POR ANTÔNIO CARLOS BACCHIERI DUARTE
Fui até Montevidéo de ônibus, e de Montevidéo para Buenos Aires de navio (o M/V Trinta e Tres Orientales), que levava uma noite toda para atravessar o Rio do Prata. Foram comigo alguns amigos de Pelotas (que estão em algumas fotos).
Chegando em Buenos Aires fui direto para a sede do Automóvel Club Argentino que era o orgão que organizava o GP. Quando me apresentei na sala de imprensa fui informado que eu seria submetido a uma entrevista com uma comissão de credenciamento para ver se teria ou não a autorização. Isso já era na sexta-feira. Sábado seriam os treinos livres.
Aguardei quase uma hora para ser atendido, lembro que estava calmo e com postura de profissional. Não poderia de forma alguma mostrar meu material de trabalho pois era rídiculo perto dos demais fotógrafos. Uma Pentax sem acessório algum.
Fui recebido pela comissão e me fizeram várias perguntas. A principal era por que eu estava chegando tão depois dos outros e por que meu nome não constava da primeira lista de credenciados. Lembro que respondi que tinha sido enviado para uma reportagem especial de bastidores do GP.
Colou! E me deram uma braçadeira de fotógrafo com uma foto 3 x 4, literalmente grampeada à braçadeira e carimbada pela organização.
Lá me fui para o autódromo na manhã de sábado, com uma bolsa de plástico com a máquina dentro e algumas caixas com filmes (existe uma foto que aparece eu e a bolsa. Eu estou sentado no carro do Wilsinho). Senti vergonha na hora de ingressar nos boxes, pois tinha que abrir a tal de bolsa. A cara dos seguranças pra mim era digna de uma foto!
Lá dentro a história foi outra, a circulação era realmente livre (a braçadeira dizia "libre circulacion"). Andei por tudo, até almoçar no restaurante dos pilotos eu tive oportunidade.
Em 1973, lembro inclusive que estava almoçando com o jornalista Clayton Rocha, amigo da Rádio Universidade de Pelotas, neste restaurante no meio do autódromo, quando avistamos aqueles uruguaios que cairam de avião nos Andes e tiveram que comer o cadáver dos amigos para sobreviver (1).
O Clayton (bom jornalista como sempre) pulou na mesa dos caras e fez na hora uma entrevista fantástica com um gravador National daqueles que tem que apertar dois botões para gravar. Foi um sucesso.
Uma fato que não esqueço nunca foi a fila de mulheres lindas que esperavam um beijinho do piloto francês François Cevert (Tyrrell-Ford). O cara ficava sentado nos boxes e alguns mecânicos organizavam a fila de meninas para um simples beijinho. Ele tratava todas educadamente, dava um autógrafo, um beijo e isso durava muito tempo. Atualmente na F1 imagino que nem chegam perto de um piloto famoso.
Recebíamos o resultado do treino de 10 em 10 minutos. Haviam máquinas de xerox nos boxes e alguém vinha com o original e tirava cópia para todos os jornalistas. Não havia computador nessa época. Era uma lista com o tempo de cada um e o grid provisório. Imagina como era disputado este tal de papel, principalmente no final do treino.
Lembro do suíço Clay Regazzoni (Ferrari) e sua forma de dirigir. Era sobrando nas curvas, movimentos bruscos parecia que estava voando, mas o tempo dele depois não era o melhor...
Eu lembro que, como não tinha lentes especiais, pensei em tirar as fotos mais de perto e procurando o detalhe.
Estas coberturas foram fantásticas. Um passe obtido através de amigos jornalistas em Porto Alegre, com o simples objetivo de acompanhar de perto o trabalho de pilotos e equipes, para um simples arquivo pessoal.
*No centro da foto, o fotógrafo Antônio Carlos Bacchieri Duarte. Gremista há 54 anos, é fanático por esportes. As corridas de F1 em Buenos Aires (1972/73/74) foram o pontapé inicial de uma série de eventos dos quais foi testemunha ocular.
Acompanhou a seleção brasileira de futebol nas Copas de 1986, 1990, 1994 e 1998.
A conquista da América pelo Grêmio em 1983, e a batalha contra o Ajax, em Tóquio, em 1995. Diversos confrontos do tênis brasileiro pela Copa Davis, de Thomaz Koch a Gustavo Kuerten. Além da primeira conquista de Ayrton Senna, em Interlagos, 1991.
(1) Nota extraída do site UOL: "No episódio que ficou conhecido como 'Milagre dos Andes', um avião da Força Aérea uruguaia com 45 pessoas a bordo caiu nas montanhas nevadas do Chile em 13 de outubro de 1972. Duas pessoas morreram na hora e mais oito pessoas nos dias seguintes. Os demais sobreviventes vagaram pelos Andes durante dois meses, tendo que comer a carne das vítimas para matar a fome".
