Marco do soft-porn-kitsh, Beyond the Valley of the Dolls continua anos-luz da monótona indústria pornográfica
POR CRISTIANO BASTOS
POR CRISTIANO BASTOS
Rever o cult-movie Beyond the Valley of the Dolls (De Volta ao Vale das Bonecas) é bom para sacar que, em tempos de liberação geral, o gênero erótico deu constrangedora brochada.
Dirigido pelo lascivo Russ Meyer – que tem na filmografia clássicos como Faster, Pussycat! Kill! Kill! e Mudhoney – Beyond The Valley of The Dolls ostenta a aura camp que fascinou roqueiros delinqüentes como os New York Dolls, cuja estética depravada louva a produção de junho de 1970.
O filme conta as libertinas aventuras da banda de rock The Carrie Nations, um protótipo riot grrrl teleguiado por garotas gostosas e safadas em colisão rumo ao estrelato.
Bem trashona em algumas ocasiões e deliciosa, em outras, a trilha sonora foi hit na época: o tema "In the Long Run" escalou o topo da parada norte-americana; e a banda Strawberry Alarm Clock (que participa do filme cantando a pop-psicodélica "Incense & Peppermints" numa festinha de embalo) chegou à primeira colocação nos EUA.
Na verdade, a produção é um pastiche satírico do romance O Vale das Bonecas, de Jacqueline Suzan – sobre modernização feminina, decepções amorosas e ingestão desumana de barbitúricos.
Meyer, que lançou a categoria sexplotation, verteu o best-seller de Suzan num extravagante enredo sobre rock, drogas, orgias psicodélicas e mamilos em profusão.
Meyer, que lançou a categoria sexplotation, verteu o best-seller de Suzan num extravagante enredo sobre rock, drogas, orgias psicodélicas e mamilos em profusão.
Em 2001, o jornal Village Voice colocou Beyond the Valley of the Dolls na 87º posição de uma lista que elegeu as grandes filmagens do século.
Sem noção? No ano passado, o filme saiu pela primeira vez em DVD, com extras e entrevistas. Veja com seus próprios olhos.
*Publicado na seção Túnel do Tempo (Junho de 1970), da revista Bizz.