POR CRISTIANO BASTOS
Se há uma legítima música "folk" brasileira, com certeza ela não reside nas grandes metrópoles urbanas, como dá a entender o modismo criado no rastro de bons nomes, como o Vanguart e a "sensação" Malu Magalhães.
Esses artistas, na verdade, bebem do folk britânico – que, a rigor, não tem nada a ver com a música praticada no interiorzão brasileiro. Violeiro Bugre, segundo álbum registrado por José Pereira de Souza, o Índio Cachoeira, soa como "testamento telúrico" desse violeiro, que vem de Junqueirópolis, na divisa de São Paulo com o Mato Grosso.
Nada mais folclórico e rural, portanto.
O que impressiona, porém, nem é isso, mas sim o virtuosismo aliado ao sentimento de sua viola. Cachoeira, segundo o produtor do disco, Ricardo Vignini (integrante do grupo Matuto Moderno), é um dos principais violeiros em atividade na vastidão do território nacional:
"Ele gravou tanto, que nem lembra quantas gravações fez", observa Vignini no encarte do disco. Aos oito anos, Cachoeira travou contato com seu instrumento ouvindo um velho violeiro da região. Sua mãe, no entanto, não gostava que ele frequentasse as rodas de viola e as festas de Folia de Reis.
Porém, sempre que podia, o menino fugia de casa para ouvir de perto os ponteados. Seguindo a tradição dos velhos violeiros, Índio Cachoeira fabrica suas próprias violas, além de outros instrumentos – a exemplo daquele que batizou de "canaã", uma pequena viola de incríveis 15 cordas.
As 15 faixas de Violeiro Bugre levam a rubrica de Cachoeira. Abrem o trabalho, "Remelexo", com
seus fraseados melodiosos. Outros predicados são notados em canções como a bela e lamuriosa Alvorada Sertaneja", e no introspectivo solo de "O Castelhano".
Também harpista, Violeiro Cachoeiro mostra desenvoltura tocando guarânias paraguaias e canções do folclore mexicano. O músico obtém seu sustento construindo violas, violões, cavaquinhos de oito cordas e harpas em sua oficina.
"Não procuro imitar ninguém e, sim, criar meu estilo. A música que faço é rural mesmo, meio indígena. Dentro de mim está um índio. De lá de dentro eu tirei esse estilo".
Eis um álbum feito com a cor e o sabor do Brasil profundo.
Esses artistas, na verdade, bebem do folk britânico – que, a rigor, não tem nada a ver com a música praticada no interiorzão brasileiro. Violeiro Bugre, segundo álbum registrado por José Pereira de Souza, o Índio Cachoeira, soa como "testamento telúrico" desse violeiro, que vem de Junqueirópolis, na divisa de São Paulo com o Mato Grosso.
Nada mais folclórico e rural, portanto.
O que impressiona, porém, nem é isso, mas sim o virtuosismo aliado ao sentimento de sua viola. Cachoeira, segundo o produtor do disco, Ricardo Vignini (integrante do grupo Matuto Moderno), é um dos principais violeiros em atividade na vastidão do território nacional:
"Ele gravou tanto, que nem lembra quantas gravações fez", observa Vignini no encarte do disco. Aos oito anos, Cachoeira travou contato com seu instrumento ouvindo um velho violeiro da região. Sua mãe, no entanto, não gostava que ele frequentasse as rodas de viola e as festas de Folia de Reis.
Porém, sempre que podia, o menino fugia de casa para ouvir de perto os ponteados. Seguindo a tradição dos velhos violeiros, Índio Cachoeira fabrica suas próprias violas, além de outros instrumentos – a exemplo daquele que batizou de "canaã", uma pequena viola de incríveis 15 cordas.
As 15 faixas de Violeiro Bugre levam a rubrica de Cachoeira. Abrem o trabalho, "Remelexo", com
seus fraseados melodiosos. Outros predicados são notados em canções como a bela e lamuriosa Alvorada Sertaneja", e no introspectivo solo de "O Castelhano".
Também harpista, Violeiro Cachoeiro mostra desenvoltura tocando guarânias paraguaias e canções do folclore mexicano. O músico obtém seu sustento construindo violas, violões, cavaquinhos de oito cordas e harpas em sua oficina.
"Não procuro imitar ninguém e, sim, criar meu estilo. A música que faço é rural mesmo, meio indígena. Dentro de mim está um índio. De lá de dentro eu tirei esse estilo".
Eis um álbum feito com a cor e o sabor do Brasil profundo.