Chegando em Buenos Aires fui direto para a sede do Automóvel Club Argentino que era o orgão que organizava o GP. Quando me apresentei na sala de imprensa fui informado que eu seria submetido a uma entrevista com uma comissão de credenciamento para ver se teria ou não a autorização. Isso já era na sexta-feira. Sábado seriam os treinos livres.
Aguardei quase uma hora para ser atendido, lembro que estava calmo e com postura de profissional. Não poderia de forma alguma mostrar meu material de trabalho pois era rídiculo perto dos demais fotógrafos. Uma Pentax sem acessório algum.
Fui recebido pela comissão e me fizeram várias perguntas. A principal era por que eu estava chegando tão depois dos outros e por que meu nome não constava da primeira lista de credenciados. Lembro que respondi que tinha sido enviado para uma reportagem especial de bastidores do GP.
Colou! E me deram uma braçadeira de fotógrafo com uma foto 3 x 4, literalmente grampeada à braçadeira e carimbada pela organização.
Lá me fui para o autódromo na manhã de sábado, com uma bolsa de plástico com a máquina dentro e algumas caixas com filmes (existe uma foto que aparece eu e a bolsa. Eu estou sentado no carro do Wilsinho). Senti vergonha na hora de ingressar nos boxes, pois tinha que abrir a tal de bolsa. A cara dos seguranças pra mim era digna de uma foto!
Lá dentro a história foi outra, a circulação era realmente livre (a braçadeira dizia "libre circulacion"). Andei por tudo, até almoçar no restaurante dos pilotos eu tive oportunidade.
Em 1973, lembro inclusive que estava almoçando com o jornalista Clayton Rocha, amigo da Rádio Universidade de Pelotas, neste restaurante no meio do autódromo, quando avistamos aqueles uruguaios que cairam de avião nos Andes e tiveram que comer o cadáver dos amigos para sobreviver (1).
O Clayton (bom jornalista como sempre) pulou na mesa dos caras e fez na hora uma entrevista fantástica com um gravador National daqueles que tem que apertar dois botões para gravar. Foi um sucesso.
Uma fato que não esqueço nunca foi a fila de mulheres lindas que esperavam um beijinho do piloto francês François Cevert (Tyrrell-Ford). O cara ficava sentado nos boxes e alguns mecânicos organizavam a fila de meninas para um simples beijinho. Ele tratava todas educadamente, dava um autógrafo, um beijo e isso durava muito tempo. Atualmente na F1 imagino que nem chegam perto de um piloto famoso.
Recebíamos o resultado do treino de 10 em 10 minutos. Haviam máquinas de xerox nos boxes e alguém vinha com o original e tirava cópia para todos os jornalistas. Não havia computador nessa época. Era uma lista com o tempo de cada um e o grid provisório. Imagina como era disputado este tal de papel, principalmente no final do treino.
Lembro do suíço Clay Regazzoni (Ferrari) e sua forma de dirigir. Era sobrando nas curvas, movimentos bruscos parecia que estava voando, mas o tempo dele depois não era o melhor...
Eu lembro que, como não tinha lentes especiais, pensei em tirar as fotos mais de perto e procurando o detalhe.
Estas coberturas foram fantásticas. Um passe obtido através de amigos jornalistas em Porto Alegre, com o simples objetivo de acompanhar de perto o trabalho de pilotos e equipes, para um simples arquivo pessoal.
*No centro da foto, o fotógrafo Antônio Carlos Bacchieri Duarte. Gremista há 54 anos, é fanático por esportes. As corridas de F1 em Buenos Aires (1972/73/74) foram o pontapé inicial de uma série de eventos dos quais foi testemunha ocular.
Acompanhou a seleção brasileira de futebol nas Copas de 1986, 1990, 1994 e 1998.
A conquista da América pelo Grêmio em 1983, e a batalha contra o Ajax, em Tóquio, em 1995. Diversos confrontos do tênis brasileiro pela Copa Davis, de Thomaz Koch a Gustavo Kuerten. Além da primeira conquista de Ayrton Senna, em Interlagos, 1991.
(1) Nota extraída do site UOL: "No episódio que ficou conhecido como 'Milagre dos Andes', um avião da Força Aérea uruguaia com 45 pessoas a bordo caiu nas montanhas nevadas do Chile em 13 de outubro de 1972. Duas pessoas morreram na hora e mais oito pessoas nos dias seguintes. Os demais sobreviventes vagaram pelos Andes durante dois meses, tendo que comer a carne das vítimas para matar a fome".