Continuação dos melhores discos do rock gaúcho eleitos pela votação da revista Aplauso, em ordem aleatória....
Vanguarda, regionalismo, rock, pop, dodecafonia, atonalismo, multiplicidade temática, jovem-guarda. Todas essas vertentes sonoras - e muitas outras - definem o álbum Coisa de Louco II, o debut em CD da Graforréia Xilarmônica que teve como base a famosa demo tape Com Amor Muito Carinho, lançada pelo selo Vórtex em 1988.
Produzido por Carlos Eduardo Miranda, o Gordo Miranda, e gravado em Porto Alegre, o primeiro disco da Graforréia foi uma aposta da finada Banguela Records, selo distribuído pela Warner de propriedade dos Titãs. Na época, Miranda mostrou o disco para o produtor grunge Jack Andino (Nirvana, Titãs), que se mostrou encantado com as peripécias musicais da banda gaúcha.
"Eu" e "Nunca Diga", dois hits do disco, foram gravados pelo Pato Fu e alcançaram algum sucesso radiofônico nacional e ajudou a difundir a banda. A milonga-rock "Amigo Punk" rompeu as fronteiras sulistas e, hoje, é cantada em coro nos mais longínquos redutos alternativos do Brasil, graças à movimentação do rock independente e da participação da Graforréia nos pŕincipais festivais de rock independente do país.
Mas é com o nonsense irresistível das letras que a banda arrebanha, a cada temporada, novos fãs. A Graforréia, pontua o músico Marcelo Birck (que fez parte da primeira formação e divide com Frank Jorge maior parte das composições do álbum), sempre abusou das letras como recurso para se fugir do conteúdo semântico.
Criar letras era uma dificuldade geral e uma discussões da época era sobre o português ser um idioma complicado para cantar rock: "Como não tínhamos a intenção de compor em inglês, a solução foi partir para espontaneidade, letras sem a menor pretensão de fazer sentido e, na maioria das vezes, criadas de improvisos. O critério de seleção era sempre o primeiro impacto causado por uma idéia lançada durante as sessões de composição, que geralmente aconteciam nos ensaios", conta Frank.