segunda-feira, 15 de junho de 2009

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Premiada cinebiografia de Arnaldo Baptista chega esta semana aos cinemas. Arnaldo: "Aonde é que está meu rock'n'roll?"

CRISTIANO BASTOS

Kurt Cobain, em sua única passagem pelo Brasil, em 1993, saudou o mutante Arnaldo Baptista com um "bilhete-elogio": "Arnaldo Baptista é um gênio brilhante", escreveu o mártir do Nirvana. O hippie moderno Devendra Banhart, por sua vez, criou polêmica ao exaltar a superioridade dos Mutantes em relação aos Beatles.

Sean Lennon – rebento do beatle John – é outro que "rasgou seda" para ele. Em 2000, Sean chegou a convidar Arnaldo para dividir um show no Free Jazz Festival.

Os episódios de reverência mencionados acima ajudam a compreender por que a cinebiografia Loki – Arnaldo Baptista vem amelhando inúmeras láureas em festivais mundo afora. No sábado passado, a produção saiu consagrada do Festival de Cinema Brasileiro de Miami, na categoria documentário.

Antes, já havia conquistado corações no Festival do Rio e na Mostra de Cinema de São Paulo. A estréia em grande circuito ocorre na próxima sexta-feira.

Dirigido por Paulo Henrique Fontenelle, o filme refaz a vida do músico, da infância à pacata rotina atual (dedicada à pintura), passando pelos ácidos e rebeldes anos à frente dos Mutantes, quando os excessos passaram a corroer sua saúde.

Uma pessoa só - Direto do pacato sítio em Juiz de Fora, Minas Gerais, Lucinha Barbosa, mulher de Arnaldo, conversou com a reportagem do Jornal de Brasília.

"O Arnaldo, ultimamente, tem pintando muito e, com frequência, faz novos registros musicais no seu gravador", conta. Lucinha é, na verdade, a guardiã do artista – foi ela quem o amparou no período "barra pesada", de internações em instituições psiquiátricas.

E o ajudou a reerguer a carreira: Arnaldo deixou o ostracismo faz cinco anos, com o lançamento de Let it Bed, disco de inéditas. Em sua florida trilha-sonora, Loki privilegia 55 músicas. Cancioneiro que se presta tanto para delinear a história de vida do músico como para conduzir a narrativa.

No final dos anos 70, foi Arnaldo o responsável por cunhar a popular expressão "loki" (deus da mitologia nórdica), que batizou, também, seu primeiro trabalho solo fora dos Mutantes. Esse período é remontado em detalhes no filme.

Além de falas emocionantes de Arnaldo, a cinebiografia costura depoimentos de seu irmão, Sérgio Dias, e de uma turma de "confirmados": Tom Zé, Gilberto Gil, Roberto Menescal, entre outros. O doc, com duas horas de duração, é também o primeiro longa-metragem produzido pelo Canal Brasil.

Na vida de Arnaldo, os Mutantes são capítulo encerrado – definitivamente. O grupo havia retornado em 2006 para uma série de shows (com Zélia Duncan fazendo as vezes de Rita Lee). Em setembro de 2007, Arnaldo anunciou sua deserção.

O gênio justificou a saída numa mensagem redigida em estilo contemporâneo, por e-mail: "Cumpri a minha empreitada nessa nova jornada de nossa trajetória". Lucinha, leal ao marido, deu-nos mais pistas: "Tinha tudo para dar certo. Mas não souberam repartir as fatias do bolo".


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