quarta-feira, 17 de março de 2010

nÃO qUERO sER gRANDE*

"Sentimos que é o grande momento de nossa carreira", aposta o vocalista do Superguidis, Andrio Maquenzi, sobre o terceiro disco da banda gaúcha. Gravado no Estúdio Daybreak, em Brasília, com produção de Philippe Seabra (Plebe Rude), mixagem do norte-americano Kyle Kelso e masterização de Gustavo Dreher, o álbum será editado em versão dupla no Brasil em uma parceria entre os selos Monstro Discos e Senhor F.

Como bônus, terá o áudio do DVD Unplugged, gravado em um inferninho porto-alegrense (a versão em vídeo tem lançamento previsto para maio. São 21 faixas com temas dos três discos e duas covers dos conterrâneos do Prozak). Na Argentina o novo trabalho sai em versão simples, via Scatter Records.

Meio-termo entre o lo-fi ensolarado do primeiro e a compressão noise do segundo, o novo álbum, define Andrio, é um conjunto de altos e baixos, dinâmico e diferente dos outros mais lineares.

"Tem sons limpos e cristalinos seguidos de uma podreira nunca antes executada por nós nos outros discos." Batizado de Superguidis, a banda quer que o álbum seja conhecido pela capa, "como o do cachorro de três patas do Alice in Chains", compara Maquenzi.

Eles juram nunca terem se deslumbrado com o afã de tornar-se "banda grande". "O foco sempre foi a música e o reconhecimento como consequência. Sem contar que fazer música vai ficando cada vez mais divertido à medida que a gente vai aprendendo e se permite experimentar", pontua o guitarrista Lucas Pocamacha.

Longe de serem "indies mimados de apartamento", os integrantes do Superguidis têm a cara da "juventude suburbana emergente". Em uma crítica à pasmaceira do rock de Porto Alegre Wander Wildner chegou a comentar que a parte guaibense da banda é o que a salva. "Ele se referia justamente a essas 'marrentices' da capital, tão careta e conservadora".

De fato, a banda tem cultivado rara coerência como operários na construção do novo mercado de música independente. Nas palavras de Andrio, o Guidis "não foi mordido pela mosquinha azul do mainstream".

"Estamos trilhando um caminho. Para nós, é muito mais coerente do que esses pulos no abismo que muita galera dá. O problema é a afobação e a busca pelo sucesso, nem que isso custe a integridade artística. Especialmente falando-se de um mainstream tão imbecil quanto o nosso."

No segundo álbum, A Amarga Sinfonia do Superstar, parte da crítica avaliou que os Superguidis "cresceram rápido demais". Mas, e no terceiro, quão amadureceram? Andrio vê o novo disco soando pleno de juvenilidade. "As guitarras estão college rock noventão, em contraste com as letras, ainda existenciais, mas não bobas."

O que anda faltando no rock nacional, para ele, são guitarras sujas: "Só ouço guitarras com synth e sopros e sofisticaçõezinhas para encher linguiça", alfi neta. Muitas promissoras bandas do cenário independente acabaram perdendo o bonde por falta de discos e hits e ficarem só no esquemão dos shows. O Superguidis consegue fazer essa dosagem com maestria.

"Não temos uma fórmula e, se tivéssemos, não entregaríamos o ouro. Eu sou o cara que toca como se fosse o último show. É o momento do exorcismo. É aí que a gente ganha a torcida: sendo sinceros." Lucas discorda: "Eu acho que a gente tem uma fórmula, sim! Ela consiste em não se preocupar esperando a chegada do Papai Noel e tentar fazer a próxima música muito melhor que a anterior!"


*Rolling Stone 42. Leia a seguir entrevista com Andrio Maquenzi e Lucas Pocamacha, que responderam as mesmas perguntas (ou quase todas!).

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