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Numa cidade em que estilos populares - degenerados do brega, axé e sertanejo da pior linhagem - convivem com o legado canônico de Renato Russo, uma banda que laça suas inspirações do folk rock de guitarras é merecedora de atenção. Mas não é isso que chama atenção na Sestine. O grande forte da banda, na verdade, são as boas letras em português e as doses de poesia bitter sweet que, sutilmente, ora adocica, ora reveste as canções de uma melancolia ensolarada do centro-oeste brasileiro.
Os versos de "W2" traduzem a solidão das vias e superquadras brasilienses - a mercê da irradição maléfica das rádios via-satélite: "Eu sou um blefe, e pela W2 deserta nós deixamos toda nossa covardia, para enterramos os cadáveres que cantam os sucessos dessa rádio". A Sestine tem três ep's editados, A Idade da Seresta, Carros-Fantasma e As Engrenagens. Pelo selo SenhorF Virtual, a banda lançou o single "Jana".
Sestine, explica Márcio, é o pseudônimo que ele lançava mão para tocar em bares da capital federal antes do som se eletrificar com a entrada de Marcelo Freitas (bateria), Thiago Soares (guitarra) e Tiago França (baixo). Eles ainda querem agradar a gregos e troianos: "Já foi dito que a Sestine deveria tocar para um Maracanã lotado, para uma platéia de anjos, uma reunião de deuses, presídios e corredores da morte. E para pessoas como eu e vocês também". Pra quem gosta de Smashing Pumpkins, Grant Lee Buffalo, Wilco, Bob Dylan, David Gray, Rolling Stones e Mutton Birds.