segunda-feira, 16 de março de 2009

nUM gOLE sÓ



Ao lado de Satwa, No Sub Reino dos Metazoários, de Marconi Notaro (outra raridade), de 1973, profetizou o "surto de nordeste" que inoculou gerações musicais do Recife e da Paraíba, nos anos 70 - cujo desbunde pleno desaguou na odisséia de gravação do mitológico Paêbirú.

"Desmantelado", samba rock composto por Notari, em 1968, nos tempos áureos do Teatro Popular do Nordeste, dá largada aos trabalhos. A banda que toca na bolacha é formada por Notaro, Robertinho de Recife, Zé Ramalho e Lula Côrtes. Entre outros.

O 'frevinho' "Fidelidade" (da letra: Permaneço fiel às minhas origens / filho de Deus / sobrinho de Satã) tem muito do espírito estradeiro do doc Nas Paredes da Pedra Encantada. Ou vice-versa.

"Made in PB" é a mais "noise": um rockaço. Parceria de Notaro e Ramalho - o début de Ramalho, na verdade. A guitarreira distorcida, cheia de efeitos de eco, é do jovem Robertinho de Recife. A produção gráfica leva a chancela do grupo multimídia Abrakadabra, de Côrtes & Katia Mesel. Em matrimônio, na época.

A surrealística capa do álbum, na verdade, é um desenho de Lula. As imagens deste post fazem parte do encarte original do filho único de Notaro na música. Que, além de poeta, era engajado fanzineiro.

Na foto "Povis", um registro raro de Marconi Notaro (de óculos). Ele posa ao lado poeta de mail art recifense Paulo Brusky (à sua direita).

Leia mais sobre o bendito aqui. "Seria ele um blogueiro?"...

Mais da verve poética de Notaro no trecho do poema "Num gole só"

Não se começa um poema / com provavelmente. / Começa-se com "não se começa." / Os hebraicos / diziam coisas-com-coisas / mas tudo em hebraico / e sou analfabeto de pai e mãe / nesse idioma./ Provavelmente / não se começa o mundo / em Roma / e nem lá se termina. / É que nem o amor / dado, / que outro não existe./ De blás blás constantes. /
ininterruptamente / constantes, / caminho metros de cerveja / e nada busco / senão a diferença / mais fria possível / desses olhares gulosos / remelentos de ociosidade. / Na esquina se grita : / "ei, menino, / interpretar / nada tem com interditar, / e essa metralhadora aí / na sua mão / não é de fogo de artifício não, ouviu ?" /

Felicidade

Made in PB

Não tenho imaginação para mudar de mulher

Desmantelado

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