"O Nelson foi dar um show em Londrina, em 1975, e me levou junto para abrir. Os músicos que acompanhariam eram todos locais Antecipadamente, a assessoria do Nelson entrou em contato e passou o nome e o tom das músicas que cantaríamos.
Era um clube chique da cidade.
Nelson ficou numa sala improvisada de camarim, enquanto eu, na flor da juventude, circulava pelo clube. Chegou a hora de eu cantar e nada dos músicos. Na vez do Nelson, nadinha - o clube lotado esperando. E só LP na vitrola...
Começou um ameaço de tumulto eu fui até o camarim. Falei: 'Nelson, o caso tá sério!'. Entrou o presidente do clube pedindo pra cancelar. Mas o Metralha retrucou: 'Nada disso: não posso ficar aqui. Tenho outros compromissos'. E me perguntou: 'Não tem músico nenhum aí?'. Falei: "Só veio o pandeirista...".
Nelson Gonçalves foi pro palco, chamou o pandeirista e começou a cantar. O pandeirista acompanhando - o público gritava seu nome em delírio. Daí finalmente chegaram os músicos. Com elegância, então, Nelson completou o show cantando por mais 30 minutos, apesar dos protestos do Adelino Moreira, seu empresário na época.
Nelson Gonçalves era assim: se alguem 'batesse colher' sem desafinar ele cantava. Não precisava de mais nada elém dele e de sua voz".
Era um clube chique da cidade.
Nelson ficou numa sala improvisada de camarim, enquanto eu, na flor da juventude, circulava pelo clube. Chegou a hora de eu cantar e nada dos músicos. Na vez do Nelson, nadinha - o clube lotado esperando. E só LP na vitrola...
Começou um ameaço de tumulto eu fui até o camarim. Falei: 'Nelson, o caso tá sério!'. Entrou o presidente do clube pedindo pra cancelar. Mas o Metralha retrucou: 'Nada disso: não posso ficar aqui. Tenho outros compromissos'. E me perguntou: 'Não tem músico nenhum aí?'. Falei: "Só veio o pandeirista...".
Nelson Gonçalves foi pro palco, chamou o pandeirista e começou a cantar. O pandeirista acompanhando - o público gritava seu nome em delírio. Daí finalmente chegaram os músicos. Com elegância, então, Nelson completou o show cantando por mais 30 minutos, apesar dos protestos do Adelino Moreira, seu empresário na época.
Nelson Gonçalves era assim: se alguem 'batesse colher' sem desafinar ele cantava. Não precisava de mais nada elém dele e de sua voz".
*Contado pelo veterano Paulo Rodrigues, pupilo de Gonçalves que, atualmente, canta na casa Bar do Nelson, em São Paulo. A história é plausível. Em outra ocasião, o Metralha foi apresentar-se em Natal (RN), em 1977.
Porém, chegando ao local do show, o Palácio dos Esportes informaram-lhe que os músicos locais que lhe acompanhariam não iriam comparecer, motivados por um boicote ao prefeito da cidade - não a ele.
Até hoje, ninguém soube ao certo o motivo do tal boicote. A única certeza é que Nelson Gonçalves resolveu que se apresentaria ainda assim. E cantou.
Eis dois irrefutáveis registros da hombridade do Metralha. Um verdadeiro bootleg de Nelson Gonçalves. Entre uma canção e outra, o cantor bate-um papo com a platéia.
Em "Carlos Gardel", ele ensina sua "receitinha de amor":
"Essa é pra matar saudades do tempo em que o amor era mais amor. Era mais dado, mais ciumento, mais honesto. Do tempo em que o amor era mais macho. 'Você é minha! Porque foi ficar com outro sem-vergonha?' Tapa na cara: 'Pá!'".