sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

pLEASE, sUCESS*

Com todas as facilidades para se lançar um disco hoje em dia, pelo caminho da independência ou não, é incompreensível que o cultuado álbum Por Favor, Sucesso, uma pérola perdida nas profundezas do rock brasileiro, permaneça sem reedição no formato digital.
A história dessa peça rara está ligada à era dos festivais de música popular brasileira que, nos anos 60 e 70, tinha para os artistas o valor de um passaporte ao reconhecimento.
Depois do Liverpool – que inaugurou o rock no Rio Grande do Sul com as bandas Os Cleans e Os Brasas – vencer o II Festival Universitário da Música Popular Brasileira, em Porto Alegre, o tema "Por Favor Sucesso" (de autoria de Carlinhos Hartlieb) foi classificado para as eliminatórias do IV Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro, em setembro de 1969.
A banda não arrebatou prêmio algum, mas ganhou um contrato com a gravadora Equipe, para produzir o primeiro – e único – LP do Liverpool, o homônimo "Por Favor, Sucesso". O disco, com sua combinação de harmonias ousadas, distorções fuzz no talo e acidez verde-amarela, mergulha na fonte do rock inglês e norte-americano, levando bossa-rock, folk e boogie-woogie em estrondosa colisão com a tropicália.
Composições como "Olhai os Lírios do Campo", "Impressões Digitais" , "Voando" e "Cabelos Varridos" são retratos expressivos da juventude da época.
O segundo o crítico de música Juarez Fonseca, participar de um festival universitário, e vencê-lo, motivou ainda mais a banda do bairro IAPI que, no começo, só tocava Rolling Stones, mas que já começava a mostrar músicas próprias no programa que o disc-jockey Glênio Reis tinha na TV Gaúcha.
"Por Favor, Sucesso" não vendeu quase nada, contudo, tornou-se objeto de culto – até mesmo fora do Brasil – graças à receita de música brasileira moderna e jovem, feita por cinco cabeludos carismáticos e muito bons músicos:
"O disco colocou o Liverpool em pé de igualdade com os Mutantes e, logo depois, com os Novos Baianos, como definidor de uma nova linguagem, para além da ingenuidade banal da Jovem Guarda".
*Testemunhei o Andrio Maquenzi, da Superguidis, presentear (em mãos) - com uma cópia zerada e conservadissíma de Por favor, Sucesso - Mark Arm e Steve Turner, do Madhoney. O LP, na verdade, era do Fernando Rosa, e cavou baita sorrisão na cara dos dois surpresos grunges...

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