domingo, 25 de janeiro de 2009

fRAME a fRAME

A Walverdes é uma das bandas que circulam com maior desenvoltura pela cena independente brasileira. Três álbuns lançados – Walverdes (1996), Playback (2001), Anticontrole (2003) e o EP 90Graus – e conhecidos em todo o país pela intensidade dos seus shows, eles inovaram no jeito de fazer videoclipe.
Dirigido por Claudio Veríssimo, o clipe da música "Seja Mais Certo", do disco Playback, foi editado a partir de 8 mil fotos digitais montadas artesanalmente, frame a frame, no computador: "O segredo foi manter a calma e não comprometer o som da banda", conta o guitarrista Gustavo "Mini" Bittencourt. Segundo Mini, a produção deu um trabalho do cão. A criatividade e a simplicidade do trabalho, porém, surpreendem.
A Walverdes faz muitos shows Brasil afora, está sempre envolvida em projetos paralelos, participa de coletâneas e tem uma vida própria. Fora isso, Mini, que é publicitário, ainda leva o Tosco Solo Project, onde se aventura no terreno da música lo-fi. O baixista Patrick Magalhães é dono da grife de rock Mono. Aonde arrumam tempo para as suas vidas? "Não tem muito mistério. Tem vezes que a banda vira trabalho e, outras, que o trabalho vira diversão. É bom para variar", diz o guitarrista.
Na opinião de Mini, o rock brasileiro vive uma fase interessantíssima – a tecnologia facilitando a produção e a divulgação e, o mais importante, a comunicação entre as pessoas e as bandas: "Experimente entrar numa máquina do tempo, voltar anos atrás, juntar um monte de indie numa sala e dizer: 'Daqui a 15 anos vocês vão poder fazer turnês pelo nordeste, centro-oeste e haverá festivais enormes só de bandas independentes'. Iam rir de você. Mas aconteceu".
Na entrevista a seguir, Gustavo Mini falou sobre o seu trabalho solo, o novo disco da Walverdes, filosofia budista e destacou algumas canções, leituras e roteiros de filmes e de viagens. Antes assista ao clipe de "Seja Mais certo".

[[DESORIENTAÇÃO]] O nome Walverdes é uma citação ao filme Comando Para Matar (Commando, 1985). Nele, Arnold Schwarzenegger interpreta um coronel aposentado que vê sua filha ser seqüestrada por um ex-ditador latino-americano da fictícia República de Valverde. Que referência é essa? E porque o "V" virou "W"?
Mini – Era uma piada interna da turma do prédio onde eu e o Marcos (baterista) morávamos. Uma história muito longa... o "W" no lugar do "V" porque fica mais chique, muito embora hoje o "V" esteja mais em evidência devido aos holofotes do mundo estarem voltados para os mercados emergentes. Nos demos mal.

[[DESORIENTAÇÃO]] Duas câmeras digitais registraram o show de lançamento do disco Playback, em setembro de 2005, no Garagem Hermética, em Porto Alegre. As imagens captadas estão guardadas e devem virar um DVD. É o que diz a lenda. Isso vai acontecer? Pra quando?
Mini – Não lembrava disso. Nem sei direito. Existe isso mesmo? Pois é... não lembrava. Deve ser coisa do Cláudio, que dirigiu o nosso clip. Ele já filmou a gente bastante, mas fica guardando essas imagens na vã esperança que um dia viremos rockstars.
[[DESORIENTAÇÃO]] Tem um novo disco da Walverdes engatilhado?
Mini – Temos oito músicas novas prontinhas pra gravar. Devemos gravar em abril, uma vez que o Marcos está morando em São Paulo e o estúdio em que íamos gravar fechou agora no verão. Mas em abril a gente grava, mixa, masteriza e na sequência lança.
[[DESORIENTAÇÃO]] Qual o melhor show e o mais caótico que a banda já fez?
Mini – Muitos bons shows e acho que cada um de nós tem seus prediletos. Mas eu posso falar sem medo de errar a respeito dos shows que a gente fez em Belo Horizonte com a MQN, do show no Campari Rock, dos shows no Goiânia Noise, dos antigos shows no Garagem Hermética, das Noitadas Monstro no Dr Jeckyll, de shows na Funhouse em SP, o show no Porão do Rock, o show do Studio SP antes do Campari Rock – no qual o Danny, batera do Supergrass, dançou o show inteiro. Nesse show só tinha jornalistas e o Danny...
[[DESORIENTAÇÃO]] O que anda armando em suas aventuras solo?
Mini – Tenho músicas pra um show inteiro e vontade de tocá-las ao vivo, mas não sei ainda em que formato e nem quando. Nenhum plano definitivo, apenas continuo fazendo músicas em casa no violão que sabe-se lá quando vão ver um palco. Ano passado eu gravei cinco delas com o Julio Mairena em São Paulo e ficaram ótimas, mas não sei como tocá-las ao vivo. Tentei tocá-las, eu ele e um laptop, mas não tenho muito a manha...
[[DESORIENTAÇÃO]] Você tem um programa de rádio em que fala de novas bandas independentes brasileiras. O que destaca de legal?
Mini – Eu parei com o programa em abril do ano passado por falta de tempo. E como também viajamos menos em 2007, estou menos ligado e estou meio aéreo. Prefiro não dar fora.
[[DESORIENTAÇÃO]] A qual tradição do rock a Walverdes gostaria de se ver incluída?
Mini – À tradição das bandas que continuam tocando.
[[DESORIENTAÇÃO]] Um epitáfio pra banda:
Mini – "Vim, vi e venci" – apesar de estarem nos devendo aquele cachê ainda.
Três em três:
FUZZ SONGS
“Golden Gaze” (Ian Brown)
“I wanna be your dog”(Stooges)
“Rollin 'n' Scrachin” (Daft Punk)
ETERNAMENTE JUVENIS
Nevermind (Nirvana)
Revolver (Beatles)
Golden Greats (Ian Brown)

REALMENTE FODA
Pastoral Americana (Phillip Roth)
Na Natureza Selvagem (John Krakauer)
O Mito da Liberdade (Chogyan Trungpa)
ROTEIROS CINEMATOGRÁFICOS
Os Bons Companheiros (Martin Scorcese e Nicholas Pillegi)
Os Trapaceiros (Woody Allen)
2001 – Uma Odisséia no Espaço (Stanley Kubrick)
ROTEIROS DE VIAGEM
Barcelona, Florianópolis e Porto Alegre
MUSAS
Chagdud Khadro, uma grande mestra budista
Lucia e Stella, minha mulher e minha enteada, que me abriram os olhos pra vida
CARAS QUE SÃO "OS CARAS"
Gandhi, Dalai Lama e Dzongsar Khyentse Rinpoche
COISAS QUE FARIA SE O MUNDO ACABASSE HOJE
Ficaria com minha mulher e minha enteada, ligaria pros meus pais pra dar tchau e meditaria um pouco

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