

No aguardado show de hoje no Teatro do Bourbon Country, em meio a versões de músicas de Bob Dylan e sucessos de sua carreira, o grande ZÉ RAMALHO vai cantar um de seus melhores clássicos: Avôhai.
Achávamos que ali estariam as chaves maiores. Eu conversava com Zé (Ramalho) e as imagens das palavras ecoavam na minha mente fundindo-se à realidade. Andávamos ou voávamos, e encontramos um outro traçado.





Viver é um afago.
Na abertura do quarto disco, Força Verde (que chegou cercado de expectativas), a viagem sonora começa com o som de um piano. Segundo Ramalho, as canções desse álbum têm intensa referência a deuses, figuras mitológicas, bíblia, apocalipse, esoterismo, paixão:
*O artista plástico e arqueólogo paraibano Raul Córdula (homem que, nos anos 70, apresentou a Pedra do Ingá a Lula Côrtes e Zé Ramalho), escreveu esse texto em prosa poética que se encontra no encarte original do long-play de Paêbirú. Neste encarte, que torna o disco mais valioso ainda, também tem relatos da expedição feita por essa turma à localidade de Ingá do Bacamarte. Os relatos são assinados por Côrtes. Leia-os aqui em breve. Em 4 episódios
A pintura representa Sumé (Pai Tumé ou São Tomé) descerrando mata adentro o Caminho de Peabirú. Eis um mapa
Na imagem abaixo, uma ramal paranaense do caminho. Mui utilizado por índios, exploradores espanhóis, tropeiros e bandeirantes. Pelos entradas também
Regato que atravessa a ramal catarinense do Peabirú, em São Bento do Sul (SC)
Outro vestígio de Peabirú




Ao lado de Satwa, No Sub Reino dos Metazoários, de Marconi Notaro (outra raridade), de 1973, profetizou o "surto de nordeste" que inoculou gerações musicais do Recife e da Paraíba, nos anos 70 - cujo desbunde pleno desaguou na odisséia de gravação do mitológico Paêbirú.
POR DANIEL FEIXO nome do álbum faz alusão a uma pedreira localizada entre a capital pernambucana e João Pessoa (PB), por onde passava uma trilha indígena pré-histórica que, conforme os arqueólogos, ligava o litoral brasileiro às montanhas peruanas habitadas pelos Incas ("paêbirú" é uma corruptela de "apé biru", ou, "caminho do Peru").
Pois bem. Aos vídeos.
Primeiro, o teaser do filme, com o Lula Côrtes (figuraça!) fazendo às vezes de guia da equipe na expedição pelo sertão paraibano:
E, agora, um raro momento em que Zé Ramalho e o próprio Lula Côrtes aparecem tocando juntos à época. Os dois e o Alceu Valença numa performance inspiradíssima da espetacular Vou Danado pra Catende, de Valença, em 1975 (da esquerda para a direita, na linha de frente da banda, Zé, Alceu e Lula):
Tem mais dados sobre Nas Paredes da Pedra Encantada no blog sobre o filme, mantido por Bastos e Bomfim (acesse clicando aqui).
E, também, no blog pessoal do Cristiano Bastos (clique aqui), onde ele compila as reportagens que saíram sobre o filme e sobre o disco, inclusive a - excelente - que ele próprio escreveu sobre a viagem de Paêbirú para a Rolling Stone.
Pela amostra que se tem, e pelo que vi na mesa de montagem, o filme tem tudo para ficar beeem interessante. É esperar e conferir.
*Postado no Primeira Fila, blog de cinema do jornal Zero-Hora
*Zé Ramalho e Joan Baez durante apresentação de "Admirável Gado Novo" - 1980, Rio de Janeiro. Na ocasião, Baez (ovacionada pelo público) foi proibida pela censura militar de se apresentar no Brasil - ao lado do "subversivo" paraibano.




*O arqueólogo Gabriele Baraldi afirma que o monumento paraibano - A Pedra do Ingá - se trata de um "documento milenar", escrito em hieróglifos hititas. Segundo Baraldi, essa região da Paraíba (Ingá do Bacamarte) guarda dois grandes monumentos arqueológicos de longeva antiguidade: a Pedra do Ingá, gravada com hieróglifos hititas e outro, chamado Pedra Arzawa...
*Na edição de março da Rolling Stone (nas bancas nos próximos dias), confira a psicanalítica entrevista que fiz com Zé Ramalho, no Rio de Janeiro, no mês de fevereiro. Por enquanto, leia alguns trechos que ficaram de fora da reportagem.