POR CRISTIANO BASTOS - ROLLING STONE
Acaso o nova-iorquino Andy Warhol houvesse topado com a legendária "silueta" de Virgulino Ferreira da Silva, o temido cangaceiro Lampião, provável que o mais popular entre os mitos brasileiros também seria imortalizado na sua famosa galeria de retratos – lado a lado a vultos como James Dean e Marilyn Monroe.
A impecável obra Estrelas de Couro – A Estética do Cangaço, porém, restaura à lenda a "chispa" simbólica empunhada por Lampião.
Frederico Pernambucano de Mello, o autor, é autoridade no tema do cangaço.
Frederico Pernambucano de Mello, o autor, é autoridade no tema do cangaço.
No prefácio, rubricado por Ariano Suassuna, o armorialista-mor confessa: "É o livro que eu gostaria de ter escrito".
Estrelas de Couro, além de tudo, é um tomo lindamente ilustrado. Escava na (ainda ignota) "cultura material" estilizada via mãos e cérebro do pernambucano Virgulino, legítimo factótum.
Estrelas de Couro, além de tudo, é um tomo lindamente ilustrado. Escava na (ainda ignota) "cultura material" estilizada via mãos e cérebro do pernambucano Virgulino, legítimo factótum.
A edição apresenta, também, peças autênticas de manejo dos cangaceiros: signo-de-salomão, cruz-demalta e a flor-de-lis são apenas parte dessa "fortuna ornamental".
"O cangaceiro", anota o autor, "vestiu-se de cor e riqueza para atender seu anseio de arte nos motivos profundos do arcaico".
Muito orgulho, cor, festa e, para tingir de vermelho, litros de sangue derramado. Excelente obra para entender um espinhoso capítulo da história do Brasil.