domingo, 15 de fevereiro de 2009

rOCK pRETO

Já tinha ouvido falar em garage africano anos 60? Nem eu. Não dá nada: a compilação Cazumbi - African Sixtie Garage trata de (re)alinhar o velho continente no "mapa global do rock".

Cazumbi, que significa "Zumbi", reúne obscuridades - sem trocadilhos - do quilate de Gino Garrido & Os Psicodélicos, Os Rebeldes, Os Gambuzinos, Kriptons, Os Rocks.

Entre outros. As bandas "apartheide" ficaram de fora.

Há 40 anos, arrastada pelo Fab4, a invasão britânica varria a Terra como Tsunami. E insulflava, em inusitados pontos, uma miríade de conjuntos beat: do Leste Europeu à Ásia, cruzando as américas do Latina & do Sul, e chegando ao Brasil.

E, finalmente, África. Cazumbi, afinal, é prova irrefutável da supremacia beatle nos quatro pontos cardeais do planeta.

O legal dessa "expedição musical" - organizada em dois volumes - é que ela não se detém apenas no Sul do continente, onde o caucasianismo vincou marcas profundas: a coletânea (espécie de Peebles/Nuggets) resgatou, por exemplo, raros compactos de grupos do Moçambique, Congo e Angola.

O african rock é cantado tanto em português e inglês como no africanês, o dialeto derivado do holandês. Como no Brasil daquela época, imperam versões para hits internacionais: Eletric Prunes, Shocking Blue, The Animals e Screamin' Jay Hawkins ganharam releituras bem particulares.

As modinhas branquelas receberam de lambuja um "espírito das savanas". Roubo e eterno retorno...Milhares de milhas marítimas não impediram que os "negões" perdessem o pendor.

A matriz do rock é negra. A do homem que ao certo não se sabe.

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