quarta-feira, 21 de abril de 2010

fIVE mINUTES, pOR fAVOR*


*5 Minutos é a primeira aventura videodromológica da VLFN! Filmes, produtora que também finaliza o road doc Nas Paredes da Pedra Encantada, sobre o disco Paêbirú - Caminho da Montanha do Sol, de Lula Côrtes e Zé Ramalho (1974).
No ano de 1999 (11 anos!), eu, Carlinhos Carneiro, Daniel Lopes, Chicão Bretanha, Vinicius Tavares, Leandro Freda e Drégus de Oliveira tínhamos de editar um vídeo para cadeira de Cinejornalismo II, na Famecos (saca o clima).
Nossa simples missão era realizar uma convencional reportagem de 5 minutos, apenas. Mas a insanidade apoderou-se de nossas mentes. No final, montamos esse "Frankstein" completamente torto (e bem tosco).
5 Minutos ficou tão... "enviesado", que os professores o inscreveram no Festival de Cinema & Vídeo de Gramado daquele ano. Foi a zebra na categoria Experimental. Para as outras turmas, as professoras usavam-no como modelo de "não fazer".
O diretor Jorge Furtado, jurado que nos concedeu o Kikito - junto com os atores Stepan Nercessian e Lucélia Santos -, cotejou o filmito à estética de seu premiado Ilha das Flores (um exagero).
Contudo, nenhum de nós havia assistido, até então, o curta-metragem.
De fato, Carneiro encontrava-se borracho da cabeça aos pés, na parte em que comete sua espontânea, inesquecível, eterna fala:
"Estamos aqui, muito bem trajados, nos sentindo zen. Zen como nunca, jóvens como nunca! E agora andam parindo hippies por aqui!".
Sob impacto de 5 Minutos, Carlinhos e eu ainda escrevemos o roteiro de um filme sobre o qual nos debruçamos meses. Esse era para a cadeira do Carlos Gerbase, Cinejornalismo III.
O filme se chamava Os Matadores de Calças Justas, uma estória que narrava as andanças de dois magrões ("magrão" é a gíria sessentista, até hoje em voga, em Porto Alegre, que tira uma onda dos tomadores de pervitin, que é da família das metanfetaminas) fissurados em glitter e hard rock, à solta em Porto Alegre.
Lôcos de "Spaceball Ricochet" (boletinhas que circulavam entre uns poucos. na cidade...), os dois viviam situações inusitadamente nonsense na enregelante night de Porto Alegre.
Numa dessas, tinha a cena de uma argentina que discorria - às 3 e meia da manhã, no Bar Garagem Hermética -, num irritante castelhano, sobre Patty Smith e Lou Red. E, ainda por cima, totalmente embriagada.
Situação verídica: foi vivida por mim e pelo Carlinhos (meu alterego) no Bar Garagem Hermética, também às 3 e meia da matina de um sábado intensamente lisérgico. "Spaceball Ricochet" é a canção do T-Rex presente no disco The Slider.
Transformou-se na música "Spaceball", do primeiro álbum da Bidê ou Balde: Se Sexo é o que Importa, Só o Rock é Sobre Amor. Algumas de nossas aventuras com a substância são cantadas na letra.
O enredo de Matadores era tão "ambicioso", que, óbvio, não foi adiante. Mas está guardado para uma futura (re)visitação.
Tivemos de nos contatar com uma corruptela da ideia original: "Detonem o Japão!", filme no qual fizemos um mea-culpa de nosso absoluto fracasso como "videomakers".
É ruim, garanto. Mais é mais divertido que 5 Minutos.
A passagem do Daniel Lopes (na passarela da PUCRS), legendamos e editamos detrás-pra-frente porque nenhum de nós tinha a manha de fazer o troço direito. Então fizemos do jeito errado - mas acertamos. O texto legendado, sim, é uma farsa.
A sacada "Lych" dessa cena, logo depois a Bidê ou Balde usou no final do videoclipe de "Melissa", ganhador do VMB. "Cobwebs and Strange", número circense de Keith Moon (The Who), eu escolhi por, à época, estar descobrindo o maravilhoso - e poderoso - álbum A Quick One.
A mão que aparece sendo a de "Ana Maria Braga", é da Kátia Aguiar, a gainsbourguiniana tecladista da Bidê que não tocava desacompanhada de suas cigarrilhas Galois e de uma long neck. A Katia também era da nossa "tchurma" de faculdade.
Porém, o melhor - ou pior - ainda está por vir. Agora encontrei o VHS de nossa colação de grau, especial momento para o qual editamos, outra vez, um vídeo-agradecimento pela auspiciosa ótica do "detrás-pra-frentismo".
Lúdico detalhe: nos formamos todos sob efeito de LSD... Minha trilha de formatura, nunca esquecerei, foi "Victoria", dos Kinks. Só que na versão do The Fall. Uma viagem. Tenho até medo em rever-me/rever-nos. Breve no Youtube.
Spaceball (Bidê ou Balde)

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