerto de rock que rolou no Rio de Janeiro. Conheci o poeta Luiz Galvão e fumamos um baseado juntos. Fez-se daí nossa amizade.

Galvão me convidou, então, para visitar o sítio Recanto do Vovô, em Jacarepaguá. Logo fiquei amigo de todos eles. Nas minhas primeiras visitas ao sítio, sempre que rolava um baseado me punha a pensar:

"Será que os caras não passam a 'bola' ou estou mesmo sendo discriminado?".
Numa dessas visitas fiquei revoltado: "Porra, vocês não passam o beck, não?!".

Me pondo na palma da mão um lindo, enorme e cheiroso 'camarão', um deles me disse:

'Toma aqui e não reclama, rapaz!'.

Aquelas foram felizes tardes lisérgicas de tempos passados: tudo era só amor e luz. Mas não só amor. Toda semana era um baiano que 'dançava' com a polícia.
Na época tudo era barra pesada.

Logo, porém, resolvia-se a questão. Nessa hora rolava muito som, rango, futebol, irreverências, sexo e muitos planos pro futuro. E muita maconha, lógico.

Eu não conseguia parar de fotografar o cotidiano dos Novos Baianos. Foi quando surgiu a idéia de se fazer projeções fotográficas nos shows. Lindas eram as imagens projetadas no fundo do palco enquanto "Besta é Tu" tocava sem parar

Dinheiro era pouco, mas diversão era garantida.

Who's Next?